BRASÍLIA - A primeira pesquisa Vox Populi feita depois do primeiro turno da eleição mostra que os apoios de Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renderam ao candidato petista à Presidência da República uma ampla vantagem na redistribuição das intenções de voto para o segundo turno. Encomendada pelo jornal Correio Braziliense, a amostragem apresenta Lula com o dobro das intenções de voto declaradas em favor do candidato José Serra (PSDB).

Lula aparece com 60% e Serra com uma preferência de 30% dos eleitores consultados. Apenas 4% dos entrevistados não souberam responder em quem vão votar para presidente e outros 6% declararam voto branco ou nulo.

Na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor diz em quem vai votar sem olhar as opções, Lula foi citado por 58% dos entrevistados e Serra por 27%. O número de indecisos, brancos e nulos nessa pesquisa fica em 15%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Isso significa que Lula tem hoje, no mínimo, 58% das intenções de voto e, no máximo 62%. E Serra, 28% ou 32%.

PESQUISA - O Vox Populi saiu a campo nos dias 10 e 11 de outubro, em 155 municípios. Ouviu 2.502 eleitores, em suas casas, enquanto os dois candidatos fechavam suas alianças para a largada deste segundo turno. Descontados o universo de 10% daqueles que ainda não decidiram em quem votar ou tendem ao voto branco ou nulo, têm-se os votos válidos - aqueles que realmente contam na hora de apontar o vencedor.

No campo dos válidos, Lula teria hoje 66,5% e Serra 33,5%. ‘‘No fundo, os votos de Garotinho e Ciro dividiram-se de forma mais favorável a Lula. Isso tem a ver com o fato de que ambos passaram a apoiá-lo’’, comenta o cientista político Marcos Coimbra, diretor do instituto Vox Populi.

Serra ficou aquém dos 35% apontados nas pesquisas pré-eleitorais e Lula, acima dos 55% que obteria num segundo turno contra o tucano. ‘‘Aquelas pesquisas de segundo turno, feitas a frio, ou seja, numa projeção de futuro, indicavam Serra com cerca de 35% dos votos e Lula com 55%, sem que Garotinho e Ciro estivessem manifestando sua preferência num segundo turno. Agora, com o apoio deles, Lula sai numa situação melhor’’, diz Coimbra.

DISTRIBUIÇÃO - A distribuição mostra que Serra obteve nos últimos dias, sem muito esforço, dez pontos percentuais em relação aos 23,20% dos votos obtidos no domingo. São, segundo Coimbra, cerca de dez milhões de votos a mais. Ainda é pouco, uma vez que Lula saiu-se melhor, sem precisar suar a camisa em comícios.

Enquanto organizava seu palanque, colocando contra Serra todos os candidatos a presidente que disputaram o primeiro turno, o candidato do PT subiu 20 pontos percentuais. Passou dos 46,44% dos votos obtidos no domingo para 66% - pulou para 20 milhões a mais do que obteve no primeiro turno. ‘‘Não dá para dizer que Lula ganhará a eleição. Temos duas semanas de campanha, mas é muito difícil ocorrer uma reversão do quadro’’, diz Coimbra.

Dos 2.502 entrevistados, 44% disseram não votar no candidato do PSDB ‘‘de jeito nenhum’’. Outros 13% disseram ser muito difícil votar nele. Só aí são 57% dos eleitores. A situação de Lula é bem melhor. Apenas 22% disseram que não há a hipótese de votar no petista, enquanto 7% disseram ser muito difícil optar por ele. São 39% do eleitorado - uma margem que Serra pode alcançar sem muita dificuldade e que ainda assim não o levaria a ultrapassar Lula.

Dos 60% que declararam o voto a Lula, 89% disseram que não mudam o voto. Deste universo, 9% afirmaram que está quase decidido e apenas 2% disseram ser provável mudar de opinião. Em relação aos eleitores de Serra, 83% estão com ele e não abrem mão. Outros 11% disseram estar quase decididos e 6% consideram a hipótese de trocar de candidato.

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