SÃO LUÍS – Um dos depoimentos mais aguardados pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa que apura a alta da gasolina e a suspeita de formação de cartel foi prestado na tarde desta quarta-feira (29). Dileno de Jesus Tavares preferiu não responder a várias perguntas feitas pelos deputados e, de posse de um habeas corpus preventivo, invocou seu direito constitucional de permanecer calado. O empresário foi, para o Ministério Público, o articulador do cartel em 2011.
Para o deputado Othelino Neto (PCdoB) autor da proposta que criou a comissão e presidente da CPI a falta de respostas foi vista como um bom sinal para as investigações, pois mostra que o andamento dos trabalhos estão tomando o rumo certo. “Por mais que ele tenha preferido ficar calado, só mostra que estamos no caminho certo”, afirmou o parlamentar.
O depoimento de Dileno Tavares durou pouco mais de uma hora e quase não acrescentou informações novas à CPI. Em quase todas as perguntas ele consultava seu advogado, Francisco Coelho, que o orientava a qual resposta dar.
Ele disse que está ausente há dois anos da administração direta de seus dois postos, função que está sob responsabilidade de seu irmão e sócio. Entre as poucas confirmações admitidas pelo empresário, ele admitiu ter presidido o sindicato entre 2010 e 2012 e que seu trabalho à frente da entidade era apenas de fazer atendimento aos associados e jamais falar sobre preços.
Sobre a investigação do MP-MA de 2011, Dileno disse desconhecer o inquérito. Entretanto ele fez uma transação penal e foi obrigado a pagar R$ 51 mil em cestas básicas e materiais de construção.
‘Pena branda’
Relator da CPI, o deputado César Pires considerou a transação penal branda demais. Pires criticou a proposta da multa, estipulada em R$ 51 mil a serem pagas em cestas básicas e materiais de construção. Pela manhã, o promotor Osmar Alves afirmou que não pediu uma multa maior em razão de não haver registros de multas altas na Justiça Brasileira. “Pelo que se vê hoje a multa, além de ter sido branda demais foi como um bônus. A promotoria foi benevolente”, classificou Pires.
Habeas corpus preventivo
Dileno de Jesus Tavares preferiu ficar calado valendo-se de um habeas corpus preventivo que evitaria, por exemplo, que sua prisão fosse pedida após os depoimentos. Em alguns momentos de seu depoimento, Francisco Coelho falou em seu lugar, o que rendeu um comentário irônico de César Pires. “Desse jeito eu não vou mais fazer mais nenhuma pergunta e é até melhor que o senhor fique calado, em vez de ter um ventríloquo falando em seu lugar”.
Os depoimentos continuam nesta quarta-feira (30) com mais quatro empresários e serão retomados na próxima quarta-feira (7).
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