Pinheiro

Identificados detentos que lideraram barbárie em delegacia

Os dois 'cabeças' do motim, José Ramiro e Nilton Brito têm, respectivamente, 18 e 21 anos.

Saulo Maclean - Enviado de O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h42

PINHEIRO - A Polícia Civil identificou ontem os dois detentos que lideraram a sangrenta rebelião na carceragem da Delegacia Regional de Pinheiro, iniciada na noite de segunda e encerrada na tarde de terça-feira, 8, na qual seis presos foram brutalmente assassinados, quatro deles decapitados. Segundo a delegada Laura Amélia Barbosa, titular da regional, a barbárie foi promovida pelos assaltantes José Ramiro Moreira Araújo, o Ramiro, de 18 anos, e Nilton Carlos Brito, de 21, que ocupavam a cela 5 da unidade. José Ramiro participou da maior rebelião de Pedrinhas, em novembro do ano passado, que terminou com 18 presos assassinados.

“São dois criminosos que, apesar de bastante jovens, são de alta periculosidade e baderneiros. Eles participaram da última rebelião promovida nesta delegacia, em maio do ano passado, quando grande parte da carceragem foi destruída. Na época, eles já reclamavam da superlotação e reivindicavam transferências para unidades mais próximas de suas cidades de origem. No caso do José Ramiro, ele estava em Pedrinhas e foi transferido para Pinheiro logo após a rebelião que terminou com 18 presos mortos”, disse a delegada.

Ontem pela manhã, o clima era tranqüilo entre os presos. A segurança era feita pelos policiais lotados na delegacia, com apoio das equipes do Grupo de Operações Especiais (Goe) e do Batalhão de Choque, que haviam participado das negociações com os amotinados. Além dos 14 presos transferidos para as cidades de Alcântara, Cururupu e Santa Helena (quatro cada) e Cedral e Peri-Mirim, após o término da rebelião, por volta das 14h de terça-feira, mais dois detentos seguiram ontem para a delegacia da cidade de São Bento.

Reconstrução – O trabalho de reconstrução da carceragem da delegacia começou ainda na madrugada de ontem. Para dar tempo de o concreto secar, até o amanhecer, os 77 detentos que restaram na carceragem foram divididos em duas celas. O objetivo era não permitir que os presos se aproximassem demais das obras e aproveitassem para danificar as paredes reconstruídas. “Eles destruíram exatamente a parte do concreto onde se encaixam as trancas de ferro das grades. O retorno às celas só será autorizado depois da conclusão dos serviços”, explicou a delegada.

Sete detentos acusados ou já sentenciados pelo crime de pedofilia foram separados dos demais presos que participaram da rebelião. O grupo foi encaminhado para uma cela no 1º Distrito Policial da cidade, por questões de segurança. Entre os afastados dos presos que promoveram a rebelião estava Welson de Jesus Sousa, de 29 anos, indiciado pelo crime previsto na Lei Maria da Penha (11.340), por ter agredido a sogra. Ele disse que teve “medo de morrer” e que por isso não falaria sobre o que viu na noite do motim.

Mortos - As vítimas da rebelião foram os presos Jorge Luis de Sousa Moraes, de 19 anos; Raimundo Nonato Soares Mendes, o Pampo, de 28 anos, assassinados a golpes de chuço, Paulo Sérgio Cunha Pavão, de 40 anos, Alexsandro De Jesus Costa Pereira, de 28, José Ivaldo Brito, de 50 anos, e o lavrador José Agostinho Bispo Pereira, de 55 anos, condenado a 63 anos de prisão em dezembro de 2010 por ter abusado sexualmente de duas filhas e ter tido com elas oito filhos. Os quatro últimos foram decapitados e a cabeça de José Agostinho, o Monstro de Pinheiro, como ficou conhecido, foi pendurada na grade.

A maior parte dos presos assassinados foi sepultada no Cemitério Santo Inácio de Loyola, localizado no bairro Sete, em Pinheiro. Outros seguiram para seus municípios de origem. A filha mais nova do lavrador José Agostinho, Sandra Maria Monteiro, de 29 anos, com quem teve sete filhos/netos, frutos de relações incestuosas praticadas pelo pedófilo desde que ela tinha 13 anos, evitou aproximação com a imprensa. “Ela não quer falar sobre a morte do pai. Disse apenas que o velório aconteceu no povoado Experimento, onde viviam”, informou a secretária municipal de Assistência Social, Dilena Diniz.

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