SÃO LUÍS - Em um cenário noturno, derivado de pobreza, más condições e falta de interesse público, jovens, que trazem no olhar sonhos e expectativas, driblam o cansaço, a discriminação, as dificuldades, e produzem um belo trabalho literário.

“Luz que vem da noite” é o título do fruto de muito esforço e dedicação dos alunos-autores de uma escola pública estadual de São Luís. O trabalho é resultado de um projeto de produção textual e oficina de paródia, coordenado pela professora Wanda Cunha, que originou um livro de 32 páginas de paródias, todas produzidas pelos alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Professora Maria Helena Duarte.

E é em clima de euforia, vitória e conquista que ocorre nesta sexta-feira (18), às 20h30, o lançamento da obra na sede da escola, na periferia da cidade, na avenida Contorno do Rio Anil.

Iniciativa

A iniciativa nasceu atrelada ao projeto “Viagem através da Literatura”, liderado pelas professoras Valdicléia Veras e Wanda Cunha. O objetivo era resgatar o incentivo à leitura junto à classe estudantil do turno noturno, e resgatou, pois, “além de a gente resgatar conhecimentos adquiridos anteriormente, passamos a ter maiores conhecimentos de literatura e das artes, em geral”, diz Mara Gusmão, aluna-autora, doméstica de 17 anos.

A linguagem, a gramática, a literatura e a produção de texto são disciplinas que compõem a produção. Deusiane da Costa, aluna-autora de 20 anos tem o privilégio de mostrar que o conteúdo foi muito bem aplicado, com a paródia “A um curioso”, baseada na poesia “A um passarinho”, de Vinícius de Morais. A estudante traduz, em poucas linhas, a beleza da escrita e a capacidade de interpretação.

Eis a poesia de Vinícius: “Para que vieste/na minha janela/ meter o nariz?/ Se foi por um verso/ não sou mais poeta/ando tão feliz”. A aluna parodiou dessa forma: “Para que vieste/marocar na minha janela/Te quebro o nariz!/ Não quero conversa,/ pois quem procura conversa/ é uma pessoa infeliz.”

“Este projeto tocou fundo a alma de cada aluno e os motivou a expressar, nas letras, seus sentimentos, suas idéias e paixões” foi desta forma que a professora Lucia Rosalo, diretora da escola, conceituou o trabalho.

Para Wanda Cunha “é um estímulo à produção textual, dentro de uma linha de que é preciso ler para escrever e é preciso escrever para continuar lendo”, e a maior manifestação é ver o resultado da dedicação desses alunos. “A iniciativa também serve de incentivo para outros alunos e demonstra que nós somos inteligentes, criativos e dotados de habilidades artísticas”, diz Edvan, aluno-autor e responsável pelo design.

Ações como estas precisam ser apreciadas e apoiadas pelas autoridades, considerando que é um exemplo de vida, um avanço para mudar esta realidade social.

Com informações da Assessoria de Comunicação.

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