Especial Sampaio 100 anos

Time do "povão", hidroavião, as cores e o nascimento do "Tubarão"

Sampaio Corrêa completa 100 anos de fundação neste sábado (25).

Eduardo Lindoso / Imirante Esporte

Atualizada em 24/03/2023 às 15h54
Hidroavião Sampaio Corrêa II em São Luís, na Praia do Caju ( Foto - Hugo Enes / Minha Velha São Luís)
Hidroavião Sampaio Corrêa II em São Luís, na Praia do Caju ( Foto - Hugo Enes / Minha Velha São Luís)

SÃO LUÍS – O dia 25 de março deste ano de 2023 marca uma data bastante especial para a torcida do Sampaio Corrêa, os 100 do clube que mais conquistou títulos na história do futebol maranhense. Fundado no dia 25 de março do ano de 1923, em São Luís, a Bolívia Querida, que não atravessa um bom momento na atual temporada, após eliminações dolorosas, tem uma história gloriosa, sendo o único time do Brasil a conquistar três divisões do Campeonato Brasileiro, o único maranhense com títulos nacionais e o maior campeão estadual, com 36 taças. Fundado por pescadores, carvoeiros e engraxates, o clube tricolor nasceu como um time do “povão”. O Imirante Esporte conta um pouco dessa história em três reportagens do “Especial Sampaio 100 anos”. 

Formado por um grupo de amigos “peladeiros”, que criaram a Associação Sampaio Corrêa Futebol Clube, que tinha sua sede na residência de Inácio Coxo, localizada em uma das ruas do Bairro do Lira, que dão acesso à Rua do Passeio (Bairro São Pantaleão), no centro de São Luís, o Sampaio Corrêa entrou para a história do futebol maranhense como um time do “povão” da cidade. 

“O futebol era um esporte elitista. O Moto Club e o Maranhão nasceram no berço da sociedade maranhense. O Moto foi formado por filho de industriais, o Maranhão foi fundado por pessoas de famílias tradicionais de São Luís. O Sampaio Corrêa foi o primeiro clube que se profissionalizou a nasceu no seio do povão mesmo. Formado por pescadores, carvoeiros, desocupados, enfim, pessoas que trabalhavam ali pelo Lira, pela Madre Deus, pelo bairro de São Pantaleão”, comentou o historiado Hugo Saraiva, autor do livro ‘Sampaio Corrêa: uma paixão dos maranhenses’.

A origem do nome do clube vem de um Hidroavião, que se chamava Sampaio Corrêa II e desceu em São Luís, na Praia do Caju, onde hoje fica a Avenida Beira Mar. Esse evento ocorreu dia 12 de dezembro de 1922. Os pilotos desse Hidroavião eram o brasileiro Pinto Martins e o americano Walter Hinpton, que estavam fazendo a primeira viagem aérea entre as Américas, levantando voo dos Estados Unidos para o Brasil.

“A passagem desse hidroavião em São Luís foi um feito, pois foi um fato inédito no Brasil e em São Luís. Foi uma viagem dos Estados Unidos para o Brasil, em comemoração ao centenário da independência do Brasil. Inclusive, essa viagem foi bem ousada, pois eles tiveram mais problemas do que glórias. Teve o primeiro avião que afundou, eles paravam por meses em alguns países para reparar repor as peças. Então, além do ineditismo, foi um ato heroico fazer uma viagem dessa”, detalhou Saraiva.

As cores e o uniforme

Uniformes antigos do Sampaio Corrêa em exposição ( Foto - Ronald Felipe / Sampaio Corrêa)
Uniformes antigos do Sampaio Corrêa em exposição ( Foto - Ronald Felipe / Sampaio Corrêa)

As tradicionais cores do uniforme Sampaio Corrêa, segundos os historiadores, foram inspiradas nos uniformes dos pilotos que conduziram o hidroavião Sampaio Corrêa II dos EUA para o Brasil. O americano Walter Hinpton usava um macacão vermelho e branco, referência às cores da bandeira americana, e o brasileiro, Pinto Martins, usava camisa verde e amarela. Assim, com essas inspirações, o uniforme do Sampaio Corrêa foi desenhado com as cores verde, amarelo, vermelho e branco.

“O Pinto Martins, que é cearense, inclusive, dá nome ao aeroporto de Fortaleza. Outro fato curioso sobre as cores é a bandeira da Bolívia. Muita gente se pergunta mas porque a bandeira da Bolívia? Por que Bolívia Querida? Existem muitas versões sobre esse assunto, mas a mais utilizada mesmo é por causa das cores. Porém, existem outro países com essas cores, tipo Gana. Outra versão é que naquele ano [1923] a Seleção Brasileira jogaria a Copa América e o time que era a sensação da competição era justamente a Bolívia. E aqui em São Luís só se falava em Copa América naquele ano”, explicou Hugo Saraiva.

Se as cores da camisa do Sampaio foram inspiradas nos uniformes dos pilotos, o modelo surgiu com inspiração na camisa do Fluminense, do Rio de Janeiro. Segundo informações do site do Sampaio, a camisa do time foi desenhada e estilizada por Gervásio Sapateiro. Os calções eram de cor cáqui e meiões cinza, baseados nos macacões e polainas dos pilotos.

Hugo Saraiva, historiador autor de livro sobre o Sampaio Corrêa ( Foto - Reprodução / TV Mirante)
Hugo Saraiva, historiador autor de livro sobre o Sampaio Corrêa ( Foto - Reprodução / TV Mirante)

O mascote Tubarão

Um dos símbolos que mais desperta o afeto dos torcedores bolivianos é o Tubarão, mascote do clube, presente em quase todos os jogos da equipe. Historiadores afirmam que o Tubarão surgiu em 1950, quando o Sampaio fez dois amistosos contra o Ceará. Um jornal de São Luís da época usou uma charge de um jangadeiro, personagem tradicional personagem do litoral cearense, para representar o Ceará, e um Tubarão, ameaçando o jangadeiro, para representar o Sampaio.

“Nessa época esses clubes excursionavam por vários estados do Nordeste e o Ceará passou por aqui por São Luís. E um jornal chamado Pacotilha o Globo, que não existe mais, ilustrou essa charge, que era um recurso novo para época, para falar sobre a partida”, detalhou Saraiva.

Anos depois, na década de 1980, com o filme Tubarão fazendo sucesso nos cinemas, e o Sampaio vivendo uma grande fase em campo, com um pentacampeonato estadual, o apelido dos anos 1950 foi resgatado pela torcida e imprensa.

1ª diretoria do Sampaio Corrêa 

Presidente: Abrahão Andrade
Vice Presidente: Luis Vasconcelos
Primeiro Secretário: João Almeida
Segundo Secretário: Plasco Moraes Rego
Tesoureiro: Valdemar Zacaria de Almeida
Diretor de Esportes: Almir Vasconcelos
Auxiliar da Diretoria: Manoel Brasil
 


 


 

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