RIO - Londres será uma ponte para o Brasil, e só um atleta sem pressa e com projeto a longo prazo para pensar assim. Longo como uma maratona, modalidade das mais desgastantes nos Jogos Olímpicos, e longo como foi o caminho para aprender a pensar assim. O fundista Franck Caldeira quer fazer bonito este ano, mas projeta pódio mesmo para 2016, correndo em casa. Um dos três maratonistas brasileiros com passaporte carimbado para a Olimpíada, ele resume em duas palavras sua nova fase e as explicações para os erros do passado.
- Amadureci mais.
O abandono, no meio da prova, na Olimpíada de Pequim é um dos episódios que o agora amadurecido Franck lamenta. Assim como sua ausência no Pan-Americano de Guadalajara em 2011, na véspera de ano olímpico. Episódios que ainda refletiam, ainda que de forma involuntária, a precocidade com que despontou para as corridas de longa distância, onde o auge do atleta é na faixa dos 30 anos.
-Em Pequim eu fui muito sem compromisso, sem objetivo. Foi um dos pontos que me fez abandonar a prova – lembra o mineiro de Sete Lagoas, hoje com 29 anos.
Em alguns minutos de conversa com o atleta na pista de alto rendimento em Campinas, onde treina para Londres, é possível detectar até na voz o novo Franck Caldeira. O sorriso largo e brincalhão do menino de dez anos atrás, quando surpreendeu como o segundo melhor brasileiro na Meia Maratona do Rio de Janeiro, ficou mais contido.
Quando foi para Pequim, Franck já tinha no currículo o ouro no Pan-Americano do Rio em 2007, uma São Silvestre (2006), uma Maratona de São Paulo (2004) e três títulos na Volta da Pampulha (2003, 2006 e 2007), entre outras conquista. Sem contar aquelas que não vieram porque não foram tentadas. Faltava disciplina de treino, foco, orientação.
- Não posso reclamar das escolhas que fiz. Mas paguei um preço, de [não] ter resultados expressivos maiores - admite Caldeira.
Tentou até jogar futebol, mas ainda no primário descobriu que levava jeito para o atletismo.
- Ganhei tudo que disputei - brinca o fundista, de 1,73m e 50 quilos.
O treinador do ídolo
O empurrão que faltava para Franck veio do treinador do seu ídolo.
- Quem não quer treinar um atleta como o Franck?! - diz o treinador Ricardo d'Angelo, o mesmo dos tempos áureos de Vanderlei Cordeiro de Lima, hoje aposentado das provas oficiais.
- Nos últimos três ou quatro anos ele não tinha comportamento de atleta profissional – conta o treinador, que trabalha com Franck há oito meses.
E a rotina de treino foi uma das primeiras medidas adotada, além de muita conversa.
- Ele está entrando em uma nova fase, e entrando bem – garante Ricardo.
A nova fase não tem sequer espaço para o cabelo mais longo e desengonçado, que marcou o início da carreira. Agora o corte é curto e comportado.
Entre os 10 melhores
A meta para Londres é ficar entre os dez primeiros, o que significa completar a prova abaixo de 2h10min.
- Tenho de fazer a minha corrida, minha prova particular - diz Franck, ao comentar a concorrência com os sempre favoritos africanos.
Ele agora sabe que, em uma Olimpíada, é difícil correr se ficar se comparando com os outros atletas.
- Preciso fazer uma prova inteligente, que é o que a maratona exige.
O roteiro de treinamentos para a meta traçada passa pela Colômbia, onde o atleta treinará na altitude de Paipa antes de seguir para Londres, no dia 6 de agosto. A maratona fecha os jogos, no dia 12. E dessa vez Franck Caldeira se considera pronto para encará-la.
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