Chuvas deixam 60 mortos e 31 mil desabrigados no NE

Agência Nordeste

Atualizada em 27/03/2022 às 15h09

RECIFE - As fortes chuvas que caem sobre o Nordeste desde o início do mês já deixaram mais de 60 mortos e cerca de 31 mil desabrigados. As águas deixam um rastro de destruição e calamidade. A precipitação já ultrapassou a média histórica em quase toda a Região. Confira, abaixo, a situação estado por estado.

MARANHÃO - Ao contrário de outros estados do Nordeste, as chuvas que caem no Maranhão ainda não preocupam as autoridades maranhenses. Atualmente, a Defesa Civil faz um trabalho de prevenção em áreas consideradas de risco em São Luís e em algumas cidades do Interior do Estado, como Imperatriz, onde o nível do rio Tocantins já subiu dois metros. Nesses casos, de acordo com o capitão Ferreira Costa, da Defesa Civil, o órgão vem trabalhando para orientar os moradores dessas áreas. Em São Luís, 63 prédios do Centro Histórico estão ameaçados.

PERNAMBUCO - Em Pernambuco, as chuvas duram mais de 20 dias consecutivos e já deixaram um saldo de 22 mortes no Interior do Estado, de acordo com dados da Comissão de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe). No último balanço, 826 famílias estavam desabrigadas e os municípios de Ipubi e Orocó, no Sertão, e Pedra, no Agreste, decretaram estado de calamidade pública. Outros 20 municípios do Sertão e do Agreste estão em estado de emergência. São eles: Águas Belas, Araripina, Belém do São Francisco, Bezerros, Bodocó, Chã Grande, Floresta, Gravatá, Iati, Jataúba, Lagoa Grande, Petrolina, Santa Cruz, Santa Maria da Boa Vista, Serra Talhada, Sertânia, Trindade, Ibimirim, Venturosa e Verdejantes.

Um balanço sobre os estragos causados pelas chuvas, elaborado pela Governo de Pernambuco, contabilizou um prejuízo de R$ 27 milhões. O documento, baseado nos registros da Codecipe, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e em relatório das prefeituras das cidades atingidas, foi entregue ontem ao secretário Executivo do Ministério da Integração Nacional, Márcio Lacerda. Entretanto, o vice-governador de Pernambuco, José Mendonça Filho (PFL), não recebeu garantias de que os recursos seriam liberados. Apesar de tudo, Mendonça Filho disse estar satisfeito com as reuniões de ontem, em Brasília e afirmou que o relatório está sendo analisado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, que prometeu agilidade na avaliação dos prejuízos.

PIAUÍ - As chuvas, enchentes e desmoronamentos no Piauí já deixaram onze mortos, 10 mil desabrigados, e mais de 3,5 mil casas desabadas ou em risco de desabamento. Boa parte das estradas estaduais, pelo menos 21 trechos, e seis trechos de rodovias federais estão interditados ou cortados, deixando dez municípios isolados. São mais de 72 cidades em alerta pelo risco de alagamento. Já existem 19 municípios que decretaram estado de calamidade. As mortes ocorreram por afogamento, esmagamento ou desmoronamentos e todas foram registradas no Interior. Até agora, só foram resgatados seis corpos.

Somente em Teresina são 1,5 mil famílias desabrigadas. Segundo levantamento da Federação das Associações de Moradores do Estado do Piauí (Famepi), 500 casas desabaram ou estão embaixo d’água. O presidente da Famepi, Dino Pereira, disse que são 3 mil casas em situação de risco de desmoronamento.

A Defesa Civil realizou uma reunião de emergência com todos os órgãos envolvidos no atendimento de flagelados e socorro às famílias em dificuldades. O Corpo de Bombeiros, prefeituras, Secretaria de Assistência Social, Secretária das Cidades, Departamento de Estradas de Rodagem, Secretaria da Casa Civil e entidades representantivas dos moradores discutiram o plano de socorro e o atendimento emergencial às famílias desabrigadas.

A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) informou que abriu as comportas da Barragem de Boa Esperança, no Rio Parnaíba, o que vai elevar o nível das águas em pelo menos mais um metro.

