Especial Rio 2016

Codó acredita em medalha no 4x100m: ''estamos bem''

Exclusivo: Codó fala sobre chance de medalha e aposentadoria das pistas.

Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte

Atualizada em 27/03/2022 às 11h31
Codó disputará uma Olimpíada pela terceira vez na carreira. (Foto: Divulgação)
Codó disputará uma Olimpíada pela terceira vez na carreira. (Foto: Divulgação)

SÃO LUÍS – O Imirante Esporte dá continuidade às entrevistas exclusivas com alguns atletas maranhenses que vão para as Olimpíadas do Rio de Janeiro ou que já participaram de alguma edição da maior competição do planeta. Desta vez, chegou a hora do bate-papo com o velocista José Carlos Moreira, o “Codó”. Perdeu a primeira entrevista da série com a jogadora de handebol Ana Paula? Então clique aqui.

Por muito tempo, o maranhense foi o homem mais rápido do Brasil. Aos 32 anos, Codó contabiliza resultados expressivos ao longo de sua carreira.Tanto que o velocista irá para a sua terceira participação em olimpíadas com chances de conseguir brigar por um pódio na prova dos 4x100m.

Nesta entrevista exclusiva ao Imirante Esporte, Codó revela suas expectativas para a Rio 2016, fala sobre aposentadoria e sonha com a renovação de velocistas no país. Confira, abaixo, a entrevista completa com este codoense.

Arte: Imirante Esporte
Arte: Imirante Esporte

IMIRANTE.COM: Nos últimos anos, você foi o principal atleta brasileiro nos 100 metros rasos. Para as Olimpíadas de 2016, o Brasil tem apenas um atleta com índice para a mais tradicional prova do atletismo. Em sua opinião, por que isso aconteceu? Faltou investimento ou existe a ausência de talentos para competir nos 100 metros?

CODÓ: O Brasil parou no tempo na velocidade masculina, ficou muito visando só o revezamento e esquecemos que, para correr bem o revezamento, temos que ter bons resultados no individual. E isso tornou um vício. Precisamos acordar e procurar fazer um trabalho com os novos talentos, pois o Brasil tem muito mais muitos talentos que só precisam ser explorados.

IMIRANTE.COM: Codó, você foi a duas Olimpíadas. O que mais te marcou nestas duas competições? Qual era o peso em ser o velocista número 1 do país? Correr tendo esse status e a pressão de um país interfere de alguma forma no desempenho de um atleta?

CODÓ: O que mais me chamou atenção foi a forma como eles se planejaram e se organizaram foi tudo muito lindo, tudo surpreendente. Em 2008, quando entrei no estádio para competir nos 100m, eu fiquei deslumbrado e falei: ‘agora sim estou nas Olimpíadas’. Sempre vamos representar o país e temos sempre a responsabilidade de fazer nosso melhor sempre. Sentir a adrenalina a mil é um prazer muito grande, então a cobrança é natural. Temos que estar prontos sempre para lidar com isso.

No Rio de Janeiro, velocista maranhense sonha em conquistar uma medalha no revezamento 4x100m. (Foto: Divulgação)
No Rio de Janeiro, velocista maranhense sonha em conquistar uma medalha no revezamento 4x100m. (Foto: Divulgação)

IMIRANTE.COM: O revezamento 4x100m está sendo considerado uma boa oportunidade de o Brasil conquistar medalha na Olimpíada do Rio de Janeiro. Para você, que integra a equipe, acreditar em medalha neste revezamento é um sonho possível?

CODÓ: O Brasil sempre foi um país forte no revezamento, sempre teve uns resultados bons para ter condições de medalha desde a prata de Sidney em 2000 com a marca de 37s90. Depois dali, em todas as edições, o Brasil seria medalha com essa marca e, hoje, temos grandes oportunidades de conquistar uma medalha em casa. Estamos todos bem, treinando focados. Então, é manter o foco e buscar o objetivo.

IMIRANTE.COM: Você sempre levou consigo o nome de sua cidade e passou a ser conhecido por Codó. Falando um pouco do seu início no atletismo, você chegou a imaginar que poderia se tornar o homem mais rápido do país?

CODÓ: Cara, tudo começou pela brincadeira, né? Aí as coisas foram se encaminhando, fui conhecendo mais sobre a prova, passei a ver com outros olhos e comecei a sonhar em participar de competições mais importantes. Quando fui para São Paulo, em 2003, ali falei: ‘agora é comigo, vamos treinar e fazer a diferença’. Aí um amigo, que morava comigo na época, falou que era muito feio ficar falando meu nome. Aí foi quando falou que ‘vou te chamar de Codó’ (risos). O nome pegou e ficaram com Codó pra cá, Codó pra lá até hoje.

Carreira de Codó foi marcada por muitas vitórias. (Foto: Divulgação)
Carreira de Codó foi marcada por muitas vitórias. (Foto: Divulgação)

IMIRANTE.COM: O que o atletismo significa na sua vida? Você consegue se imaginar sem o atletismo? Algo nesta sua carreira já o fez pensar em desistir do esporte? Se sim, o quê?

CODÓ: Significa tudo, né? Tornou-se parte da minha vida, parte de mim. Minha vida se tornou isso tudo. Dizer que não vou parar, eu não posso, mas já tenho que me imaginar fora das pistas. Não sei quando, mas já estou me preparando para isso.

IMIRANTE.COM: Com seus 32 anos, você já não é mais um garoto. Mesmo assim, continua entre os melhores do país. Você já planeja uma aposentadoria ou isso é algo que ainda não passa pela sua cabeça? Ao tentar vislumbrar o futuro do atletismo, você acredita que existem talentos que possam substituir o Codó imediatamente ou vai demorar a surgir novos e bons velocistas no país?

CODÓ: Eu hoje estou na minha melhor forma e está mais fácil de fazer as coisas nos treinos do que antes em meus 32 anos. Meu foco é outro. Estou mais forte, então isso me deixa firme na luta. Enquanto eu tiver condições de treinar e de competir de igual para igual estarei sempre lutando. O Brasil tem sim grandes talentos em atividade só que ainda não foram descobertos, mas, com o tempo, nosso país vai estar sempre renovando sua safra de grandes velocistas.

No estilo: Codó participou até da cerimônia de encerramento de Londres 2012.
No estilo: Codó participou até da cerimônia de encerramento de Londres 2012.

IMIRANTE.COM: O que você acha que pode ser feito para melhorar as condições da prática do atletismo no país? Será que é tão difícil investir no esporte no Maranhão?

CODÓ: É simples. É só dar condições para os treinadores trabalharem e, principalmente, ir nas escolas, nas comunidades e fazer com mais frequência as competições de caça-talentos. O Maranhão é um Estado que precisa de ajuda no esporte, que precisa de alguém que realmente queira fazer a diferença, que brigue pela melhora do esporte no Estado. Temos talentos de sobra se perdendo não só no atletismo.

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