PH: Roseana Sarney no Sírio-Libanês
E mais: Os 86 anos de Margarida Teixeira
‘Não tenho medo da morte’:
diz Roseana Sarney, que enfrenta um câncer de mama agressivo aos 72 anos, em entrevista concedida a Adriana Dias Lopes para o jornal O Globo – São Paulo.
A deputada federal e ex-governadora do Maranhão detalha o tratamento de ponta que está fazendo em São Paulo e como tem encarado a doença.
Roseana Sarney foi a primeira mulher eleita governadora de um Estado brasileiro. Filha do ex-presidente José Sarney, hoje ela é deputada federal pelo MBD e governou o Maranhão por quatro mandatos. Também atuou como senadora e líder do governo no Congresso Nacional.
Em agosto deste ano, Roseana foi diagnosticada durante um check-up com um câncer de mama chamado triplo-negativo. Considerado agressivo e mais raro nessa faixa etária, o tumor está respondendo bem ao tratamento de ponta que combina quimioterapia e imunoterapia.
No último domingo, a parlamentar recebeu o GLOBO no quarto do 9º andar do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, dois dias antes de passar pela 12ª aplicação dos medicamentos. Ao longo de 50 minutos, segurando vigorosamente um terço e com olhar sempre sereno e firme, a filha do ex-presidente José Sarney detalhou o impacto do diagnóstico em sua vida e como tem enfrentado o tratamento.
Como você recebeu o diagnóstico do câncer de mama?
Vim para São Paulo em agosto fazer um check-up, mas por outro motivo. Eu tinha perdido uns quilos sem nenhuma explicação, sem dieta, nada. As pessoas falavam que eu tinha tomado Mounjaro, para você ter uma ideia. Decidi então fazer uma colonoscopia. Minha última mamografia havia sido em maio do ano anterior, mas quis ligar para minha ginecologista (Marianne Pinotti), avisando que eu estava por aqui, se ela achava que era o caso de aproveitar e fazer exames ginecológicos. Ela quis que eu fizesse e me internei para começar a batelada de testes. O primeiro deles foi a mamografia. Assim que terminou, pediram para repetir mais uma vez. Achei estranho. Quando subi no quarto, os médicos estavam todos lá (Roberto Kalil, cardiologista; Artur Katz, oncologista; David Uip, infectologista), para me dar a notícia de que eu tinha um câncer de mama triplo-negativo, um tipo de tumor raro e agressivo. Em seguida passei por outros exames que indicaram que não havia metástase. Vim passar cinco dias em São Paulo e estou há três meses sem sair daqui.
Como é o tratamento?
Recebo a combinação de quimioterapia e imunoterapia. Vou completar a 12ª sessão dessa primeira etapa. Depois serão mais quatro sessões a cada 21 dias, com outra medicação e, no início do ano que vem, vou passar por uma cirurgia. Chego semanalmente no Sírio aos domingos, faço exames prévios para checar minha condição física e fico internada por uns três dias. Já tive de receber transfusão de sangue. Quinta-feira passada vim para o hospital porque minha pressão caiu muito. Costumo dizer que esse é um tratamento para gente grande.
Os efeitos colaterais são muito severos?
Estou com uma coceira que é uma tortura. Minha pele está toda manchada. Os sintomas são mais leves pela manhã, na parte da tarde ficam mais fortes. Peço para o Jorge (seu marido, Jorge Murad) ou uma amiga que me visita passar creme na minha perna, alivia um pouco. Tomo anti-histamínico injetável. O tratamento afetou minha tireoide também. Não tenho restrição alimentar, mas perdi parte do paladar. Sinto o sabor de poucos alimentos. Batata-doce é um deles, aí insisto nela de manhã. Café com leite e um caldo de verdura quentes me dão prazer. Sinto o sabor de sorvete de limão, mas se tomar muito me fere a boca. Perdi muito o apetite. Estou com um pouco de dificuldade de atenção, praticamente não leio mais, nem vejo filmes ou séries. Programas de culinária, decoração e futebol me distraem. Me faz muito bem andar. Caminho em casa, dou uma volta no quarteirão ou nos corredores do hospital. Ginástica não dá para fazer, me canso. Tenho acompanhado as notícias, a COP, as pesquisas políticas. Semana passada tive reunião com o Baleia (Rossi, presidente do MDB). O ritmo do trabalho diminuiu, mas não parei.
Por que você decidiu não usar peruca para cobrir a cabeça raspada?
Com duas semanas de tratamento, meu cabelo já caiu muito, o travesseiro e o chão do banheiro ficaram lotados de fios. Comprei uma peruca no mesmo dia em que decidi raspar a cabeça. Mas quando cheguei em casa, pensei: por que vou usar isso? Tirei e nunca mais usei. Você não imagina como foi libertador. Não sinto falta do cabelo, pelo contrário, é um alívio, para mim, não ter que cuidar, me preocupar com a queda. Só sinto um pouco de frio. Não digo que todo mundo tem que fazer isso. As vaidades têm de ser respeitadas, cada pessoa tem a sua. Não sofri estranhezas por assumir a careca, nada. Minha mãe, que está um pouco esquecida, fala quando me vê por vídeo: “tá carequinha, tá bonitinha”. Meu pai levou um susto quando me viu, disse que não queria me ver daquele jeito. Falei que ele teria de me ver assim, sim.
