SÃO LUÍS - O avanço do sedentarismo e saúde óssea tornou-se uma combinação preocupante no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que cerca de metade dos adultos não atinge o mínimo de atividade física recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O impacto dessa inatividade vai além do ganho de peso e das doenças cardiovasculares: ela compromete diretamente os ossos, acelerando a perda de densidade e aumentando o risco de fraturas e osteoporose, inclusive em pessoas jovens.
Segundo a OMS, o ideal é manter de 150 a 300 minutos semanais de atividade moderada ou de 75 a 150 minutos de atividade vigorosa. Abaixo desse patamar, os prejuízos ao organismo são significativos — especialmente para a estrutura óssea.
Como o sedentarismo afeta os ossos
Ao contrário do que muitos imaginam, os ossos são estruturas vivas e dinâmicas, que passam por um processo contínuo de renovação. Esse equilíbrio entre formação e reabsorção pode ser rompido por fatores hormonais, metabólicos e, principalmente, comportamentais — como o sedentarismo e saúde óssea em declínio.
A endocrinologista Marise Lazaretti explica que esse processo é controlado por células chamadas osteócitos.
“Essas células captam o estímulo mecânico do movimento e enviam mensagens para que as células que remodelam o osso trabalhem corretamente. Quanto maior a carga, mais forte o osso fica. No sedentarismo, ocorre o efeito contrário, com intensa reabsorção óssea”, afirma.
Além disso, segundo a médica, duas substâncias regulam esse equilíbrio:
- Rankl: estimula a reabsorção do osso
- Osteoprotegerina: freia essa reabsorção
Quando falta estímulo mecânico, os osteócitos passam a produzir esclerostina, uma substância que inibe fortemente a formação óssea, agravando a perda de massa.
Sedentarismo agrava osteopenia e osteoporose
O quadro de sedentarismo e saúde óssea frágil se agrava quando associado a outros fatores de risco, como:
- Dieta pobre em cálcio e proteínas
- Baixa exposição solar (deficiência de vitamina D)
- Uso prolongado de corticoides
- Excesso de hormônios da tireoide
A médica Marise Castro alerta que a imobilidade pode gerar consequências graves ainda na juventude:
“A falta de atividade física impede que o jovem atinja o pico de massa óssea, que ocorre entre os 20 e 30 anos. Esse é o capital ósseo para o resto da vida.”
Impactos nas articulações e risco de fraturas
O cirurgião ortopedista César Janovsky ressalta que o sedentarismo e saúde óssea também afetam diretamente as articulações.
De acordo com o especialista:
- Os ossos passam a reabsorver mais cálcio do que produzem
- As articulações perdem mobilidade
- A cartilagem fica mais fina
- O líquido sinovial circula menos, favorecendo rigidez e dor
Entre as lesões mais frequentes em pessoas sedentárias, estão:
- Fraturas de punho
- Fraturas de quadril
- Fraturas de vértebras
- Dores articulares crônicas
- Tendinites
A perda de força, equilíbrio e coordenação também aumenta significativamente o risco de quedas.
Exercícios são a principal proteção para os ossos
A boa notícia é que o estímulo mecânico pode ser recuperado mesmo após longos períodos de inatividade. Segundo o médico do esporte e ortopedista Lindbergh Barbosa de Souza Mendes, os exercícios mais eficazes para o fortalecimento ósseo são os que envolvem impacto e carga.
Atividades mais indicadas:
- Musculação
- Corrida
- Saltos
- Esportes com mudanças rápidas de direção
Para quem pretende abandonar o sedentarismo, o alerta é claro:
“Antes de iniciar qualquer treino, é essencial uma avaliação médica. A regularidade é mais importante que a intensidade. Quando o exercício é prazeroso e bem conduzido, os benefícios aparecem rapidamente”, enfatiza Lindbergh.
Movimento é fundamental para a saúde óssea ao longo da vida
O combate ao sedentarismo e saúde óssea frágil deve ser encarado como prioridade em todas as faixas etárias. A prática regular de atividade física não apenas fortalece os ossos, como também melhora a qualidade de vida, reduz o risco de fraturas, preserva as articulações e promove envelhecimento mais saudável.
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