Gil: de compositor exilado a ministro da Cultura

Fabrício Azevedo/Alessandra Bastos, Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h24

Brasília - Gilberto Passos Gil Moreira nasceu em Salvador, no dia 26 de junho de 1942. Três semanas após o nascimento, sua mãe o leva para o interior, na cidade de Ituaçu. A vocação musical desperta cedo. Aos três anos já manifesta o desejo de ser músico, fascinado pelos sons dos poucos discos que chegavam na cidade como os de Orlando Silva, Bob Nelson e Luiz Gonzaga.

Em 1952 Gilberto vai estudar em Salvador e matricula-se, no mesmo ano, numa academia de acordeom. Os novos estilos vindos do Sul do país e o jazz das Big Bands despertam seu interesse. Aos 18 anos de idade forma com amigos o conjunto "Os Desafinados", onde reveza no acordeom e vibrafone.

No final dos anos 50, a bossa nova revoluciona a música brasileira. No rádio, Gil escuta o cantor e violonista baiano João Gilberto. Gil logo abandona o acordeom e passa a tocar violão. No início da década de 60, cursa Administração de Empresas na Universidade da Bahia.

Em 1962, ele tem pela primeira vez uma música gravada: "Bem devagar", com o conjunto vocal As Três Baianas. E, em 1963, grava e lança dois compactos: um duplo (EP), "Gilberto Gil - sua música, sua interpretação", com quatro canções de sua autoria; e um simples (single), com um samba ("Decisão", também dele). No final do mesmo ano, ele conhece Caetano Veloso e, logo em seguida, as cantoras Maria Bethânia e Gal Costa. Em junho de 1964, os quatro - mais Tom Zé e outros músicos baianos - fazem o show "Nós, por exemplo", que inaugura o Teatro Vila Velha, de Salvador.

Quase um ano depois, realiza seu primeiro show individual, "Inventário", com direção de Caetano, também no Vila Velha.

Em São Paulo, em 1965, reencontra os amigos Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé em "Arena canta Bahia". No mercado de discos, ele lança seu primeiro compacto (com "Procissão" e "Roda") por uma grande gravadora, a RCA. E na televisão, em 1966, se destaca em "O fino da bossa", programa da TV Record apresentado por Elis Regina. Contrato para fazer um LP pela Philips, Gil abandona o emprego na Gessy e se muda para o Rio.

Em maio de 1967, sai seu primeiro LP, "Louvação". Gil passa a viver com a cantora Nana Caymmi.

Foi no clima de revolução estética que o ano de 1968 começou para Gil. Em janeiro, ele se apresentou pela primeira vez na Europa (Portugal e Espanha), no show "Momento 68". Ao voltar, grava "Tropicália ou Panis et circensis", destacando a sua canção-manifesto "Geléia geral", com Torquato Neto. O disco reuniu todos os participantes do movimento: Gil, Caetano, Gal, Tom Zé, Mutantes e Nara Leão.

Gilberto Gil e Caetano Veloso são presos no dia 27 de dezembro de 1968, por causa do Ato Institucional 5. No ano seguinte, se exilam na Inglaterra.

Em 1972, retornam ao Brasil. Gil participa de diversos shows e manifestações a favor da volta da democracia. Diversas letras de suas músicas são de protesto e ironia, mas também tenta fazer um resgate da tradicional música nordestina.

Em 1988, é eleito vereador pelo PV em Salvador, e, além de diversos projetos ecológicos, ocupa a secretaria de cultura da cidade. Entre as atividades, colocou um capítulo sobre meio ambiente na lei orgânica de Salvador. Como secretário de Cultura, incentivou a preservação do patrimônio arquitetônico da capital baiana.

Não é a primeira vez que Gil é lembrado para ocupar um ministério. Em 1998, no segundo mandato de Fernando Henrique, chegou a ser cogitado para o Meio Ambiente. Gilberto Gil é militante ambiental, filiado ao Partido Verde (PV), e fundador da Organização Não Governamental (ONG) Onda Azul, criada em 1988.

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