Como seu pai, José Sarney, reagiu à notícia do câncer?
Meu pai é muito apegado a mim, sou filha única. Para ele sou ainda uma menina. Ele ficou bastante abalado, com medo, e foi para o lado religioso. Ele é muito ligado à Irmã Dulce e disse que conversou com ela e ela disse que eu ia me curar. Minha mãe falou uma frase de que eu gosto muito. Ela disse que eu só tenho medo do desconhecido. E agora estou de frente para o desconhecido. Minha grande preocupação é não mudar a vida da minha família. Eles agora querem passar o Natal comigo, eu falei que ia para o Maranhão, mas não vou, é muito longe neste momento. Vou passar com meu marido aqui em São Paulo. Espero que o tratamento dê certo e no ano que vem a gente passe todos juntos com tranquilidade.
Você já teve vários diagnósticos complexos ao longo da vida. Operou o intestino, um nódulo no pulmão, teve um aneurisma e outro câncer de mama há mais de duas décadas. Isso faz você enfrentar agora a doença de forma diferente?
Passar por um câncer aos 70 anos é diferente, o corpo está mais debilitado. Não sou mais criança. Sem dúvida o desafio é maior. Mas minha cabeça é muito boa. Tenho momentos de tristeza, mas não são desesperadores. Eu choro, depois rezo, canto, toco violão e passa rápido. Não exercito isso. É meu. Claro que às vezes me pergunto: “será que vou ter força para passar por tudo isso nessa fase da vida?”. Não sei como será a resposta disso tudo, espero que seja boa. Acho que estou reagindo bem. Trabalho minha cabeça para ser otimista. Sempre tive muita fé. A fé me sustenta. Não largo meu terço, minha proteção. Sempre antes de me internar leio a Bíblia e entrego a Deus. Peço para os espíritos de luz virem me ajudar, para meus avós me protegerem. E agradeço muito aos meus médicos, à ciência. Mas não deixo de ter medo.
Você tem medo da morte?
Não tenho medo da morte. Todo mundo tem que se preparar para ela. A morte pode acontecer a qualquer momento, com qualquer um de nós. O que eu não quero é sofrer. Sofrer eu digo é sentir muita dor ou ficar mal da cabeça e dar trabalho para os outros. Eu decido a minha vida se quero continuar vivendo. Já falei para meu marido isso tudo. Uma das minhas avós passou 7 anos sem saber quem ela era no fim da vida. Para que? Ficar sem poder de decisões é um pesadelo para quem for tomar conta de mim. Não quero isso. Mas vou batalhar com esse câncer, vamos ver quem será vencedor. Espero que seja eu.
DE RELANCE
Herdeiros e devolução de descontos
O governo federal abriu ontem o processo para que herdeiros e pensionistas solicitem a devolução de valores descontados indevidamente de benefícios de aposentados e pensionistas já falecidos. A medida atende vítimas da fraude identificada pela Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, que revelou cobranças irregulares feitas por associações e entidades por meio de filiações falsas.
Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cerca de 800 mil beneficiários já haviam morrido quando o esquema veio à tona, totalizando aproximadamente R$ 700 milhões em descontos indevidos nas contas dessas pessoas.
Agora, os familiares poderão pedir o ressarcimento dos valores retidos entre março de 2020 e março de 2025.
Quem pode pedir a devolução?
Existem duas situações possíveis: o beneficiário falecido deixou pensão e quem faz o pedido é o pensionista; o beneficiário falecido não deixou pensão e quem faz o pedido é o herdeiro, após ter sua condição reconhecida pelo INSS.
Se o benefício do falecido se transformou em pensão por morte, o titular da pensão poderá pedir a devolução diretamente, sem necessidade de comprovar hereditariedade.
O pedido pode ser feito por: Meu INSS, Central 135, PrevBarco e agências dos Correios. O valor devolvido será dividido entre todos os pensionistas daquele mesmo benefício.
Para herdeiros
Quando o falecido não deixou pensão por morte, o processo exige duas etapas. O primeiro passo é ter o reconhecimento como herdeiro. Antes de pedir o ressarcimento, o INSS precisa confirmar que o solicitante é herdeiro legítimo.
A comprovação é feita pelo Meu INSS. No Meu INSS, siga o caminho: acesse “Consultar Descontos de Entidades Associativas”; clique em “Consultar Descontos – Benefício de Pessoa Falecida – para o Sucessor ou Herdeiro”; selecione “Pedir Análise”.
Documentos exigidos: escritura pública ou alvará judicial que contenha autorização explícita para contestar os descontos em nome dos herdeiros, documento de identificação do solicitante e comprovante de endereço atualizado. Caso o usuário tenha dúvidas sobre o envio, a Central 135 pode ajudar.
