Inquérito

Polícia Federal intima líder indígena Sonia Guajajara por documentário que critica ação do governo na pandemia

Funai aponta "calúnia e difamação" e diz que documentário propaga "fake news".

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h03
A líder indígena Sonia Guajajara.
A líder indígena Sonia Guajajara. (Reprodução / Redes Sociais)

BRASÍLIA - A Polícia Federal intimou a líder indígena Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a prestar depoimento em um inquérito aberto em razão de um documentário divulgado na internet que, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), propaga "mentiras" contra o governo. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (30) pela revista "Época".

O inquérito da Polícia Federal foi aberto pelo delegado Francisco Vicente Badenes Junior em 19 de março, tomando como base documentação e vídeos enviados pela Funai em 7 de outubro de 2020, por meio de ofício assinado pelo presidente da fundação, Marcelo Augusto Xavier da Silva.

Coordenadora da Apib, Sonia Guajajara foi intimada na última terça-feira (27) e teria que prestar depoimento na quinta-feira (29), em Brasília, mas o advogado da líder indígena informou que ela não estava na capital federal e solicitou alteração da data via requerimento. "A perseguição desse governo é inaceitável e absurda! Eles não nos calarão!", protestou Sonia Guajajara em uma rede social.

Em nota, a Apib criticou a intimação de Sonia Guajajara. "O governo busca intimidar os povos indígenas em uma nítida tentativa de cercear nossa liberdade de expressão, que é a ferramenta mais importante para denunciar as violações de direitos humanos. Atualmente, mais da metade dos povos indígenas foram diretamente atingidos pela Covid-19, com mais de 53 mil casos confirmados e 1.059 mortos“, diz a publicação da entidade.

No documentário, uma webserie em oito episódios intitulada "Agora é a Vez do Maracá", a Apib apontou violações de direitos dos povos indígenas pelo governo federal durante a pandemia da Covid-19. De acordo com a entidade, o governo promove "genocídio indígena". A Funai afirma, no ofício, que o documentário é uma "campanha de calúnia e difamação" por suposta divulgação de informações falsas sobre o número de indígenas doentes e mortos e aponta "possível cometimento de calúnia e difusão de fake news e estelionato", além de relacionar a Apib a "organizações comunistas".

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