Sem comunicação

Queda do serviço de WhatsApp cria inúmeros problemas no país

As redes sociais do Facebook, que incluem WhatsApp e Instagram, caíram em diversas partes do mundo; um pico de queixas foi registrado pelo site Downdetector pouco depois das 12h; houve a migração para outros serviços de mensageria, como o Telegram

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Inúmeros problemas foram criados ontem por conta da queda do serviço do WhatsApp
Inúmeros problemas foram criados ontem por conta da queda do serviço do WhatsApp (Whatsapp sai do ar)

SÃO PAULO - Pedidos de ajuda que não chegaram, almoços atrasados, audiências virtuais canceladas e vendas suspensas foram algumas das consequências da queda do serviço de WhatsApp no início da tarde de ontem,4,, em todo o país. Além do Brasil, usuários de Portugal, Reino Unido, Índia e Estados Unidos também reclamaram de instabilidade.

Um pico de queixas foi registrado pelo site Downdetector pouco depois das 12h nas três redes sociais (WhatsApp, Facebook e Instagram) - todas de propriedade do Facebook. Internautas em todo o mundo relataram dificuldade para acessar os três serviços.

Em seu perfil oficial no Twitter, o Facebook publicou que "algumas pessoas estão tendo problemas para acessar nossos apps e produtos". A empresa afirmou que está "trabalhando para que as coisas voltem ao normal o mais rápido o possível" e que pede desculpas pela inconveniência.

Também no Twitter, o WhatsApp escreveu que está ciente dos problemas e que está trabalhando para resolver o problema. O Intagram publicou que está com dificuldades e que está trabalhando nisso.

Ainda não se sabe a causa da queda, mas o jornal New York Times, por meio de fontes do departamento de segurança do Facebook que quiseram anonimato, sustenta que a possibilidade de um ataque hacker é improvável. A explicação seria a sincronia da queda das três redes, que possuem tecnologias diferentes.

O jornal americano diz ainda que a plataforma interna de comunicação da empresa, Workplace, também saiu do ar.

A queda generalizada ocorre em um momento que já é de pressão para a empresa. Desde o começo de setembro, o Wall Street Journal tem publicado reportagens baseadas em documentos internos do Facebook que o jornal diz ter recebido.

O veículo sustenta, por exemplo, que a companhia estava ciente desde 2019 de que o Instagram, rede social da qual é dona, é potencialmente danoso para a saúde mental de meninas adolescentes.

Depois da queda no WhatsApp, houve a migração para outros serviços de mensageria, como o Telegram, e usuários relataram instabilidade na tarde de ontem, possivelmente devido ao pico de acessos. As reclamações de serviços mais lentos começaram após a queda do aplicativo da Facebook.

Risco à saúde

Para a advogada Tatiana do Amaral, de 41 anos, a queda no serviço foi de risco à saúde. Ela teve um pico de açúcar no sangue e tentou pedir ajuda para o pai por WhatsApp, mas a mensagem não chegou e ela desmaiou.

“Foi muito rápido. Acabei mesmo nem pensando em ligar. O Dumping é um pico de açúcar que causa efeitos parecidos com a hipoglicemia, então os efeitos dele são meio fortes. Eu estava no quarto e mandei pedido de ajuda pelo WhatsApp para o meu pai que estava vendo TV na sala, já que moramos em um sobrado. Ele não viu e eu apaguei... Acordei faz 5 minutos. Risco de vida não sei, mas como apaguei, ao menos corri risco de ficar com sequelas sim, porque o desmaio é falta de oxigenação no cérebro”, conta.

Tatiana acredita que ficou entre 5 a 10 minutos desmaiada e ainda acordou com a pressão alta. "Agora estou bem, já me alimentei, bebi água. Mas foi um aprendizado, da próxima vez (espero que não tenha) vou ser mais anos 90 e usar a boa e velha ligação ou dar um grito de socorro (risos)", afirma.

Mensagem de texto

Tatiana não foi a única que esqueceu que podia usar o telefone para ligar em vez de mandar uma mensagem de texto. “O fornecedor que entrega minhas marmitinhas semanais atrasou duas horas, pois não conseguiu avisar a dona que um outro cliente atrasou. Ou seja, as pessoas não sabem que existe o telefone para ligar”, conta Luana Silva que teve o almoço desta segunda atrasado, o que poderia ter sido resolvido com um telefonema.

A advogada Ana Flavia G. Da Veiga, 31 anos, tinha uma audiência marcada para a tarde de ontem, que não aconteceu por causa da queda no serviço de WhatsApp. Segundo ela, as audiências acontecem pelo aplicativo Teams, mas os links para elas são enviados pelo WhatsApp.

“Desde que o Tribunal de Justiça entrou em trabalho remoto, as audiências foram transferidas para o ambiente virtual. Juiz, promotor, perito, réu, parte, todo mundo se encontra pelo Teams. O link do Teams é enviado por e-mail e WhatAapp. Muitas pessoas preferem indicar o telefone como meio para acessar a audiência”, afirma ela.

“Eu tinha que conversar com o promotor da comarca sobre um processo, iria fazer isso nos intervalos das audiências dele. Não deu. Enviei um email para a promotoria, não fui respondida. Para os servidores, vai ser problema para remarcar as audiências. Para os advogados e especialmente clientes, vai ser muito frustrante. As vidas das pessoas são resolvidas nas audiências, muitas aguardam anos por isso”, afirma.

A queda no serviço de WhatsApp e Instagram afetaram principalmente pequenos comerciantes e vendedores autônomos. Por causa da pandemia, a vendedora Kelly Cristina Teixeira, de 41 anos, teve de fechar as portas da loja física da Bendita Maria Moda e passou a vender apenas através da loja virtual, principalmente por WhatsApp e Instagram. Ela estava conversando com clientes quando aconteceu a queda dos serviços.

“De repente tudo parou, pensei que o problema era da minha internet, agora vejo como somos dependentes desses aplicativos. Eu tinha uma loja na rua Augusta. E com a pandemia fui obrigada a fechar e me dedicar 100% a esse novo modelo digital. As coisas já não estão fáceis e agora tem essa queda, só por Deus”, afirma ela.

A vendedora Kelly Cristina Teixeira, de 41 anos, teve de fechar as portas da loja física Bendita Maria Moda e passou a vender apenas através da loja virtual — Foto: Arquivo pessoal/DivulgaçãoA consultora de vendas Marina Piva, 31 anos, passou por uma situação semelhante. Ela estava usando o WhatsApp para fazer cobrança de mensalidades dos alunos do marido, que é profissional de educação física.

“Trabalho com vendas no WhatApp, não consigo vender nesse caso e tenho mais de 100 alunos online, preciso conversar com todos. Estava organizando as mensagens para começar a trabalhar nisso quando vi que caiu. O WhstsApp fora afeta 100% o meu trabalho”, afirmou ela.

Prejuízo

Marina acredita que vai amargar prejuízo e atraso em pagamentos por causa da instabilidade do serviço. “Infelizmente saímos bem prejudicados. As pessoas que se interessam pela consultoria podem perder o interesse pela demora da resposta, é complicado. E acredito que alguns pagamentos dos alunos ficaram atrasados por conta disso também”, afirma.

Algumas pessoas, porém, até gostaram da queda do serviço.

“Me deu um break num dia bem tenso no trabalho”, afirmou Danilo Moura, de 34 anos, que trabalha como despachante aduaneiro.

No Twitter, um usuário arriscou um palpite. “Sem insta, whats, talvez as pessoas percebam o que acontece ao lado.”

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