SANTO DOMINGO - Santo Domingo está de ressaca. A poucas horas do encerramento dos Jogos Pan-Americanos, a cidade se prepara para voltar ao caos. Trânsito parado, apagões, ameaças de greve e manifestações políticas retornarão à rotina da capital dominicana a partir da manhã de segunda-feira, quando a maior parte dos atletas e visitantes estiver aprontando as malas para voltar para casa.
Antes do Pan, o presidente Hipólito Mejía fez um acordo com a oposição e orquestrou uma trégua até o dia 20 de agosto. Quase todos os setores da sociedade acataram o pacto. Quando o prazo expirar, a expectativa é de que a tensão social volte à tona.
"Será uma guerra", afirma o jornalista Miguel Almonte, que durante o Pan fez um "bico" como taxista. "A situação não vai ser fácil porque temos problemas de combustível e de energia elétrica. Depois do Jogos vai ter greve, motim contra o governo e aumento de preços."
Algumas categorias profissionais até já marcaram greve. As enfermeiras, por exemplo, cruzam os braços no minuto seguinte ao término do acordo. Elas querem, entre outras coisas, um aumento salarial de 100%. Os professores também ameaçam parar as suas atividades se não conseguirem salários maiores.
Além disso, os cidadãos de Santo Domingo vão ter que conviver novamente com a falta de energia elétrica. A cidade, que foi poupada dos apagões durante o Pan, voltará às escuras na segunda-feira. Os jornais locais avisam até os horários em que a energia será cortada.
Uma outra preocupação é em relação à falta de trabalho. Com o desemprego em alta, muitas pessoas aproveitaram o Pan para ganhar dinheiro. "Nestes 15 dias eu consegui mais de 3 mil pesos (cerca de R$ 300). É bastante se comparado ao meu salário, que é de 5 mil pesos (aproximadamente R$ 500)", conta Almonte, que trabalha no jornal da prefeitura de Santo Domingo.
Mas os milhares de dólares que entraram na combalida economia local vão cessar assim que acabar o Pan. E a chance de melhorar a situação financeira também. "Os Jogos trouxeram um aumento bom nas vendas. Agora a situção fica pior", diz Ana de Abreu, dona de uma loja de lembrancinhas no Plaza Central, maior shopping de Santo Domingo.
Esse sentimento de resignação se apodera da cidade. E aumenta a cada minuto que passa, com a certeza de que Santo Domingo voltará ao normal na segunda-feira: com caos no trânsito, falta de luz e crise social.
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