Gil faz show em Londres e fala de atentados e crise no Brasil

Globo Online

Atualizada em 27/03/2022 às 14h42

RIO - O cantor Gilberto Gil está de férias de seu posto de ministro da Cultura. Viajando pela Europa com a turnê de "Eletroacústico", Gil se encontra agora em Londres, onde apresenta seu show nesta segunda-feira, no Coliseum.

Em entrevista exclusiva à "BBC Brasil", o músico falou das denúncias envolvendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos atentados em Londres na última quinta-feira, do período em que viveu na capital inglesa durante o exílio na década de 70 e das dificuldades em se administrar o Ministério da Cultura.

Leia abaixo os destaques da entrevista:

Crise

"Existem duas formas de desconforto comuns a todos com relação a qualquer coisa desse tipo. Uma é o desconforto das dificuldades e o desenvolvimento que as ações governamentais podem ter com acontecimentos desse tipo. A outra é o desconforto da cidadania. É natural, porque a cidadania busca o tempo todo o aperfeiçoamento da vida, e essas erupções são sinais de que temos muito ainda o que fazer."

Otimismo

"A perfeição não está batendo à porta. Essa sensação de imperfeição é desconfortável para muita gente, mas, para mim, não é tanto. Eu não me sinto tão desconfortável com a realidade da vida. Ela é assim, não me surpreendo tanto, não fico abatido, deprimido. Pelo contrário, elas nos devem dar mais ânimo".

Ministério

"As crises servem para que se trabalhe ainda mais. Se elas (as crises) ameaçam paralisar o governo, a gente tem que se mexer mais. Estou de férias, mas estou todos os dias ligando, trabalhando com secretários, com outros ministros, para que o trabalho continue sendo feito. É o meu lado de poeta, aperfeiçoando o imperfeito", disse Gil, que admitiu não ter escrito nenhuma canção desde que assumiu o cargo ministerial.

Cultura

"A maior missão que estipulei é conseguir uma maior compreensão e o alargamento do conceito de cultura no país, tanto para o governo como para a sociedade. A cultura como diálogo constante entre as linguagens, entre as formas de expressão, sejam elas artísticas, discursivas ou expressivas. Uma das maiores dificuldades é o descaso histórico.

A cultura sempre foi tratada um pouco como o jarro de flores das classes dominantes, aquela coisa ornamental. A falta de recursos é outro calvário da área cultural, é uma briga para se conseguir dinheiro.

Atentados

Gil diz não ter achado a capital britânica muito diferente após os atentados da última quinta-feira, que deixaram pelo menos 50 mortos. Ao contrário, ele diz que estar em Londres evoca lembranças carinhosas da época em que viveu na cidade. "Londres é gozado. É a única cidade fora do Brasil que eu considero como uma cidade minha. Tive um filho aqui, morei nela por três anos", diz o músico, lembrando do período em que foi exilado pela ditadura militar, no final dos anos 1960.

Vasculhando a memória, Gil diz que andou "muito pelas calçadas de South Kensington" e revela que chegou à cidade no dia da lendária apresentação dos Rolling Stones no Hyde Park, em 5 de maio de 1969. "Mas não deu tempo de ver o show. Só vi o parque vazio, cheio de lixo", diz ele.

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