Atitude

São Luís: Mulheres articulam luta pelo fim da cultura do estupro

Plenária ocorreu neste sábado (28) na sede do Iphan, em São Luís.

Ingrid García / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h32
A plenária foi realizada no prédio do Iphan, em São Luís. (Foto: Ingrid García / Imirante.com)
A plenária foi realizada no prédio do Iphan, em São Luís. (Foto: Ingrid García / Imirante.com)

SÃO LUÍS – Neste sábado (28), um grupo de mulheres de São Luís se organizou em prol da luta contra a banalização do estupro e machismo no Brasil. A plenária ocorre durante a tarde deste sábado (28) na ocupação da resistência cultural, no prédio do Iphan, localizado no Centro Histórico de São Luís. Mulheres de vários grupos feministas da cidade se reúnem para dizer não ao machismo e violência sexual contra mulheres.

A ação foi organizada com o objetivo de prestar solidariedade à vítima de um estupro coletivo que ocorreu esta semana no Rio de Janeiro, quando uma jovem de apenas 16 anos foi brutalmente violentada por 33 homens em uma favela. O ato discute temas como protagonismo feminino, cultura do patriarcado, banalização do estupro e culpabilização das vítimas de violência sexual.

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As discussões chamam atenção para os dados estatísticos que comprovam a grande quantidade de vítimas de estupro todos os dias no país. Segundo dados do 9º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 11 minutos uma mulher é vítima de estupro no Brasil. Só no ano de 2014 mais de 46 mil mulheres sofreram violência sexual no país.

Para Carol Fonseca, ativista do movimento feminista e integrante do Coletivo Fridas, a violência contra as mulheres é muito banalizada no Brasil. "Eu acho que quando algo se torna indignação geral, todos os olhos se voltam para aquela situação. As pessoas começam a ver que aquela situação, por mais que seja cotidiana, ela não é normal e com essa reunião de mulheres e essa união feminina para discutir essas temáticas servem para mostrar para a sociedade que não vamos nos calar. A nossa voz é muito importante para combater o machismo e o sexismo e se torna muito mais essencial num momento como esse", diz a ativista.

Mulheres de vários grupos feministas se reuniram para dizer não ao machismo. (Foto: Ingrid García / Imirante.com)
Mulheres de vários grupos feministas se reuniram para dizer não ao machismo. (Foto: Ingrid García / Imirante.com)

O evento, também, visa mobilizar e discutir as ações para a manifestação que vai ocorrer nesta sexta-feira (3). De acordo com a organização do evento, o ato com nome "Por todas elas" surgiu nacionalmente e deve ocorrer em todo o país em solidariedade à menina vítima de estupro coletivo.

Sobre o crime de estupro, a ativista do movimento feminista, Carol Fonseca, relata que a luta feminina é de extrema importância para combater o machismo da sociedade. "Quando acontece um crime dessa magnitude é importante que a gente [as mulheres] se manifeste. Porque, infelizmente é só nesses momentos que a sociedade começa a se questionar sobre machismo e a perceber que ele realmente está impregnado na mente das pessoas. A violência contra as mulheres é tão banalizada que um estupro é tratado com a mesma normalidade que um assalto".

A reunião contou com a presença de vários grupos feministas de São Luis, como o Coletivo Fridas, Coletivo Catirinas e Coletivo Quebradeiras de Coco. Durante as falas também foi lido o relato da adolescente vítima de violência sexual.

Veja um trecho do relato:

Hoje acordei desejando nunca mais
acordar
O sol brilha lá fora
Mas aqui dentro faz tanto frio.
Me tocaram
Da pior forma que se pode tocar uma
mulher.
Era uma noite de festa
Dança
Paixão
Juventude
Mas tudo se perdeu num copo
Num drink
Num gole.
Meu namorado me dopou
Me drogou.
Lembro das primeiras conversas
Do primeiro beijo
Do primeiro abraço.
Eu pensava que naqueles braços
Eu iria encontrar proteção.
Eu estava enganada.
O crime da noite passada não tem
perdão.
Quando acordei estava pelada
Penetrada
Violada
30 bichos em cima de mim
30 monstros
30 bichos papões
30 pesadelos
30 HOMENS.[...]

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