O segundo passo é solicitar a devolução dos valores. Após a análise e o reconhecimento da condição de herdeiro, o pedido de devolução já pode ser feito.
O que os familiares devem fazer agora
Se você é pensionista ou herdeiro de alguém que teve descontos de entidades associativas no benefício, o momento é de: checar se há descontos registrados; organizar documentos necessários; acessar o Meu INSS e iniciar o processo; não deixar para a última hora, mesmo com o prazo estendido até 2026.
O passo a passo é simples, mas exige atenção, especialmente para quem precisa comprovar hereditariedade.
Os 86 anos de Margarida Teixeira
Elvira Bona conta que a comemoração dos 86 anos de sua irmã Margarida Teixeira foi uma festa muito bonita na charmosa casa de eventos Julieta de Serpa, no Rio de Janeiro.
Segundo a mais famosa fabricante de bem-casados do Brasil, a festa foi um encontro com o seu passado, relembrando que na Rua dos Afogados, em São Luís, sua mamãe fazia uma ceia para quando Papai Noel chegasse cansado, se fartasse.
Depois as recordações com suas filhas, relembrando um passado que só volta nas lembranças distantes. “Tudo era fantasia, sem ajuda da tecnologia, os presentes chegavam de acordo com as cartas que se fazia”, lembra, sem esconder uma forte dose de nostalgia.
Margarida Teixeira, ou simplesmente Margô, é uma dessas mulheres corajosas, destemidas, uma grande amiga que nunca envelhece.
Incêndio e detratores
Um clima de tristeza tomou conta da equipe de trabalhadores que há meses têm se dedicado para garantir que a COP 30 fosse realizada em Belém sem atropelos.
A avaliação é de que, apesar de não ter tido grandes consequências, o incêndio em um dos pavilhões da Blue Zone será usado como combustível por aqueles que, desde o início, se posicionaram contra a realização da Conferência do Clima em uma cidade da Amazônia.
Para além das críticas, contudo, é bom lembrar que o incidente foi rapidamente contornado pelo Corpo de Bombeiros e que não houve vítimas.
Sem mácula
O ministro do Turismo, Celso Sabino, que estava na Blue Zone no exato momento do incêndio, foi cercado por jornalistas de vários países que queriam uma avaliação imediata sobre a consequência do ocorrido para as negociações.
Sabino lembrou que a COP de Belém já é a segunda maior da história, que propostas inovadoras para conter o avanço do aquecimento global, como o “mapa do caminho”, estão em discussão e que o incidente não interrompeu as negociações.
“Poderia ter acontecido em qualquer lugar do mundo e não macula o que fizemos aqui”, disse.
Miss Piauí brilha no Miss Universo
A piauiense Maria Gabriela Lacerda, 22, representante do Brasil no Miss Universo 2025, chegou ao top 30 do concurso pela primeira vez após quatro anos. Antes dela, Julia Gama ficou em segundo lugar na edição de 2021, que reuniu as candidatas de 2020.
A última vez que o Brasil levou a coroa foi em 1968, com a baiana Martha Vasconcellos.
Maria Gabriela fez muito sucesso ao desfilar pela passarela de trajes típicos nacionais na última quarta-feira (19), com um figurino em homenagem à Nossa Senhora Aparecida. Mas a vencedora do concurso deste ano foi a mexicana Fátima Bosch, que não é mais bonita nem mais carismática do que a piauiense.
No Instagram, ela justificou a escolha do vestuário. “Neste palco, eu não visto apenas um traje: eu visto a história, a fé e a identidade de um povo. Cada detalhe deste traje típico homenageia Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, cuja luz atravessa gerações e simboliza resistência”, disse.
Para escrever na pedra:
“Não é verdade que as pessoas param de buscar seus sonhos porque envelhecem. Elas envelhecem porque param de buscar seus sonhos”. De Gabriel Garcia Marquez
TRIVIAL VARIADO
Incêndio: Em meio às notícias sobre o incêndio registrado ontem na Blue Zone, em Belém, o maior desafio será combater as fake news. Na tarde de ontem, imagens reais do incidente que foi rapidamente controlado já eram usadas para amplificar o tamanho do estrago na Blue Zone. As lonas antichamas usadas na Blue Zone foram essenciais para evitar que o fogo se alastrasse.
Dia da Consciência Negra: Ambiente de trabalho concentra 30% dos casos de racismo no País, diz o Jusbrasil, que analisou 4,8 mil decisões jurídicas de 2025.
Plano de paz: A Ucrânia aceita negociar plano de paz de Donald Trump, presidente dos EUA, que foi acertado previamente com a Rússia.
Leilão de Arte: Um autorretrato da mexicana Frida Kahlo foi leiloado na quinta-feira em Nova York por 54,6 milhões de dólares (298,7 milhões de reais na cotação atual) tornando-se a pintura mais cara já vendida por uma mulher e por um artista latino, informou a casa Sotheby's. O quadro é de 1940.
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