BELO HORIZONTE - Um dos mais belos espaços culturais do Brasil, instalado na Praça da Liberdade, ocupando o antigo prédio da Secretaria de Estado da Fazenda, em Belo Horizonte (MG), o Memorial Minas Gerais Vale (MMGV) tem cumprido seu papel de ‘museu de experiência’ e investido em programas educativos para atrair a comunidade e estimular a reflexão crítica.
O espaço, patrocinado pelo Instituto Cultural Vale via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, tem aproximado, por exemplo, estudantes de várias regiões do estado, os quais correspondem a cerca de 30% do público que vai em busca daquele equipamento cultural para visitas mediadas.
São 31 ambientes, entre salas expositivas e espaços de convivência, distribuídos em três pisos, onde ocorrem as exposições de longa duração, mostras temporárias de arte e atividades culturais e educacionais da programação regular. Basta entrar para logo avistar grupos de estudantes participando inclusive de dinâmicas de grupo, o que torna a experiência ainda mais agradável e marcante.
Segundo o coordenador do Memorial, Wagner Tameirão, a programação temporária é super intensa, pois o propósito não é somente destacar o DNA do Estado de Minas Gerais, a questão da cultura popular mineira, mas, também, correlacionar com a memória contemporânea. “Isso é feito, por exemplo, por meio de programas com a periferia para formação de público, programas de artes visuais, convocatórias de programação, editais, eventos os mais diversos, projetos itinerantes, entre outros atrativos”, frisa.
O Memorial trabalha muito bem com as tecnologias e desperta a curiosidade dos visitantes devido aos seus ambientes sensoriais. As exposições combinam cenários, luzes, sons, vídeos, imagens, algumas obras e objetos de época para recontar a Minas Gerais dos séculos XVIII ao XXI. Nas salas, o visitante interage com os elementos formadores da cultura mineira em um ambiente próprio à experiência e ao aprendizado pessoal.
As atividades gratuitas abrem espaço para as diferentes expressões artístico-culturais, novos artistas e vozes periféricas. São espetáculos infantis, exposições de arte, saraus, oficinas e palestras, festivais e shows que, não raramente, extrapolam os muros e ganham o entorno do espaço.
Aliás, o prédio, por si só, já é uma obra de arte. Ele foi inaugurado em 1897 e seu conjunto é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. O pátio central recebeu nova iluminação e jardim. Não há como não se encantar com a exuberante escadaria de ferro, que pode ser vista da rua, e as linhas arquitetônicas de inspiração francesa.
Outros centros culturais
Museus e centros culturais de todo o Brasil recebem incentivo do Instituto Cultural Vale, por meio de patrocínios a exposições e, também, investimento na troca de saberes em estruturas de governança, programas educativos e intercâmbios culturais. Em Minas, destaca-se, ainda, o Museu Boulieu, o Museu de Mariana e o Museu do Oratório, entre outros espaços culturais patrocinados pelo Instituto.
O Museu Boulieu, em Ouro Preto (MG), atrai visitantes de todo o mundo. É o lar da coleção doada pelo casal Maria Helena e Jacques Boulieu e conta com uma junção de peças provenientes de diversas regiões do mundo, onde se destaca a influência da cultura ibérica levada pelos navegadores e conquistadores portugueses e espanhóis.
São mais de 70 mil visitantes presenciais e mais de 2 milhões de pessoas online, o que o tornou um ponto de referência cultural naquela cidade mineira. Logo na entrada, o visitante assiste a um vídeo com as imagens do casal contemplando sua própria coleção. O espaço oferece uma visão abrangente do Barroco e seus desdobramentos como estilo artístico e fenômeno social, explorando suas influências nos quatro cantos do planeta e trazendo para a arte barroca uma síntese de sua expressão global.
De acordo com a coordenadora pedagógica do Museu Boulieu, que também coordena o Museu de Mariana, Natália Santos, o Instituto Cultural Vale desempenha um papel muito importante nesse processo de valorização da cultura brasileira e essa iniciativa começa muito antes da própria abertura desses espaços.
"Aqui em Minas, nós temos vários edifícios que demandam atenção no que diz respeito à restauração e preservação. Logo, o primeiro olhar atento é justamente nesse sentido, ou seja, de ver que esses espaços precisam de revitalização. Um segundo momento é fazer a perpetuação desse contato da comunidade com os espaços”, destaca Natália Santos.
Devoção religiosa no Museu do Oratório
O Museu do Oratório, situado no Adro da Igreja do Carmo, em um casarão setecentista de três andares, também em Ouro Preto (MG), chama a atenção principalmente pela grandiosidade de seu acervo. Ele guarda 162 oratórios e 300 imagens que retratam a forma como os brasileiros expressavam a devoção religiosa de maneira privada, em casa ou em viagens. A colecionadora Angela Gutierrez montou o acervo ao longo de anos, reunindo peças que se caracterizam pela diversidade de tipos, tamanhos e materiais.
Os oratórios mostram a vida cotidiana brasileira e especialmente mineira dos séculos XVII ao XX. As peças contam a história de Minas Gerais e do Brasil, demonstrando usos, costumes e tradições, evocando hábitos e características do Ciclo do Ouro e dos Diamantes; narrando o processo de contribuições afro-luso-ameríndias que se fundem na formação cultural brasileira.
Museu de Mariana
Já o Museu de Mariana, inaugurado em setembro de 2023, tem o próprio município como tema central da sua exposição de longa duração. O visitante é convidado a interpretar o passado e pensar o presente tendo como referência a própria cidade. Seu programa educativo oferece visitas mediadas e oficinas, alcançando crianças e adolescentes.
A edificação é o principal item do acervo do museu, e ela não se restringe aos seus ambientes internos expositivos: o complexo conta também com um café e um jardim a céu aberto, todos acessíveis.
O edifício, que passou por uma restauração para acolher o memorial, é uma atração única com seu pátio central, que recebeu nova iluminação e jardim, a escadaria de ferro, que pode ser vista da rua, e as linhas arquitetônicas de inspiração francesa.
Com entrada gratuita, o museu funciona nas terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30, com permanência até as 18h, nas quintas, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h, e aos domingos, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h.
Os jornalistas também visitaram o Museu do Oratório e o Museu Boulieu, em Ouro Preto, este último ocupando as instalações do antigo Asilo São Vicente de Paulo. Além disso, o passeio incluiu o Museu de Mariana, que tem o próprio município como tema central da sua exposição de longa duração, e o Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto da América Latina.
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