MARANHÃO - O Maranhão, território de resistência e tradição com 79% da população maranhense negra, ganha um marco histórico na valorização de sua herança cultural: o Festival Luz Negra. Uma iniciativa pioneira que celebra a força da música quilombola, reunindo comunidades tradicionais, artistas, pesquisadores e o público em geral em torno da riqueza sonora e simbólica dos quilombos.
O Festival Luz Negra acontece em novembro, nas cidades de São Luís e em Alcântara, fortalecendo o mês da Consciência Negra. De maneira peculiar, a atividade reúne manifestações da música tradicional e contemporânea, além de integrar atividades educativas e artísticas que culminam em espetáculos musicais. Recentemente foi lançado o Instagram do projeto @festivalluznegra, que reunirá todas as informações sobre o Festival.
A capital maranhense recebe o Festival nos dias 07 e 08 de novembro e a histórica Alcântara nos dias 14 e 15 do mesmo mês. Nos primeiros dias do Luz Negra, 07 e 14/11, serão realizadas Oficinas direcionadas a crianças e adolescentes. Em São Luís, as atividades acontecem no bairro da Liberdade e o grande show no dia 08/11, na praça das Mercês, centro histórico da cidade. Em Alcântara, a praça da Matriz recebe o Festival no dia 15/11 e no dia 14 as oficinas acontecem em uma escola pública.
De acordo com a produtora executiva do Luz Negra, Ana Marques, que tem em sua trajetória a produção de projetos como o álbum Bis com canções de Marconi Rezende e parceiros como Josias Sobrinho e Zeca Baleiro, além de administradora do Clube do Chico em São Luís do Maranhão, outras ações envolvem o Festival. “Preservar, difundir e fortalecer a música quilombola, que carrega elementos de ancestralidade africana mesclados às vivências comunitárias do Maranhão é objetivo do Festival. As atividades que envolvem o Luz Negra serão registradas em vídeo documental. Entre elas: o trabalho de campo, de pesquisa, o processo de criação do festival entre outras”, explicou.
Geração de Renda e Inclusão
Entre as etapas do Festival estão a realização também de Exposições e Mostras culturais destacando a história e a arte quilombola e os espetáculos musicais com a apresentações de grupos tradicionais e contemporâneos em praças públicas, totalmente gratuito. São atividades que fortalecem a autoestima e o protagonismo das comunidades quilombolas, que passam a ter suas tradições reconhecidas publicamente, além de estimular a participação da juventude quilombola, assegurando a continuidade dos saberes e práticas tradicionais.
No aspecto econômico, o Festival oportuniza a circulação de produtos e serviços ligados à cultura quilombola, fortalecendo cadeias produtivas, criativas e sustentáveis nos locais de apresentação dos shows em São Luís e Alcântara. O Luz Negra gera também oportunidades de trabalho para artistas, produtores culturais, artesãos e empreendedores das comunidades quilombolas. O projeto beneficia diversas faixas etárias, incluindo jovens e adultos, de todas as classes sociais, prioriza a inclusão de pessoas LGBT+ e com necessidades especiais, além dos moradores das comunidades quilombolas do Maranhão, especialmente em São Luís e Alcântara, promovendo acesso à cultura, celebração da diversidade e desenvolvimento socioeconômico.
Pesquisa no Festival Luz Negra
Na pesquisa do Festival estão o coordenador e professor da Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros da UFMA, Rosenverck Estrela Santos, que trabalha e pesquisa História da África, da população negra, dos movimentos sociais negros e da cultura negra urbana. Ele atua também com educação escolar quilombola e do campo. A pesquisadora Elisandra Cantanhede Ribeiro, mestre em História pela UFMA, com trabalhos de ações formativas em espaços culturais e educativos também integra a equipe do projeto.
O artista plástico, Walter Reis, também se encontra na pesquisa do Festival, além de ser responsável pela curadoria do Luz Negra. Desde o ano 2000, ele trabalha com performances a partir da exploração de sua escultura sonora, intitulada "Lixo Espacial", e co-produção de Bianca de Franco Formação, publicitária, com especialização em planejamento e organização de eventos corporativos e sociais com mais de uma década de experiência, incluindo gerenciamento de projetos.
“O Festival Luz Negra visa não só celebrar a musicalidade e a riqueza cultural das comunidades quilombolas, mas também criar um movimento de reconhecimento e valorização da identidade afrodescendente no Maranhão, atraindo turistas e estudiosos de todo o mundo”, finalizou a produtora executiva, Ana Marques.
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