São João do Maranhão

Tradição do Cacuriá segue forte ao longo dos anos no Maranhão

A sonoridade das batidas é marcada pelas caixas, instrumentos musicais de percussão originalmente usadas na festa do Divino Espírito Santo. 

Imirante

Atualizada em 24/04/2024 às 10h44
Cacuriá Dona Teté
Cacuriá Dona Teté

“Jabuti sabe ler, não sabe escrever….” se você é maranhense aposto que você leu essa primeira parte cantando a música e lembrando do icônico Cacuriá que é, sem dúvida, uma das danças mais esperadas no São João do Maranhão. 

A manifestação cultural que tem como marca as músicas de duplo sentido e coreografias que esbanjam sensualidade encanta por onde passa. A sonoridade das batidas é marcada pelas caixas, instrumentos musicais de percussão originalmente usadas na festa do Divino Espírito Santo. 

A festa religiosa é apontada por pesquisadores como a origem da dança, também conhecida como bambaê de caixa, que é realizada após a derrubada do mastro. 

O mastro (uma espécie de vara enfeitada que ostenta a bandeira do Divino Espírito Santo) é uma das simbologias da festa e é erguido no começo e derrubado no fim dos festejos religiosos.

Após a chamada derrubada do mastro as caixeiras e os festeiros aproveitam para se divertir tocando o carimbó de caixas, ou ainda o baile de caixas, de maneira sensual. Segundo pesquisadores, a dança foi desenvolvida na segunda metade do século XX, no interior do Maranhão.

 

Cacuriá Dona Teté
Cacuriá Dona Teté

 

Um dos grupos mais conhecidos é o Cacuriá de Dona Teté, já falecida, mas que é apontada por muitos como sendo uma das responsáveis por introduzir a dança nas festividades juninas de São Luís. 

Almerinda Santos, a dona Teté, era caixeira, lavadeira, rezadeira e coreira de tambor de crioula, montou o grupo de cacuriá com o apoio do grupo cultural Laborarte, em 1986. A ela é atribuída a introdução de novos instrumentos musicais além das caixas para enriquecer os traços do gênero.

A cantora e caixeira do Cacuriá de Dona Teté, Rosa Reis ( que atualmente comanda do Cacuriá de Dona Teté) explica que apesar de não ter sido o primeiro grupo a surgir, o grupo serviu como inspiração para criação de vários outros grupos da dança.

Além de referência para a população local, músicas como “Choro de Lera”, “Jabuti” e “Jacaré” são conhecidas não somente no Maranhão, mas também em outros Estados.

 Elementos

A dança do cacuriá ocorre em roda, o cordão. Com movimentos sensuais, os pares dançam com passos marcados, com muito rebolado do quadril, improviso e muita interação com o público. A dança ocorre em pares e separado. É coreografada e cada passo da dupla transmite a manifestação da cultura, crenças e costumes do povo. O rebolado e requebrado do corpo, o contato corporal com o parceiro da dança, o riso e o olhar entre os dançantes e espectadores tornam essa dança provocante e excitante.

Cacuriá de John.
Cacuriá de John.

Para dar ritmo à dança, as caixeiras cantam as toadas que falam sobre natureza, crenças, brincadeiras antigas e anseios da população. Tudo acompanhada pelas caixas e outros instrumentos como banjo, violão, clarinete e flauta. O cacuriá é considerado uma mistura de marcha, valsa e samba. A parte vocal é composta por versos improvisados respondidos por um coro de brincantes. 

*Com informações do Jornal O Estado do Maranhão. 

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.