CEARÁ - As chuvas este ano no Ceará já desabrigaram 70 mil pessoas. Números da Polícia e Defesa Civil dos Municípios apontam 26 mortes, mas a Defesa Civil do Estado só reconhece nove óbitos e duas pessoas desaparecidas. O número de casas atingidas é de 2.143, sendo 107 totalmente destruídas e 2.036 danificadas. A média de chuva em janeiro está em 300 milímetros, sendo que 12 cidades tiveram média acima de 500mm. Em Arneiroz (a 389 quilômetros de Fortaleza), um dos municípios mais atingidos, a média histórica era de 92mm. Ma, este ano, já choveu 545mm, levando prejuízo calculado em R$ 4,1 milhões pelo prefeito Antônio Nunes de Sousa (PSDB). Parte da cidade continua sem energia, água potável, estrada e telefone.

O governador Lúcio Alcântara (PSDB) pediu ajuda ao Governo Federal através de contatos com os ministros Ciro Gomes (Integração Nacional) e José Dirceu (Casa Civil). As bacias hidrográfica já cumularam mais água que todo inverno do ano passado. Em 2003 a média de acúmulo foi de 38,8%. Agora somente em janeiro os açudes estão em média com 42,8% de suas capacidades e 38 grandes açudes já sangraram.

Oficialmente cinco cidades estão em estado de emergência (Sobral,Quiterianopólis, Brejo Santo, Arneiroz e Missão Velha). Quatro municípios decretaram estado de calamidade pública: Salitre, Barbalha, Amontada e Lavras da Mangabeira). Em Fortaleza uma chuva história de 250 milímetros alagou a cidade na madrugada da última quinta-feira. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) foi a maior chuva em janeiro desde 1910.

BAHIA - Desde que começou a chover no Nordeste, prefeitos de 34 municípios baianos decretaram situação de emergência. No entanto, o Governo Estadual homologou a sua situação emergencial em apenas 17 deles. As águas da chuva castigam de forma mais intensa as regiões Norte e Nordeste do Estado e alguns municípios do Recôncavo e Chapada como Remanso, Sento Sé, Serrinha, Serrolândia, Terra Nova, Xique-Xique, Araci, Baixa Grande, Biritinga, Bom Jesus da Lapa, Cardeal da Silva, Catu, Cícero Dantas, Conceição do Coité, Conde, Gandu, Inhambupe, Itiúba, Juazeiro, Macaúbas, Mundo Novo, Queimadas, Riachão do Jacuípe, Rio de Contas, Rui Barbosa, Santanópolis, Sátiro Dias e Senhor do Bonfim.

Os técnicos da Coordenação Estadual de Defesa Civil (Cordec) e da Secretaria do Trabalho e Ação Social (Setras) continuam trabalhando em várias frentes para verificar os estragos, condição para o reconhecimento e homologação da situação de emergência pelo Governo Estadual. Embora o tempo tenha melhorado na Bahia, as precipitações pontuais que tem ocorrido na Bahia ainda provocam estragos, derrubando casas, pontes, provocando inundações e arrasando plantações.

Centenas de famílias estão desabrigadas. A Cordec ainda não tem um numero preciso porque ele muda a cada dia. Nos últimos dia as chuvas isolaram três municípios baianos. O distrito de Riacho Seco, na margem direita do Rio São Francisco, a 43 km da sede do município de Curaçá, teve mais de 70% de sua área habitacional tomada pelas águas, com o rompimento de cinco barragens, deixando Paulo Afonso, Rodelas e Glória sem comunicação.

Esta semana a ligação de Paulo Afonso com Salvador já havia sido prejudicada por conta da queda de uma ponte na BR-101 e com isso os três municípios só podem se comunicar por terra com Pernambuco. No município de Conde, existem 2 mil pessoas prejudicadas pela enchente. Ate a manhã da última quinta-feira, o Serviço de Meteorologia havia registrado 297.3 mm de precipitação na capital, contra uma média histórica mensal, em janeiro, de 110.9 mm.

PARAÍBA - A ação devastadora das chuvas em alguns municípios paraibanos deixou 9,5 mil pessoas desabrigadas, até o momento, de acordo com dados da Defesa Civil Estadual. As famílias espalhadas por 27 cidades do Estado estão sendo atendidas por representantes da Secretaria de Trabalho e Ação Social (Setras) e da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Até o momento, foram distribuídos mil cestas básicas, 800 colchões, 850 cobertores, mil agasalhos e 300 quilos de leite. As chuvas também foram responsáveis pela degradação de aproximadamente 400 quilômetros de rodovias estaduais e, entre as federais, oito trechos foram destruídos ou inspiram cuidados.

