Poluição

Rio Itapecuru sofre impactos ambientais em ritmo acelerado

A cidade de Caxias enfrenta problemas, uma vez que o rio apresenta assoreamento.

Lorena Miranda/Especial para O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h18

CAXIAS - O Rio Itapecuru, principal fonte de abastecimento de água de Caxias, está sofrendo impactos ambientais. A manutenção do rio é imprescindível para a população, já que a maior parte dela é dependente dessa fonte hídrica para a sobrevivência. Contudo, nos últimos anos, o rio apresenta baixa do nível de água, assoreamento e poluição ambiental.

Nesta época do ano, com a estiagem, o nível do rio baixa e esse fator não traz boas consequências, a começar pelo aumento do assoreamento. Uma análise realizada recentemente por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) apontou sérios problemas no Itapecuru. O rio sofre com o assoreamento, pois registrou uma vazão de água de 38m³ por segundo, quando o normal seria, pelo menos, 50m³.

Segundo o técnico em hidrologia, Raimundo Ferreira, o assoreamento é consequência da grande vazão do rio. “Quando o nível do Itapecuru baixa, consequentemente, as árvores localizadas nas margens do rio perdem sua base de sustentação. Assim, quando acontece qualquer ação natural, como ventos, por exemplo, a areia que está no local desce para o rio, já que a raiz não é mais capaz de segura-lá”, detalhou.

Há ainda outros fatores que contribuem para o assoreamento, como o desmatamento desordenado nas margens do Rio Itapecuru. Com a vazão anormal, a grande preocupação é relativa ao abastecimento de água da cidade.

A baixa do rio resulta em menor captação da água bruta para produção de água potável. A Estação de Tratamento de Água de Volta Redonda (ETA), responsável pelo abastecimento de cerca de 80% da população caxiense, tem seu desempenho comprometido, já que o fluxo de água diminui neste período do ano.

“A ETA tem grande dificuldade de captação de água potável. Infelizmente, nossa fonte de abastecimento, o Rio Itapecuru, sofre com as ações naturais e humanas. Levar água com qualidade de consumo é um desafio, principalmente de setembro a dezembro, quando o fluxo de água é reduzido significativamente”, explicou o assessor de comunicação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Cleuton Meneses.

Humanos - Além dos fatores naturais, o Rio Itapecuru é também vítima das ações humanas. A extração de insumos do rio, como argila (utilizada na construção civil para fabricação de telhas e tijolos) depreda o rio. Uma das consequências é a formação de ilhas ao longo do seu percurso. Há, ainda, a extração de calcário e areia.

A poluição do rio é outro fator que causa impactos ambientais. Material orgânico é descarregado diariamente no Itapecuru e este não é produzido somente no ambiente doméstico, mas também na indústria e no hospital.

O Rio Itapecuru sofre ainda com o despejo de esgoto. Como não há sistemas de tratamento de esgoto adequados, tudo que sai das casas ribeirinhas é jogado no rio.

Projeto

Já existe no município de Caxias uma tentativa de amenizar o problema do esgoto que jorra diretamente no Rio Itapecuru, sem tratamento. Um Projeto de Esgotamento Sanitário está sendo desenvolvido na cidade.

Em alguns bairros, parte do esgoto que sai das casas passa por um tratamento antes de chegar ao rio. A Estação de Tratamento de Esgoto de Volta Redonda (ETA) trata os efluentes (geralmente produtos líquidos ou gasosos produzidos por indústrias ou resultante dos esgotos domésticos urbanos) que são lançados no meio ambiente.

A ETA instalou mais de mil ligações em residências que lançavam diariamente centenas de litros de água servida aos riachos, córregos e no Itapecuru. O tratamento para diminuição do odor do esgoto é desenvolvido após a criação de um cinturão verde, com pés de eucalipto, causando um sistema de quebra de camadas de lodo dos tanques da estação. Na etapa final do processo, a água é lançada limpa ao Rio Itapecuru.

A água potável que chega às casas precisa ser utilizada de maneira adequada pela população. Uma das alternativas é o racionamento. O desperdício é uma das causas da falta de pressão na rede e desabastecimento.

Mais

Previsão

Segundo o atlas divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), cerca de metade das cidades responde por 70% do consumo hídrico no Brasil; estudo conclui que será necessário investimento de R$ 70 bilhões para garantir oferta do recurso até 2025.

Problemas

Estudos da ANA dizem que de todos os municípios brasileiros, mais da metade (55%) poderá ter problemas no abastecimento de água até 2015. Esses municípios representam mais de 70% do consumo de água.

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