Dia do Sexo

Vício em sexo: saiba como o prazer pode virar obsessão

Compulsão sexual torna pessoas dependentes do próprio desejo.

Angra Nascimento / Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h40

IMPERATRIZ – O sexo é uma atividade prazerosa que eleva a autoestima. Porém, existe uma linha que divide a apreciação saudável e a vontade inquieta de fazer sexo, denominada pelos especialistas como compulsão sexual. Algumas pessoas gostam tanto de sexo, que viram escravas da necessidade de buscar sempre alguma fantasia sexual, alguma aventura e até a masturbação.

De acordo com a sexóloga Cristina Porto, o vício afeta homens e mulheres, porém, o número maior é de homens: 95%. Ela atribui esse vício à banalização do sexo.

 Compulsão sexual torna pessoas dependentes do próprio desejo. (Foto: Divulgação/ Internet)
Compulsão sexual torna pessoas dependentes do próprio desejo. (Foto: Divulgação/ Internet)

“O sexo está tão banalizado, nossa sociedade está tão saturada de sexo que hoje em dia, você ver sexo em tudo. Vivemos um bombardeio de propagandas com informações sexuais, o sexo vende de tudo”, observa a especialista, ressaltando que, de uma coisa bonita, a atividade sexual passa a ser uma coisa banal e corriqueira.

“Assim como as drogas, o sexo é um mal que está aí, e é fácil uma pessoa ficar viciada”. A especialista alerta que a compulsão por sexo, geralmente começa na passagem da infância para a adolescência, um período da vida em que se formam os vícios sexuais. “Quando a criança descobre o prazer, seja por masturbação, seja por alguém que a seduziu, ela acaba se tornando escrava do prazer”, enfatiza. Esse vício tende a aumentar graças as pornografias disponíveis e ao alcance de todos.

“Uma criança que tem contato com uma revista pornográfica, por exemplo, a pornografia tem um poder tremendo de ficar no subconsciente. E aí, a tendência é o desejo sexual iniciar, aumentar e criança começar a buscar meios de satisfazer esse desejo”, diz. “De um simples desejo, começa a se instalar o vício”.

Uma pessoa viciada em sexo não é aquela pessoa que pratica relações sexuais várias vezes por semana, e sim, aquela que tem a ideia fixa e está sempre pensando em sexo e tem constante necessidade de buscar o prazer. É o caso do jovem W.P.A, de 32 anos.

 Vício aumenta graças as pornografias disponíveis. (Foto: Divulgação/ Internet)
Vício aumenta graças as pornografias disponíveis. (Foto: Divulgação/ Internet)

Em poucas palavras, ele afirmou que a vontade de fazer sexo supera os riscos. “Geralmente, eu só consigo trabalhar, se antes fizer sexo, e antes de dormir, tem que ter sexo”, disse o rapaz, que apesar de ter uma parceira fixa, recorre muitas vezes à masturbação para saciar o desejo do prazer.

Sobre isso, a sexóloga Cristina Porto classifica que que todas as pessoas têm níveis de desejo sexual. “Umas tem menos desejo, outras têm médio, e outras têm muito desejo. Ter muito desejo sexual não transforma a pessoa em um viciado, o viciado é aquela pessoa que não consegue viver mais sem sexo. Ou seja, ela se tornou escrava, ela sente desejo o tempo todo, ela não consegue mais pensar em outra coisa. A mente dela é povoada por fantasias e ela precisa satisfazer esse desejo. Se a pessoa não tem um parceiro, ela se torna escrava de pornografia e masturbação”, esclarece.

A especialista ressalta, porém, que o viciado não tem controle sobre seus desejos, e geralmente se relaciona com a primeira pessoa que aparece, sem pensar nas consequências. “É um vício semelhante ao vício da cocaína, heroína. É um desejo que domina a pessoa e ela perde o controle, sem pensar nos riscos”, afirma, lembrando que muitas vezes a pessoa nem se dá conta de que está viciado.

Principais sinais

A ideia fixa de estar sempre buscando a sexualidade acarreta uma série de problemas, como por exemplo, a dificuldade de se concentrar no trabalho. “Muitas pessoas perdem o emprego, perdem o casamento, deixam de ter vida social, porque a mente fica totalmente possuída pela ideia de ter prazer. E só então, é que essa pessoa percebe que pode estar viciado e decide procurar ajuda”, afirma Cristina Porto. “É exatamente como o vício da droga. É algo compulsivo, a pessoa fica descontrolada”, completa a especialista.

A doença tem vários sintomas, sendo que os principais indicadores são a autoestima afetada, misturada a sentimentos de ansiedade, angustia e até vergonha. “Quando a pessoa se dá conta do problema e procura ajuda, geralmente ela está desesperada. Ou seja, o prazer que era para ser uma coisa saudável, se transforma em doença”, afirma a especialista. E ressalta> “a compulsão sexual tem que ser tratada”.

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