A boa notícia fica por conta da situação dos açudes. De acordo com o último levantamento da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), 45 dos 133 reservatórios monitorados pelo órgão estão sangrando.

O Governo do Estado iniciou a retirada da população que construiu casas nas imediações do barramento do açude Epitácio Pessoa (Boqueirão). O reservatório se encontra com volume superior a 85% de sua capacidade e deve sangrar até este final de semana. Caso isso aconteça, as casas serão destruídas.

RIO GRANDE DO NORTE - No Rio Grande do Norte, as fortes chuvas das últimas semanas afetaram mais de 6 mil pessoas. O Governo do Estado ainda não concluiu o relatório final sobre as conseqüências da precipitação, que atingiu com calamidade cerca de 20 municípios potiguares e deixou duas mortes nas cidades de São José do Campestre e Nova Cruz (no Agreste do Estado).

A mais atingida foi a cidade de São José do Campestre (distante 107 quilômetros de Natal), que possui 11.200 habitantes. Naquela localidade, cerca de 3.200 pessoas foram afetadas pelas chuvas. O bairro da Paraíba ainda está ilhado e os técnicos da Prefeitura só conseguem chegar de canoa.

A governadora Wilma de Faria (PSB) já apresentou o relatório preliminar da situação dos municípios potiguares ao Governo Federal e diariamente a Secretaria Estadual de Interior, Justiça e Cidadania (Sejuc) envia relatórios para o Ministério da Integração Nacional. O secretário Leonardo Arruda destaca que a grande preocupação agora, além de assistir as famílias desalojadas, é monitorar o nível dos açudes e reforçar as paredes dos reservatórios. Para visitar as cidades atingidas, foi formada uma Comissão Estadual de Defesa Social que vai a cada município e elabora o relatório da situação local.

ALAGOAS - Em Alagoas 16 municípios decretaram estado de emergência por causa das chuvas que vêm caindo sobre o Estado. Até agora seis pessoas morreram e mais de 2 mil estão desabrigadas. Segundo a Defesa Civil, nas últimas semanas não houve evolução de desastres nos municípios. A intenção, agora, é esperar os diagnósticos epidemiológicos, que estão sendo feitos pela Secretária de Saúde.

Ainda não entraram no planejamento da Defesa Civil os nove municípios alagoanos localizados no Baixo São Francisco (Piranhas, Pão de Açúcar, Belo Monte, Traipu, São Brás, Porto Real do Colégio, Igreja Nova, Penedo e Piaçabuçu) que podem sofrer inundação por causa da elevação do Rio São Francisco. O rio transbordará porque a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) decidiu abrir as comportas das barragens de Paulo Afonso e Xingó, que estão cheias por causa das chuvas que caem no vale e nos afluentes. Com a providência, a vazão abaixo das barragens aumentou de 1.100 metros cúbicos por segundo para 4.500 metros, mas deve chegar a 5,5 mil metros.

SERGIPE - Oito mortos, um dos quais ainda não confirmado, perímetros irrigados e bares inundados e mais de 4 mil desabrigados. Este é o saldo deixado pelas chuvas e o aumento da vazão da Usina Hidrelétrica de Xingó em 12 municípios de Sergipe, conforme a Defesa Civil. Os atingidos estão recebendo ajuda dos governos Federal, Estadual e municipais. Os ribeirinhos abandonaram as suas casas e estão sendo assistidos em escolas e prédios públicos. O coordenador da Defesa Civil, Adalberto Figueiredo, disse que tem chegado ajuda, mas ainda não é o suficiente para todos os atingidos.

Poço Redondo (a 184 km de Aracaju) tem 17 povoados isolados da sede do município e os técnicos da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros estão levando alimentos e roupas fazendo uso de barcos. Lá e em Canindé do São Francisco pontes e estradas foram destruídas pelas chuvas que atingem a região desde o último dia 21. O Exército, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar estão desobstruindo vias públicas.

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