BRASIL - A rapper Ebony anunciou, nessa sexta-feira (19), a turnê “KM2 Deluxe 2026”, que marca a expansão do universo criativo de seu álbum “KM2”. A nova fase celebra a versão completa do projeto, que ganha novos significados com o lançamento do single “Dona de Casa” e a chegada do KM2 Deluxe, prevista para data ainda não divulgada.
A turnê surge como desdobramento direto do impacto do disco lançado de surpresa em maio, reforçando a proposta artística construída por Ebony a partir de vivências pessoais, identidade e território.
“A tour KM2 foi a primeira que montei participativamente, do VJ, da dança, do figurino, de tudo. Então, ver a galera reagindo a isso com tanta garra fez eu sentir que eu estava fazendo a coisa certa. Mas eu ainda tenho, e sempre vou ter, essa sensação de que dá para ficar melhor, dá para ficar maior, dá para ficar mais polido”, afirmou a artista.
O impacto de “KM2” e a expansão do projeto
Lançado sem aviso prévio, “KM2” rapidamente demonstrou sua força ao emplacar quatro faixas na parada Viral Brasil do Spotify: “Vale do Silício”, “Gin com Suco de Laranja”, “KIA” e “Extraordinária”.
No álbum, Ebony revisita a adolescência vivida na Baixada Fluminense e reflete sobre as complexidades de ser uma jovem mulher negra no Brasil. A narrativa costura temas como família, identidade, traumas e vivências periféricas, consolidando o disco como um marco em sua trajetória.
O novo single “Dona de Casa”, apresentado ao vivo pela primeira vez no Viaduto de Madureira, no Rio de Janeiro, antecipa essa nova etapa. A faixa parte do cotidiano para abordar autoestima, autonomia e origens, tensionando expectativas impostas às mulheres periféricas e ampliando a narrativa construída em KM2.
Discurso no WME Awards expõe críticas à indústria
Além do anúncio da turnê, Ebony esteve no centro das atenções ao discursar durante a 9ª edição do WME Awards, principal premiação dedicada às mulheres na música brasileira. A cerimônia foi realizada na última quarta-feira (17), no BTG Pactual Hall, em São Paulo, onde a rapper recebeu o prêmio de Revelação do Ano.
Durante o discurso, a artista questionou os critérios de reconhecimento da indústria musical, especialmente no rap nacional. Com oito anos de carreira, três álbuns lançados, faixas nos charts e mais de 300 milhões de streams, Ebony destacou a contradição de só agora receber o título de revelação.
“Quanto uma mulher negra do rap precisa conquistar para ser revelação? Será que essa régua é igual para artistas de outros gêneros?”, questionou.
A rapper classificou a indústria musical como “traiçoeira com mulheres negras”, criticando a hipersexualização de seus corpos e a falta de visibilidade midiática. Ao mesmo tempo, reconheceu avanços recentes, afirmando que o setor começa a dar atenção às mulheres que estão moldando a nova geração do rap feminino.
Ebony também cobrou apoio a artistas que abriram caminhos no gênero, como Sharylaine, Negra Li, Dina Di, Kamila CDD, Cris SNJ e Karol Conká, além de destacar a importância de visibilidade para artistas trans e fora do eixo Rio–São Paulo.
“Peço que a indústria apoie as verdadeiras revelações, como Afreekasia, Ciça, Torya. Peço que a indústria apoie MCs fora da região do eixo Rio–São Paulo, como Nic Dias e Áurea Semiseria. Peço para que a indústria apoie MCs trans como a Bixarte, Monna Brutal, a Zaila, entre tantas outras”, declarou.
Ao final, a artista dedicou o prêmio à rapper Nanda Tsunami, apontada por ela como a verdadeira Revelação do Ano.
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