Vôlei

Venturini e Moser se revoltam com corrupção e esperam "limpeza" na CBV

Indícios de corrupção na entidade na gestão de Ary Graça são apontados desde o início do ano.

Gazeta Esportiva

Atualizada em 27/03/2022 às 11h47
(Foto: Reprodução / Internet)

OSASCO - As recentes denúncias de corrupção na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) causaram protestos de jogadores. Mas também revoltaram ex-atletas, como Fernanda Venturini e Ana Moser, que conquistaram juntas a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996.

Indícios de corrupção na entidade na gestão de Ary Graça são apontados desde o início do ano, mas recentemente a Controladoria-Geral da União (CGU) atestou irregularidades em uso de dinheiro público na entidade. O fato levou o Banco do Brasil, patrocinador da CBV desde 1991, a suspender o repasse financeiro.

“A gente achava que o esporte ainda estava fora disso. Sei que não é uma maravilha, é só ver como as federações estão aí, mas pelo menos não era essa coisa tão descarada”, disse Fernanda Venturini. “A gente se privava de muita coisa. Na Seleção às vezes fazíamos viagens que davam a volta ao mundo porque outra passagem era muito cara. E enquanto isso o homem roubando dinheiro? É revoltante”, completou.

A ex-levantadora é mulher de Bernardinho, técnico da Seleção Brasileira masculina da modalidade. O treinador é um dos críticos mais veementes dos casos de corrupção na CBV e cobra a punição dos envolvidos. “Por mim, quem fez isso já estaria na cadeia. Mas meu marido é muito polido, educado. Então as coisas vão um pouco mais devagar”, afirmou Venturini.

Presidente da CBV no período auditado pela CGU, Ary Graça se tornou mandatário da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). A entidade recentemente suspendeu Bernardinho por dez jogos e o multou em US$ 2 mil por faltar a duas coletivas de imprensa durante o Campeonato Mundial e por se envolver em uma discussão com atletas e comissão técnica da Polônia na competição.

Em protestos, a atual gestão da CBV desistiu de organizar a fase final da Liga Mundial da próxima temporada, que seria realizadas no País em julho de 2015.

O relatório da CGU, divulgado no início de dezembro, apontou irregularidades em 13 contratos que somam R$ 30 milhões em pagamentos feitos entre 2010 e 2013. Segundo o órgão parte da premiação oferecida pelo Banco do Brasil aos atletas e comissão técnica por rendimento não era repassada.

No mesmo período, a CGU constatou que houve aumento de despesas operacionais e administrativas da CBV em índices superiores ao da inflação, além de contratação de empresas de dirigentes e ex-dirigentes e seus parentes. Os fatos fizeram o Banco do Brasil suspender o patrocínio à entidade esportiva até que as medidas recomendadas pelo órgão federal sejam tomadas.

“Desde a minha época de jogadora se ouve falar de coisas aqui e ali, e não é novidade para ninguém que essas questões aconteçam no esporte. Existem esses vícios de gestão. O ponto positivo é isso vir à tona e ser encarado de frente e de maneira articulada, tanto pelo governo, quanto pelo patrocinador”, explicou Ana Moser.

A ex-ponteira é presidente do Atletas pelo Brasil, grupo idealizado para promover a melhora da gestão esportiva e, assim, gerar avanços sociais no País. A organização faz parte da articulação para a criação do Pacto Setorial do Esporte, acordo entre empresas que patrocinam o esporte para definir regras para o investimento privado nas entidades.

“Isso é uma coisa que é preciso comemorar, essas questões aparecerem e gerarem mudanças. Com esse tipo de coisa, é melhor do que não aparecer”, concluiu a presidente do Atletas pelo Brasil.

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