Investigação

"Eu vou botar mais água na gasolina", diz dono de posto

Gravações telefônicas mostram que empresários alteravam teor de álcool em combustíveis.

Diego Torres / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h56

SÃO LUÍS - Além de discutir como seria feito o acerto no preço do combustível, a investigação do Ministério Público Estadual (MP/MA) também conseguiu interceptar diálogos entre empresários do setor nos quais eram decididos quanto de água colocar nos combustíveis. A adição de água na gasolina foi definida após os donos de posto terem tomado conhecimento de que o Governo brasileiro importaria etanol dos Estados Unidos, onde o teor de água é 0,6% maior.

"E o Brasil vai vai importar álcool agora também dos Estados Unidos. Eu vou até botar mais água aqui no anidro, justamente para controlar isso." A afirmação é do ex-presidente do Sindicatos dos Revendedores de Combustíveis do Maranhão, Dileno Tavares e mostra mais uma 'ferramenta' utilizada por donos de postos para aumentarem seus lucros.

Seu interlocutor é outro empresário que responde: "É bom, eu vou botar mais água na gasolina e no álcool, 0,5%" e Dileno responde: "No anidro né? É, porque nesse, nos Estados Unidos já veio com essa quantidade de água" e continua mais adiante: "Aí eles vão aproveitar para igualar aqui! Agora nego escuta esse negócio de botar água, daqui a pouco nego tá colocando água direto aí!". A resposta vem com uma gargalhada.

O "botar água" a que se refere o ex-presidente e seu colega é para que o teor de água nos combustíveis tenham o mesmo percentual do produto importado pelos EUA. Porém, o álcool ainda é nacional e a adição de água configura uma clara alteração de combustível.

Trecho de gravação telefônica que mostra acerto entre empresários.
Trecho de gravação telefônica que mostra acerto entre empresários.

CPI dos Combustíveis

De acordo com o deputado Othelino Neto (PC do B), autor da proposta que cria a comissão Parlamentar de Inquérito pela Assembleia Legislativa do Maranhão (AL-MA), a instalação e consequentemente a 1ª reunião da comissão deve ocorrer até o fim desta semana. A AL-MA e o Ministério Público querem saber porque a gasolina aumentou tanto na capital, uma vez que não houve aumento pelas distribuidoras.

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