IMPERATRIZ – O sexo é uma atividade prazerosa que eleva a autoestima. Porém, existe uma linha que divide a apreciação saudável e a vontade inquieta de fazer sexo, denominada pelos especialistas como compulsão sexual. Algumas pessoas gostam tanto de sexo, que viram escravas da necessidade de buscar sempre alguma fantasia sexual, alguma aventura e até a masturbação.
De acordo com a sexóloga Cristina Porto, o vício afeta homens e mulheres, porém, o número maior é de homens: 95%. Ela atribui esse vício à banalização do sexo.
“O sexo está tão banalizado, nossa sociedade está tão saturada de sexo que hoje em dia, você ver sexo em tudo. Vivemos um bombardeio de propagandas com informações sexuais, o sexo vende de tudo”, observa a especialista, ressaltando que, de uma coisa bonita, a atividade sexual passa a ser uma coisa banal e corriqueira.
“Assim como as drogas, o sexo é um mal que está aí, e é fácil uma pessoa ficar viciada”. A especialista alerta que a compulsão por sexo, geralmente começa na passagem da infância para a adolescência, um período da vida em que se formam os vícios sexuais. “Quando a criança descobre o prazer, seja por masturbação, seja por alguém que a seduziu, ela acaba se tornando escrava do prazer”, enfatiza. Esse vício tende a aumentar graças as pornografias disponíveis e ao alcance de todos.
“Uma criança que tem contato com uma revista pornográfica, por exemplo, a pornografia tem um poder tremendo de ficar no subconsciente. E aí, a tendência é o desejo sexual iniciar, aumentar e criança começar a buscar meios de satisfazer esse desejo”, diz. “De um simples desejo, começa a se instalar o vício”.
Uma pessoa viciada em sexo não é aquela pessoa que pratica relações sexuais várias vezes por semana, e sim, aquela que tem a ideia fixa e está sempre pensando em sexo e tem constante necessidade de buscar o prazer. É o caso do jovem W.P.A, de 32 anos.
Em poucas palavras, ele afirmou que a vontade de fazer sexo supera os riscos. “Geralmente, eu só consigo trabalhar, se antes fizer sexo, e antes de dormir, tem que ter sexo”, disse o rapaz, que apesar de ter uma parceira fixa, recorre muitas vezes à masturbação para saciar o desejo do prazer.
Sobre isso, a sexóloga Cristina Porto classifica que que todas as pessoas têm níveis de desejo sexual. “Umas tem menos desejo, outras têm médio, e outras têm muito desejo. Ter muito desejo sexual não transforma a pessoa em um viciado, o viciado é aquela pessoa que não consegue viver mais sem sexo. Ou seja, ela se tornou escrava, ela sente desejo o tempo todo, ela não consegue mais pensar em outra coisa. A mente dela é povoada por fantasias e ela precisa satisfazer esse desejo. Se a pessoa não tem um parceiro, ela se torna escrava de pornografia e masturbação”, esclarece.
A especialista ressalta, porém, que o viciado não tem controle sobre seus desejos, e geralmente se relaciona com a primeira pessoa que aparece, sem pensar nas consequências. “É um vício semelhante ao vício da cocaína, heroína. É um desejo que domina a pessoa e ela perde o controle, sem pensar nos riscos”, afirma, lembrando que muitas vezes a pessoa nem se dá conta de que está viciado.
Principais sinais
A ideia fixa de estar sempre buscando a sexualidade acarreta uma série de problemas, como por exemplo, a dificuldade de se concentrar no trabalho. “Muitas pessoas perdem o emprego, perdem o casamento, deixam de ter vida social, porque a mente fica totalmente possuída pela ideia de ter prazer. E só então, é que essa pessoa percebe que pode estar viciado e decide procurar ajuda”, afirma Cristina Porto. “É exatamente como o vício da droga. É algo compulsivo, a pessoa fica descontrolada”, completa a especialista.
A doença tem vários sintomas, sendo que os principais indicadores são a autoestima afetada, misturada a sentimentos de ansiedade, angustia e até vergonha. “Quando a pessoa se dá conta do problema e procura ajuda, geralmente ela está desesperada. Ou seja, o prazer que era para ser uma coisa saudável, se transforma em doença”, afirma a especialista. E ressalta> “a compulsão sexual tem que ser tratada”.
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