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COLUNA
Pedro Sobrinho
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Gira Ancestral

Tecnomacumba, de Rita Benneditto, inspira novos DJs, produtores e a juventude no Rio de Janeiro

Baladas de macumba invadem as pistas de dança do Rio de Janeiro. É unanimidade entre organiza, toca e frequenta essas festas que Rita Benneditto e o projeto Tecnomacumba abriu caminho para que a estética do candomblé e umbanda dialogassem com o pop.

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 17/11/2025 às 23h36

A jornalista Jéssica Marques, do portal O Globo, escreveu uma matéria muito bacana cujo título é: “O ancestral e o novo - baladas de macumba invadem as pistas de dança do Rio de Janeiro”. Nas madrugadas do Rio, há uma batida que não vem das caixas de som. Vem de muito antes: das casas de santo e dos toques de Angola, Ketu, Jejê, Umbanda e Omolokô. Mas ressurge remixada, filtrada, acelerada, e sobretudo, compartilhada. É o movimento das "festas de macumba" e baladas que transformam pontos cantados e cantigas ancestrais em trilhas dançantes de trap, funk, charme e eletrônico que reúne gente da religião, curiosos, jovens, Djs, produtores e até quem nunca pisou num terreiro. O termo "macumba" antes usado com xingamento, é agora ressignificado. As pistas lotadas se tornaram trincheiras luminosas contra o preconceito.

Tecnomacumba, de Rita Benneditto, há mais de 20 anos na estrada, um projeto atemporal. Foto: Rogério Von Krüger
Tecnomacumba, de Rita Benneditto, há mais de 20 anos na estrada, um projeto atemporal. Foto: Rogério Von Krüger

Abriu o caminho há 20 Anos

Muito dessa cena, desse movimento, que hoje explode nas pistas tem raízes profundas. E para quem organiza ou toca nessas festas, um nome é consenso absoluto: RITA BENNEDITTO. Com o projeto TECNOMACUMBA, criado no início 2000, a cantora maranhense, natural de São Benedito do Rio Preto, localizado aproximadamente 249 Km, de São Luís, abriu caminho para que a estética do candomblé e da umbanda dialogassem com o eletrônico, o pop e percussões contemporâneas. Quando não se falava em "festas de macumba", RITA já lotava casas de show, misturando cânticos tradicionais, tambores, sintetizadores e narrativa cênica.

Tive o imenso prazer de assistir ao show do TECNOMACUMBA, em 2005, no Teatro Rival, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, e fiquei de cara com o projeto de RITA, mistura fé, devoção, arte e resistência em um mergulho na musicalidade afro-brasileira. Assim como pensa a artista maranhense, sempre também comungei que o pojeto brilhante de Rita Benneditto inspiraria e ocuparia qualquer palco do mundo.

"Quando comecei o Tecnomacumba, muita gente não entendia. Mas eu sabia que aquela música tinha força para estar em qualquer palco", assegura a artista em entrevista a jornalista Jéssica Marques - Não é sobre celebrar a memória, a cultura e a beleza dos cantos que atravessam gerações", complementa.

Para os produtores da nova geração, RITA BENNEDITTO não é apenas referência: é fundação. Sem a artista maranhense, dizem, não haveria este movimento atual.

Penso eu há espaço para a estética, a memória e o diálogo com a juventude, com o novo, desde que não se "banalize o ritual, o sagrado". Mas, o TECNOMACUMBA, de RITA BENNEDITTO, é uma GIRA ANCESTRAL construída à base de resiliência e resistência. Um manifesto de brasilidade, que mantém viva a essência das diversas vertentes de religiosidade de matriz africana, mas que sabe pulsar diante de um “beat”.


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