O diretor Brett Ratner fala sobre 'Dragão vermelho' em cartaz no Brasil

O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 15h27

Como têm de conceder inúmeras entrevistas a cada filme que promovem, os membros da comunidade cinematográfica hollywoodiana costumam decorar meia dúzia de frases feitas e repeti-las para todos os repórteres. Pode ser pose ou insegurança, mas o fato é que Brett Ratner, diretor de “Dragão vermelho”, repetiu em várias entrevistas de lançamento do filme — inclusive na que concedeu por telefone ao GLOBO — a seguinte frase:

— Não acredito que nenhum ator tenha entrado nesse projeto porque estivesse morrendo de vontade de trabalhar com o diretor de “A hora do rush 2” (e do “A hora do rush” original também, vale adicionar à resposta).

E, no entanto, de coreógrafo das gags de Chris Tucker e Jackie Chan nos dois descompromissados pipocas que fizeram sua fama, Ratner, um judeu americano de apenas 32 anos, que até bem recentemente era diretor de videoclipes, passou a comandante de um elenco cuja linha de frente é composta “só” por Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Emily Watson, Mary-Louise Parker e Philip Seymour Hoffman. E, claro, Anthony Hopkins, pela terceira vez no papel do psiquiatra canibal Hannibal Lecter.

Anthony Hopkins volta ao papel apesar da idade

A despeito de o principal chamariz de público de “Dragão vermelho”, em cartaz desde sexta-feira no Rio, ser a sua condição de novo-filme-do-Hannibal-Lecter, quem lhe assiste nota de cara que o personagem entra mais na categoria de participação especial que em qualquer outra. O livro de Thomas Harris em que o filme se baseia marca a primeira aparição do psiquiatra, que não está no centro da trama, dedicada ao jogo de gato-e-rato entre o agente do FBI Will Graham (Norton) e o serial-killer conhecido por Fada dos Dentes (Fiennes). A história se passa bem antes de “O silêncio dos inocentes”, o que justificaria um ator mais jovem no papel (e na adaptação anterior do livro, “Manhunter”, de Michael Mann, lançada em 1986, Hannibal foi vivido por Brian Cox, então com apenas 40 anos). Mas isso não foi nem considerado pelos produtores.

— A história de que Jude Law foi considerado é boato — diz Ratner. — Sempre pensamos em fazer o filme com Anthony Hopkins. O difícil foi convencer ELE, que não queria, ficava se perguntando “por quê?”, “por que de novo?”.

É possível que o cachê de US$ 20 milhões (US$ 5 milhões mais alto que o embolsado por “Hannibal”, em que era efetivamente o protagonista, no ano passado) tenha ajudado na decisão. O fato é que ele topou. A partir daí, passou-se à escalação dos outros papéis. Alguns dos personagens de “Dragão vermelho” aparecem também em “O silêncio dos inocentes”, mas não houve rigidez no sentido de manter os atores do filme de 1991.

Enquanto os menos conhecidos Anthony Heald e Frankie Faison retornam aos papéis que foram seus no thriller de Jonathan Demme, o conceituado Scott Glenn, que encarnava Jack Crawford, superior de Clarice Starling (Jodie Foster) no FBI, foi substituído por Harvey Keitel.

— Para mim, nenhum ator é dono do personagem, tirando Anthony Hopkins. Fiz pesquisas, estudei perfis de agentes do FBI que ocupariam tais postos e vi que, geralmente, eles são como policiais duros na queda de Nova York. Mais como Harvey Keitel. Anthony Heald permaneceu porque, por acaso, ninguém fez melhor o papel — diz Ratner.

Um filme de Super-Homem mais sombrio e desafiador

Parece um sujeito rigoroso, mas se você se chamar Anthony Hopkins, tudo muda de figura. Iniciando a pré-produção do novo filme do Super-Homem (a idéia é filmar em maio de 2003 e lançar no verão americano de 2004), o diretor ainda não tem nenhuma certeza em relação ao papel principal. Mas já sabe onde pretende enfiar Hopkins na história.

— Quero ele para o papel de Jor-El (pai do Super-Homem, morto na explosão do planeta Krypton). Ele está interessado e deve fazer.

A menção do nome Jor-El faz pensar num filme estruturalmente similar a “Superman” de 1978, dirigido por Richard Donner, que, como o recente “Homem-Aranha”, tinha a função de apresentar a origem do personagem (Marlon Brando fazia Jor-El naquele filme). Ratner admite que é um pouco por aí. Mas não vai ficar só nisso.

— Será um filme mais sombrio, mais desafiador, que estudará o Super-Homem mais a fundo. O mundo está um caos, há morte, destruição e violência por todos os lados. As pessoas estão clamando por um Super-Homem. É por aí.

Respostinha capciosa, pois, no mundo real, os candidatos a super-homem tendem a revelar-se hannibals. Como diz o próprio “Dragão vermelho” ali nas entrelinhas, é um perigo se achar extraordinário.

— Sim, o poder corrompe, seduz e líderes acreditam que são Deus. Mas, você sabe, Super-Homem é uma fantasia — esquiva-se Ratner.

Para assuntos mais leves, então: encerrado “Super-Homem”, Ratner cai de volta nos domínios de Chris Tucker e Jackie Chan: vem aí “A hora do rush 3”.

— Na trama do primeiro, Jackie era o peixe fora d’água. No segundo, era Chris. Desta vez, serão os dois — promete.

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