Em Minas Gerais

Museu usa estratégias para atrair novos públicos

Memorial Minas Gerais Vale investe em programas educativos para atrair a comunidade e desmistificar espaços museológicos.

Evandro Júnior / Na Mira

Atualizada em 18/05/2024 às 15h37
Fachada do Memorial Minas Gerais Vale
Fachada do Memorial Minas Gerais Vale

BELO HORIZONTE - Um dos mais belos espaços culturais do Brasil, instalado na Praça da Liberdade, ocupando o antigo prédio da Secretaria de Estado da Fazenda, em Belo Horizonte (MG), o Memorial Minas Gerais Vale (MMGV) tem cumprido seu papel de ‘museu de experiência’ e investido em programas educativos para atrair a comunidade e estimular a reflexão crítica.

O espaço, patrocinado pelo Instituto Cultural Vale via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, tem aproximado, por exemplo, estudantes de várias regiões do estado, os quais correspondem a cerca de 30% do público que vai em busca daquele equipamento cultural para visitas mediadas.  

São 31 ambientes, entre salas expositivas e espaços de convivência, distribuídos em três pisos, onde ocorrem as exposições de longa duração, mostras temporárias de arte e atividades culturais e educacionais da programação regular. Basta entrar para logo avistar grupos de estudantes participando inclusive de dinâmicas de grupo, o que torna a experiência ainda mais agradável e marcante.

Escadaria do Memorial Minas Gerais Vale
Escadaria do Memorial Minas Gerais Vale

Segundo o coordenador do Memorial, Wagner Tameirão, a programação temporária é super intensa, pois o propósito não é somente destacar o DNA do Estado de Minas Gerais, a questão da cultura popular mineira, mas, também, correlacionar com a memória contemporânea. “Isso é feito, por exemplo, por meio de programas com a periferia para formação de público, programas de artes visuais, convocatórias de programação, editais, eventos os mais diversos, projetos itinerantes, entre outros atrativos”, frisa.

O Memorial trabalha muito bem com as tecnologias e desperta a curiosidade dos visitantes devido aos seus ambientes sensoriais. As exposições combinam cenários, luzes, sons, vídeos, imagens, algumas obras e objetos de época para recontar a Minas Gerais dos séculos XVIII ao XXI. Nas salas, o visitante interage com os elementos formadores da cultura mineira em um ambiente próprio à experiência e ao aprendizado pessoal.

As atividades gratuitas abrem espaço para as diferentes expressões artístico-culturais, novos artistas e vozes periféricas. São espetáculos infantis, exposições de arte, saraus, oficinas e palestras, festivais e shows que, não raramente, extrapolam os muros e ganham o entorno do espaço. 

Aliás, o prédio, por si só, já é uma obra de arte. Ele foi inaugurado em 1897 e seu conjunto é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. O pátio central recebeu nova iluminação e jardim. Não há como não se encantar com a exuberante escadaria de ferro, que pode ser vista da rua, e as linhas arquitetônicas de inspiração francesa.

Área interna do Museu Boulieu
Área interna do Museu Boulieu

Outros centros culturais

Museus e centros culturais de todo o Brasil recebem incentivo do Instituto Cultural Vale, por meio de patrocínios a exposições e, também, investimento na troca de saberes em estruturas de governança, programas educativos e intercâmbios culturais. Em Minas, destaca-se, ainda, o Museu Boulieu, o Museu de Mariana e o Museu do Oratório, entre outros espaços culturais patrocinados pelo Instituto. 

O Museu Boulieu, em Ouro Preto (MG),  atrai visitantes de todo o mundo. É o lar da coleção doada pelo casal Maria Helena e Jacques Boulieu e conta com uma junção de peças provenientes de diversas regiões do mundo, onde se destaca a influência da cultura ibérica levada pelos navegadores e conquistadores portugueses e espanhóis. 

São mais de 70 mil visitantes presenciais e mais de 2 milhões de pessoas online, o que o tornou um ponto de referência cultural naquela cidade mineira. Logo na entrada, o visitante assiste a um vídeo com as imagens do casal contemplando sua própria coleção. O espaço oferece uma visão abrangente do Barroco e seus desdobramentos como estilo artístico e fenômeno social, explorando suas influências nos quatro cantos do planeta e trazendo para a arte barroca uma síntese de sua expressão global.

Natália Santos é coordenadora pedagógica do Museu Boulieu e do Museu de Mariana
Natália Santos é coordenadora pedagógica do Museu Boulieu e do Museu de Mariana

De acordo com a coordenadora pedagógica do Museu Boulieu, que também coordena o Museu de Mariana, Natália Santos, o Instituto Cultural Vale desempenha um papel muito importante nesse processo de valorização da cultura brasileira e essa iniciativa começa muito antes da própria abertura desses espaços. 

"Aqui em Minas, nós temos vários edifícios que demandam atenção no que diz respeito à restauração e preservação. Logo, o primeiro olhar atento é justamente nesse sentido, ou seja, de ver que esses espaços precisam de revitalização. Um segundo momento é fazer a perpetuação desse contato da comunidade com os espaços”, destaca Natália Santos. 

Museu do Oratório chama a atenção principalmente pela grandiosidade de seu acervo
Museu do Oratório chama a atenção principalmente pela grandiosidade de seu acervo

Devoção religiosa no Museu do Oratório

O Museu do Oratório, situado no Adro da Igreja do Carmo, em um casarão setecentista de três andares, também em Ouro Preto (MG), chama a atenção principalmente pela grandiosidade de seu acervo. Ele guarda 162 oratórios e 300 imagens que retratam a forma como os brasileiros expressavam a devoção religiosa de maneira privada, em casa ou em viagens. A colecionadora Angela Gutierrez montou o acervo ao longo de anos, reunindo peças que se caracterizam pela diversidade de tipos, tamanhos e materiais. 

Os oratórios mostram a vida cotidiana brasileira e especialmente mineira dos séculos XVII ao XX. As peças contam a história de Minas Gerais e do Brasil, demonstrando usos, costumes e tradições, evocando hábitos e características do Ciclo do Ouro e dos Diamantes; narrando o processo de contribuições afro-luso-ameríndias que se fundem na formação cultural brasileira. 

Detalhe do Museu de Mariana, inaugurado em setembro de 2023
Detalhe do Museu de Mariana, inaugurado em setembro de 2023

Museu de Mariana

Já o Museu de Mariana, inaugurado em setembro de 2023, tem o próprio município como tema central da sua exposição de longa duração.  O visitante é convidado a interpretar o passado e pensar o presente tendo como referência a própria cidade. Seu programa educativo oferece visitas mediadas e oficinas, alcançando crianças e adolescentes. 

A edificação é o principal item do acervo do museu, e ela não se restringe aos seus ambientes internos expositivos: o complexo conta também com um café e um jardim a céu aberto, todos acessíveis.


 


 


 


  

 

 


 

 

 

 

 

 

O edifício, que passou por uma restauração para acolher o memorial, é uma atração única com seu pátio central, que recebeu nova iluminação e jardim, a escadaria de ferro, que pode ser vista da rua, e as linhas arquitetônicas de inspiração francesa.

 

Com entrada gratuita, o museu funciona nas terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30, com permanência até as 18h, nas quintas, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h, e aos domingos, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h.

 

Os jornalistas também visitaram o Museu do Oratório e o Museu Boulieu, em Ouro Preto, este último ocupando as instalações do antigo Asilo São Vicente de Paulo. Além disso, o passeio incluiu o Museu de Mariana,  que tem o próprio município como tema central da sua exposição de longa duração, e o Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto da América Latina. 

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