Sonho interrompido

Pandemia adia sonho de atleta ítalo-brasileiro de handball de areia

Pedro Federici mudou-se para Itália a fim de treinar para Mundial.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h08
No último dia 17 de dezembro Pedro partiu para a Europa com o título de bicampeão brasileiro.
No último dia 17 de dezembro Pedro partiu para a Europa com o título de bicampeão brasileiro. ( Foto: Divulgação / Rede Social)

BRASIL - Um dos principais sonhos do carioca Pedro Federici é participar de um Mundial de Handebol. Como o brasileiro também tem a cidadania italiana, a chance que ele teve nesse ano foi representar o país europeu no Torneio de Beach Handebol que aconteceria entre os dias 30 de junho e cinco de julho, em Pescara (Itália).

Para tornar realidade esse sonho ele precisava sair de Niterói, no Rio de Janeiro, e ir para Poggibonsi, pequena cidade de aproximadamente 30 mil pessoas, na região italiana da Toscana. "Jogo handebol desde os oito anos de idade. Cheguei a participar de alguns treinos na seleção brasileira. Mas nunca consegui estar em uma competição oficial. Então, fiz alguns contatos com o Vincenzo Malatino, técnico da seleção italiana de handebol de areia. Ele me falou sobre a ideia que eles tinham de investir no esporte e embarquei para lá para participar do desafio", conta.

No último dia 17 de dezembro Pedro partiu para a Europa com o título de bicampeão brasileiro. "O Malatino me falou que, se eu quisesse realmente participar da seleção, deveria ficar lá e participar dos treinos”.

E foi exatamente isso que ele fez. Participou dos jogos do time local de handebol de quadra, liderado também pelo técnico Palatino. "Fui super bem recebido. Tinha todo o apoio com moradia, deslocamento, curso de italiano. A cidade tem pouquíssimos brasileiros. Morava com outros três rapazes, dois eram jogadores do time".

Tudo corria bem até o mês de março. Com o agravamento da pandemia do novo coronavírus (covid-19), o Campeonato Mundial foi cancelado e tudo mudou. "Na primeira semana, jogamos com as quadras fechadas, mas logo depois as atividades pararam. Campeonato, o meu curso de italiano, a academia, o curso de sommelier, as possibilidades de emprego na área de turismo. Tudo desapareceu", lamenta Federici.

Mudança tão grande e brusca que deixou o brasileiro sem saber qual atitude tomar. "Demorei para decidir pela volta. Não sabia o que ia acontecer. Até quando iria a quarentena, a gravidade da situação. Mas começaram a chegar as histórias dos brasileiros de Florença. E elas não me encorajavam muito. Praticamente, todos ficaram sem os empregos, muita gente dependendo de documentação para ficar lá. Foi um caos. Principalmente para quem estava tentando começar a vida na Itália".

Aí começou outra etapa. A volta. E ela também não foi fácil. "Logo que as atividades foram suspensas na Toscana, eu fui para a casa de um amigo em Nápoles, um pouco mais ao sul. Lá a situação era um pouco mais tranquila. Ainda podíamos sair na rua, fazer alguns exercícios. Mas isso durou pouco. Dois dias depois veio o "lockdown" (fechamento total) ". Pedro ainda ficou uma semana em Nápoles. " Comprei a passagem em uma terça-feira, quando decidi voltar para o Brasil. Embarcaria na quinta-feira da outra semana. Teve um cancelamento, e antecipei em dois dias ". Assim, ele precisava voltar à Poggibonsi, distante aproximadamente 460 quilômetros de Nápoles, antes da volta definitiva ao Brasil. " Demorei nove horas de trem. Com várias paradas forçadas pela polícia. Tinha que explicar a situação. O controle era muito forte. Precisava preencher uma declaração de justificativa para estar na rua. Se ela não fosse aceita, você podia levar uma multa de aproximadamente 200 euros".

Depois de chegar em sua base na Itália, o brasileiro recebeu a notícia de outro cancelamento. " Tive que antecipar novamente o voo para domingo. Aluguei um carro e fui até Roma, em um trajeto de umas três horas. A ideia era chegar no aeroporto, devolvê-lo e embarcar no domingo". O atleta ainda conseguiu uma última antecipação do voo e, finalmente, embarcou no próprio sábado.

"Cheguei em São Paulo em um voo de 230 pessoas. Ninguém foi testado. Nem sequer orientado à nada. Passei cinco horas no aeroporto aguardando a conexão para o Rio de Janeiro. Estava de máscara. Na época, ninguém estava tendo esse cuidado por aqui. Pedi para ser realocado em um assento mais distante dos outros passageiros. Foi muito assustador", recorda.

Ao chegar de volta a Niterói, foram 15 dias de quarentena em isolamento total. Isolamento que pouco se alterou nessas últimas semanas. "Sigo aqui em casa com a minha irmã e uma amiga sem encontrar ninguém. Nem saio de caso. Peço tudo por aplicativo. Estou tentando me manter focado na minha rotina de de estudos. Em relação aos campeonatos, não temos nenhuma previsão de retorno. Tudo suspenso aqui no Brasil e no exterior", conclui.

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