RIO DE JANEIRO - “Jogar futebol já é um desafio. Imagina para uma mulher cega”. As frases são de Gisele Gonçalves, jogadora do primeiro time de futebol feminino para deficientes visuais do Brasil, a Urece/América. Mas com apenas três meses de existência, a equipe já ganhou uma aliada de peso. Três vezes melhor do mundo, a jogadora de futebol Marta, do Santos, é a madrinha da empreitada.
- É um projeto muito interessante. O que mais me envolveu é que acho importante dar oportunidade para as pessoas, independentemente dos problemas. Se a pessoa sente que é capaz, por que não? Sei como é difícil vencer na vida. Para mim serve como exemplo de vida. Não só para mim e para quem gosta de futebol, mas para a vida das pessoas. Precisamos de mais exemplos assim – afirmou a jogadora da seleção brasileira.
Os preconceitos ainda são muitos, mesmo entre pessoas que trabalham com deficientes. De acordo com o técnico da equipe, Gabriel Mayr, a ideia de montar um time feminino de futebol para cegas foi apresentada a treinadores de equipes masculinas. A reação foi de risos e deboches.
Com isso, a Urece/América não é apenas o primeiro time do Brasil na modalidade, mas o único. Assim, as meninas vão disputar seus primeiros jogos apenas nas próximas semanas. Mas contra homens.
- É um dos desafios que nós meninas enfrentamos no dia-a-dia. Hoje o futebol feminino já consegue ter várias equipes para jogar, mas por ser um esporte que exige força, é complicado. Quem sabe não podemos incentivar outras meninas a jogarem também – disse Marta, que também passou por esse problema no início de carreira.
O pioneirismo já começa a render seus primeiros frutos. Com o apoio de Marta, veio também o primeiro patrocínio, da mesma empresa de gás que é parceira do time de futebol feminino do Santos. E tem também o primeiro grande desafio esportivo. A Urece/América foi uma das cinco convidadas para o primeiro Mundial da modalidade, que acontece em novembro, na Alemanha.
Aposta arriscada que deu certo
Entre as muitas histórias de superação das atletas, uma chama atenção. Gisele dos Santos deixou Batatais, no interior de São Paulo, para morar no Rio de Janeiro apenas para participar da equipe. O mais curioso é que ela sequer é fã de futebol.
- O Anderson Dias (presidente da Urece) me convidou e eu achei interessante, uma novidade. E um desafio também. Eu particularmente não gosto de futebol, nem sei a classificação dos campeonatos. Mas eu estou muito satisfeita. Pensei que não ia conseguir muita coisa no esporte, mas estou acompanhando bem o time – contou.
Valeu a pena a mudança e a aposta no novo esporte?
- Valeu a pena e vai valer mais ainda. O nosso objetivo é que outras equipes se interessem, para ter mais campeonatos. E quem sabe não chegamos nas Paraolimpíadas.
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