Alívio

Jogador maranhense que fugiu da guerra na Ucrânia chega a Imperatriz

Wanderson Melo, de 27 anos, desembarcou no aeroporto de Imperatriz por volta das 16h30 desta terça-feira (1º).

Adriano Soares / Imirante Esporte

Atualizada em 26/03/2022 às 18h12
Wanderson Melo chegou em Imperatriz e foi recepcionado pela esposa, filhas e pelos pais. (Foto: Simone Oliveira / TV Mirante)
Wanderson Melo chegou em Imperatriz e foi recepcionado pela esposa, filhas e pelos pais. (Foto: Simone Oliveira / TV Mirante)

IMPERATRIZ – Chegou a Imperatriz, na tarde desta terça-feira (1º), o jogador maranhense Wanderson Melo, de 27 anos, que fugiu da Ucrânia em meio a guerra que o país vive. O atleta, que joga no clube ucraniano Chornomorets Odesa, desembarcou por volta das 16h30 no aeroporto Prefeito Renato Moreira e foi recebido pelos pais, esposa e filhas.

Após desembarcar em Imperatriz, o maranhense relatou como conseguiu deixar o país em guerra e ainda ajudar outras pessoas que estavam na mesma situação que ele.

"Foram quatro dias de viagens até chegar. E, graças a Deus, tive uma fuga bem planejada, teve amigo meu que me ajudou na Maldávia, o Frednelson. Lá, até pra 'mim' sair eu perguntei pra ele o que tinha que fazer, e ele me disse como sair da cidade e consegui ajudar duas pessoas que não sabiam o que fazer no momento", contou Wanderson.

Durante coletiva de imprensa realizada após o desembarque de Wanderson Melo em Imperatriz, o jogador contou que teve medo na Ucrânia, após presenciar um ataque.

"Na madrugada teve um ataque, eu pude ver o ataque. Teve dois aviões trocando tiros, todas as pessoas da minha equipe estavam dormindo. Tinham 14 pessoas dormindo e eu saí acordando todo mundo. O ataque foi perto do nosso centro de treinamento. Um dia antes faltou energia no centro de treinamento e todo mundo já achou estranho, aí todo mundo para um hotel no Centro da cidade", relatou o maranhense.

Wanderson Maranhão também disse que, depois de se instalar no hotel, outros ataques vieram e causaram medo, mas ele acreditava que ia sobreviver,

“Quando tinha ataque, já tinha que todo mundo ir pro túnel do hotel. E ali até os jogadores já estavam acreditando que iam morrer. Mas eu estava confiante que ia sair. Só Deus mesmo, só tenho a agradecer a Deus e as pessoas que conseguiram me tirar de lá, que fizeram tudo por mim e pelos outros brasileiros. É só o alívio agora, agora é só descansar”, relembrou.

Sobre a fuga, Wanderson Melo contou que quase não conseguia fugir do país, isso porque os taxistas estavam com medo de levar as pessoas até a fronteira, pois poderia acontecer algum problema com eles, já que os carros não estavam circulando na cidade.

“Também o medo dos taxistas, porque eles não queriam fazer a viagem para levar a gente até a fronteira. Agora estou muito feliz, não vejo a hora de chegar em casa, abraçar minhas filhas, minha esposa, meus pais e deixar eles bem felizes também”, destacou.

Ida para casa

De Imperatriz, o jogador segue para João Lisboa, que é a sua cidade natal. Em entrevista à TV Mirante, o pai de Wanderson, Antônio Gregório Melo Neto, afirmou que a família passou por momentos difíceis, após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia.

“Ele falando que 'tava' bem, mas mesmo assim a gente, como pai, se preocupa. Foram momentos muito tensos, tanto no momento em que tomamos conhecimento, bem como no momento em que ele resolveu sair da cidade em que ele estava, pela fronteira. Não sabíamos como seria esse trajeto, o que ele poderia encontrar. Mas, graças a Deus, hoje ele está chegando em casa conosco”, relatou o pai de Wanderson.

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O volante Wanderson Melo, de 27 anos, estava em Odessa quando começaram os bombardeios russos. Ele conseguiu fugir rapidamente para a cidade de Chisinau, capital da Moldávia, que faz fronteira com a Ucrânia. De lá, conseguiu chegar até Bucareste, na Romênia, onde embarcou em um voo nessa segunda-feira (28) com destino ao Brasil.

De acordo com o pai de Wanderson, durante a fuga do país, o jogador ficou apenas cerca de 1h30 sem comunicação com a família, mas foram momentos de medo e apreensão. Com a volta do jogador para casa, a família está aliviada, mas ainda triste por haver brasileiros que não conseguiram sair da Ucrânia e pelo país estar em guerra.

“Como era perto onde ela estava com a fronteira, ficamos em torno de uma hora meia, mais ou menos, sem contato. Mas esses momentos foram bem tensos. Mas, agora, é só alegria, nosso coração está mais aliviado. Mas, mesmo assim, alegre por um lado, por saber que ele está aqui, mas preocupado e triste por ainda ter brasileiros por lá, na Ucrânia, bem como as pessoas que lá residem, os ucranianos, passando por toda essa situação. Esperamos que seja resolvido o quanto antes”, afirmou Antônio Gregório.

Além de Wanderson, outros dois jogadores brasileiros, Bruno Ernandes e Kleber Juninho, que jogavam em times da Ucrânia, também conseguiram fugir do país em guerra e retornaram ao Brasil.

Esposa

Beatriz Torres, esposa de Wanderson, contou que viveu momentos de medo e desespero ao saber que o marido estava em uma das cidades ocupadas pelas tropas militares da Rússia. Ela conta que Wanderson chegou à ir para um hotel em Odessa, na noite de 23 de fevereiro, após uma queda de energia geral na cidade. Horas após o contato entre o casal, o país ucraniano foi invadido pelas tropas russas.

"Na madrugada eu acordei, peguei meu celular e vi uma mensagem de uma das minhas amigas russas de que o país havia sido invadido. Liguei para o Wanderson e ele me confirmou. É um desespero que a gente não consegue explicar, por mais que a gente tente, a gente não vai conseguir. É muita angústia, medo, apreensão. É horrível", disse.

Novas oportunidades

De volta ao Maranhão, Wanderson afirma que está em busca de novas oportunidades após ter fugido do país em guerra.

“Eu estava recém-chegado no clube (na Ucrânia), eles tinham me comprado de outro clube e a sensação era de fazer um bom trabalho, no começo de temporada, se destacar e procurar um outro clube maior, mas agora foi tudo por água abaixo. E agora é esperar para ver pra qual clube eu vou e ir em busca de novas oportunidades", afirma.

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