Cultura

Mostra exibe realidade do presídio de Carandiru

Exposição está em cartaz no Museu da Casa Brasileira.

Daniel Mello/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h46

SÃO PAULO - A exposição Sobre Vivências: Carandiru exibe como os detentos se adaptavam à realidade do presídio, considerado na época o maior da América Latina. A mostra, em cartaz no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, apresenta uma coleção de ferramentas e utensílios improvisados pelos detentos: fornos, filtros, facas e outros objetos podem ser vistos pessoalmente ou por meio de fotografias feitas Renato Soares.

O trabalho de coleta das ferramentas foi feito pela equipe coordenada pela atriz Sophia Bisilliat e pelo jornalista André Caramante, entre 2001 e 2002, últimos anos de funcionamento da casa de detenção. Antes do início do registro, no entanto, os entrevistadores estiveram por seis meses circulando dentro do presídio para conseguir o acesso aos pátios, celas e corredores. Na etapa seguinte foram acompanhados por João Wainer, que fotografou, e Maureen Bisilliat, que gravou em vídeo, os detalhes da vivência.

A exposição é dividida em oito módulos temáticos: limpeza, comida, esporte, religião, celas, saúde, silêncio e solidão. Os capítulos são apresentados pelas palavras do médico Drauzio Varella, que atendeu como voluntário por 13 anos no presídio. Fortalecendo a ambientação, estão expostas fotos de Andreas Heiniger das portas e celas, mostrando como os internos tinham uma arquitetura própria adaptada à situação.

Com a curadoria de Maureen, a mostra faz parte da série Casas do Brasil. Iniciado em 2006, o projeto procura fazer um inventário sobre as diversas formas de habitação no país. Já foram temas a Casa Xinguana (2008), a Barraca Cigana (2012) e a Habitação Ribeirinha na Amazônia(2013).

Com formação em pintura em Paris e Nova York, a fotógrafa Maureen Bisilliat conheceu o Carandiru na década de 1980. Ela trabalhou como documentarista no projeto Teatro no Presídio desenvolvido por Inês de Castro, Sophia Bisilliat e Renato Primo Comi, com a supervisão de Eda Tassara, professora titular do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo.

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