Especial Buracos

Buracos e alagamentos são desafios em bairros da capital

Especialista explica as possíveis causas do desgaste acelerado do asfalto, em SL.

Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h56
 Travessa São Jorge, no Anil. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Travessa São Jorge, no Anil. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.

SÃO LUÍS – Buracos de cima a baixo é o que se observa na Travessa São Jorge, no bairro do Anil. A situação só melhora quando os próprios moradores se reúnem para tapar os buracos. “Nós que colocamos concreto, mas a chuva vem e acaba com tudo. Quando vieram asfaltar, só colocaram na rua principal, onde passam os ônibus”, conta a dona de casa Ana Rocha, enquanto caminha pela via esburacada.

No bairro Chácara Brasil, os buracos, na Rua Pernambuco e na Avenida Bahia, se transformam em poças d’água quando chove. Atolados, os carros pequenos passam arranhando no chão. De bicicleta, José Carlos faz manobras, em meio aos buracos preenchidos com pedaços de tijolos, na Via Coletora 2000, no Parque Vitória. “Esse asfalto é da finura de uma folha de papel”, reclama.

 Ruas do bairro Parque Vitória. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Ruas do bairro Parque Vitória. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.

De acordo com o professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Walter Canales Sant'ana, a resposta para o rápido desgaste do asfalto, utilizado nas ruas e avenidas de São Luís, pode está nos elementos que compõem a massa. “O asfalto é ótimo. O problema está no material para a mistura asfáltica: areia e brita. E pode haver problemas, ainda, na execução da obra, dimensionamento do pavimento ou no projeto da mistura”, revela.

O professor explica que o asfalto, que dá a coloração preta, corresponde a apenas 5% em peso da mistura, ou pouco mais. Quanto à espessura da camada de revestimento, segundo ele, normalmente, é em torno de cinco centímetros. “Não está errado. Na verdade, quem vai segurar o peso dos veículos não é essa camada de asfalto, mas sim, a base, a parte de baixo. E as nossas bases são, naturalmente, fracas, não sendo ideais para o tráfego pesado”, afirma.

O problema afeta, também, quem está a pé, na chuva. Crateras viram piscinas de água barrenta. “Daqui a pouco, estamos andando de canoa, afirma Natália dos Santos, que tem uma barraca de lanches na Via Coletora 6000, no mesmo bairro. Segundo ela, um motorista chegou a invadir, com o carro, o espaço e rasgou parte da tenda. Tudo para fugir da vala que se formou no meio da rua. “Está bem fundo. O carro que passa até afunda”, aponta Natália.

 Via Coletora 6000, no Parque Vitória. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Via Coletora 6000, no Parque Vitória. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.

O cenário é, ainda, mais crítico nos locais em que passam veículos de maior porte. Na Rua Nossa Senhora da Vitória, também, no Parque Vitória, não é de hoje que os ônibus trafegam, lentamente, na pista em péssimas condições. “Estamos há mais de vinte anos com esse problema”, afirma o vendedor Valter Silva.

E, é possível encontrar situações mais complicadas. Na Rua Nova, no Turu, uma carreta tenta fazer uma curva e, além de ser imensa para vias tão estreitas, existe, ainda, o problema dos buracos.

 Carreta trafega pela Rua Nova, no Turu. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Carreta trafega pela Rua Nova, no Turu. Foto: Neto Cordeiro/Imirante.com.

Ainda, segundo o professor, a pavimentação é, geralmente, projetada para durar dez anos. Mas, as condições das vias dependem de manutenção e de drenagem. “O poder público falha na manutenção. As fissuras, mais tarde, se transformam em buracos. Se feita a manutenção, é possível atingir os dez anos”, diz.

“Não adianta fazer pavimento perfeito, se não há drenagem eficiente. Em época de chuvas, a água não escorre em ruas, totalmente, planas. A via precisa ter uma declividade transversal, com sarjetas, bocas de lobo e calçadas”, acrescenta. Esta declividade transversal consiste em ruas e avenidas projetadas em forma de arco. Isso facilita, segundo Canales, o escoamento da água das chuvas, evitando infiltração - problema que pode tornar o asfalto cada vez mais frágil. Porém, a cidade carece de toda essa estrutura. “Em São Luís, poucas ruas têm isso”, observa.

Em nota, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) informou que vai enviar equipes aos locais visitados pelo Imirante.com.

Leia, abaixo, a íntegra da nota:

”A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) informa que serão enviadas equipes técnicas aos locais citados na reportagem para averiguar se os problemas de infraestrutura são referentes à recuperação do pavimento ou se necessitam de alguma correção no sistema de drenagem. Tão logo sejam constatados os serviços necessários, as ruas entrarão na programação de serviços da Semosp. A Secretaria está com equipes trabalhando no percurso de ônibus do Pão de Açúcar, Anil, e Rua Valência, Residencial Ipês, no Turu, além dos bairros Cidade Operária, Janaína, Jordoa, Fátima, São Cristóvão, Forquilha, Santo Antônio, João Paulo, Anjo da Guarda, Maracanã, Cohama e João de Deus.”

 Arte: Neto Cordeiro/Imirante.com.
Arte: Neto Cordeiro/Imirante.com.

Veja as imagens na galeria abaixo. As fotos são de Neto Cordeiro, do Imirante.com.

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