Trânsito

São Luís possui 4,94 habitantes por veículo

Frota da capital conta com 201.702 veículos.

Mariana Oliveira/G1

Atualizada em 27/03/2022 às 13h06

SÃO PAULO - Em 15 das maiores cidades brasileiras, a quantidade de veículos corresponde a pelo menos metade da população, ou seja, um carro para cada dois habitantes, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O G1 fez o levantamento em todas as capitais e nas cidades com mais de 400 mil habitantes - ao todo são 58 municípios. A reportagem utilizou os dados mais recentes da frota nacional (referentes a maio de 2009) e da estimativa populacional do IBGE (realizada neste ano).

Quatro cidades têm um veículo para cada 1,6 habitante: Curitiba (PR), Goiânia (GO), Ribeirão Preto e São José do Rio Preto (SP).

Florianópolis (SC), Campinas e Santo André (SP) têm um veículo para cada 1,7 habitante. A capital paulista tem um para cada 1,8 habitante.

Caxias do Sul (RS), Santos, São Bernardo do Campo (SP) e Londrina (PR) tem um veículo para cada 1,9 habitante. Joinvile (SC), Palmas (TO) e Sorocaba (SP) têm exatamente um veículo para cada dois moradores.

As capitais Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS), por exemplo, registram um veículo para pouco mais de dois habitantes.

Veja tabela abaixo com os dados de todas as cidades maiores de 400 mil habitantes - as capitais estão em negrito:

Para Maurício Broinizi, coordenador-executivo do Movimento Nossa São Paulo, entidade que atua pela redução do uso de veículos na capital paulista, é preciso considerar que parte dos veículos informados pelo Denatran não está mais em circulação.

"Os Detrans (Departamentos Estaduais de Trânsito) têm grande dificuldade em dar baixa nos veículos fora de circulação. Ainda assim, um veículo a cada dois habitantes é muita coisa. Se considerar a população total, não somente a adulta que tem carta de motorista, temos um número exagerado de automóveis."

Broinizi afirma que a única solução para reduzir a quantidade de automóveis em circulação é a melhoria do transporte público coletivo.

"Em São Paulo, o metrô está abarrotado no horário de pico. Os ônibus estão mal avaliados. O transporte público coletivo, que está rodando com sua capacidade máxima, é a única solução para esta questão. As pessoas têm o direito de ter carro, o grande problema é usar como meio de transporte. E complica o sistema viário da cidade, que não suporta a frota que tem. É preciso solução que atraia o usuário para o transporte público."

O coordenador do Movimento Nossa São Paulo disse que a cidade de Curitiba (PR) é um exemplo de que a quantidade de carros pode ser contornada com oferta de transporte público.

"Em Curitiba, por mais que o número de carros por habitante seja mais elevado, não se utiliza o carro como transporte diário. Em São Paulo, tem uma classe média que vê o transporte público como ruim. E, de fato, não oferece um bom serviço. Em Curitiba aconteceu o contrário. A cidade foi exemplo para várias outras do mundo e o transporte público é visto pela população de outra forma."

O advogado Marcelo Araújo, especialista em trânsito e assessor jurídico do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran) do Paraná, concorda que, em Curitiba, o fato de existir um veículo para cada 1,6 habitante não acarreta influência negativa no trânsito local.

"Há um número alto de locadoras que registram os veículos na cidade por conta do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) mais barato. Além disso, nem todos os veículos estão circulando. Tem muitas pessoas com mais de um veículo e não sai com todos ao mesmo tempo. (...) Em Curitiba você tem um trânsito que em alguns lugares e horários se torna problemático, mas não significa um trânsito parado, como em São Paulo."

Araújo diz que o transporte público colabora para que o trânsito flua bem na cidade.

Taxa baixa

A cidade do Rio de Janeiro, a segunda mais populosa do país, tem um índice de 3,2 pessoas para cada veículo. Mas, na avaliação do professor Paulo César Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a proporção deve subir em alguns anos.

"Essa taxa que é mais baixa do que em outras capitais em alguns anos deve alcançar taxas como a de São Paulo. Hoje o trânsito flui, mas tem ficado cada vez mais congestionado. O horário de pico se ampliou e o trânsito tem se espalhado por mais ruas. E isso deve piorar."

Ribeiro também avalia que a única solução é o investimento em transporte público de qualidade para que as pessoas optem por deixar o carro em casa.

O especialista em trânsito Cyro Vidal, que foi diretor do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de São Paulo por dez anos e participou da elaboração do Código Brasileiro de Trânsito, acrescenta ainda que não se pode deixar de lado a discussão sobre a substituição da frota antiga.

"E aí vem a dificuldade porque eles (poder público) não sabem o que fazer com esses veículos antigos, mas é preciso discutir o problema."

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