Escrever é um ato solitário, mas ver alguém escrevendo na tela pode ser um consolo. Neste Dia do Escritor, o Na Mira trouxe filmes que transformam a palavra em imagem e inspiram até quem ainda não tem coragem de se chamar de autor. Para quem ama literatura, ou para quem simplesmente gosta de boas histórias, aqui vão alguns filmes sobre escritores que mostram que escrever, além de profissão, é forma de existir.
Meia-Noite em Paris (2011)
Na dúvida entre a carreira de roteirista e o sonho de escrever seu primeiro romance, o protagonista Gil mergulha, literalmente, em outra época. Durante uma viagem a Paris, ele é misteriosamente transportado para os anos 1920 e passa a conviver com figuras como Hemingway, Fitzgerald e Gertrude Stein. É um filme sobre nostalgia, sim, mas também sobre fazer as pazes com o tempo em que se vive. Para quem sonha em escrever, é um lembrete: os ídolos podem inspirar, mas o texto é sempre pessoal.
Adoráveis Mulheres (2019)
Baseado no clássico de Louisa May Alcott, o filme acompanha a vida das irmãs March, com destaque para Jo, determinada, sonhadora e cheia de ideias. A escrita, para ela, não é só um desejo, é resistência. Em tempos em que mulheres tinham pouco ou nenhum espaço no mercado editorial, Jo escreve, reescreve, defende sua autoria e exige reconhecimento. É um filme sobre crescer, mas também sobre não desistir da própria voz.
Mais Estranho que a Ficção (2006)
Imagine viver sua vida normalmente até perceber que alguém está narrando cada um dos seus passos, com precisão literária. É isso que acontece com Harold Crick, um auditor fiscal metódico que descobre ser personagem de um livro em andamento. A autora, reclusa e indecisa sobre o final da história, precisa escolher entre a tragédia e a redenção. O filme mistura comédia e filosofia, e brinca com uma ideia poderosa: quem escreve também transforma o destino dos outros.
Ruby Sparks – A Namorada Perfeita (2012)
Um jovem escritor em crise criativa inventa uma personagem feminina e, de repente, ela aparece na sua sala, viva e real. O que começa como fantasia romântica logo vira um debate sobre controle, idealização e liberdade. Afinal, até onde um escritor pode ir com seus personagens? Ruby Sparks é leve e agridoce ao mesmo tempo, e mostra que escrever sobre alguém é, também, uma forma de amar ou de tentar.
As Horas (2002)
Três mulheres, em tempos diferentes, são atravessadas pelo mesmo livro: Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf. A própria Virginia, vivendo sua angústia entre a genialidade e a depressão, é uma das protagonistas. As outras duas, uma dona de casa nos anos 50 e uma editora nos anos 2000, encontram, na literatura, espelhos de seus próprios conflitos. É um filme melancólico e delicado sobre como a escrita pode atravessar gerações, mesmo quando o autor já não está mais aqui.
Escrever também é um jeito de viver
Cada um desses filmes, à sua maneira, lembra que escrever não é só um ato intelectual: é físico, emocional, às vezes até existencial. Quem escreve, inventa o mundo e, ao mesmo tempo, tenta entender o próprio lugar nele.
Neste Dia do Escritor, mais do que homenagear os grandes nomes da literatura, talvez seja bom lembrar também dos anônimos, aqueles que rabiscam em cadernos, digitam no celular, guardam textos que ninguém leu. Porque, como mostram esses filmes, a história só começa quando alguém tem coragem de escrevê-la.
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