Ambulantes

Comércio informal tem condições precárias no Complexo Deodoro

Com a revitalização da área, comércio informal, que mantinha bancas no local, foi remanejado para tendas 'temporárias', que dificultam a comercialização

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Praça Deodoro reformada contrasta com o espaço desordenado ‘temporário’ do comércio informal
Praça Deodoro reformada contrasta com o espaço desordenado ‘temporário’ do comércio informal

São Luís - O comércio ambulante em tendas e bancas faz parte do cenário comum dos centros comerciais, contudo, em São Luís, a desorganização prejudica o trabalho dos camelôs. Na Praça Deodoro, com a revitalização do complexo, os vendedores ambulantes foram deslocados para área lateral do local, em uma ação que seria temporária e que tem gerado desorganização e afetado as vendas dos comerciantes, desde então.

O comerciante Nelson Rodrigo da Silva atua há 20 anos no comércio informal na Praça Deodoro e conta que no início do deslocamento, em 2018, com a revitalização do complexo, a Prefeitura de São Luís deu apoio e suporte para os comerciantes, contudo, ultimamente o local tem passado por problemas na organização. “Sempre tivemos suporte da Prefeitura quando nos mudamos para cá, mas ainda precisamos de melhor organização. Aqui se tornou um amontoado de barracas. Algumas, inclusive, nem estão funcionando, então, além de ficar desorganizado, as pessoas nem conseguem passar por aqui direito para comprar”, explicou.

Outra vendedora, Leidiane Nunes, passa por situação semelhante. Com sua banca localizada no meio do espaço destinado aos vendedores autônomos, ela conta que quase não consegue ser vista pelos clientes. “Já trabalho aqui há quatro anos, mas a situação do local é ruim. As pessoas não conseguem passar, entrar para olhar, ver o que está sendo vendido, porque são vários amontoados de tenda de vendedores. Só quem consegue manter seu comércio é quem tem banca do lado de fora, ou quem já tinha clientes antigos e que estão acostumados a vir”, desabafa.

Vendedores afirmam que só entra no meio das bancas quem já é freguês, porque “são vários amontoados de tenda de vendedores”
Vendedores afirmam que só entra no meio das bancas quem já é freguês, porque “são vários amontoados de tenda de vendedores”

Acordo
Segundo os comerciantes, na antiga gestão municipal, um acordo foi feito com o a Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes para que fosse criado um centro comercial, onde esses camelôs seriam abrigados de forma organizada e com melhor estrutura, contudo, desde a entrega da revitalização da Praça, em dezembro de 2018, a espera permanece e o Centro Comercial ainda não se tornou realidade.

“Tenho tudo licenciado pela Prefeitura e eles sempre nos deram suporte, inclusive, nos colocaram nessa rua para garantir que a gente continue vendendo, até porque esse é nosso único sustento. Tem pessoas que sustentam toda a família com o que tiram das vendas aqui, e por isso, o ideal seria a construção desse Centro Comercial que foi prometido, mas ainda não aconteceu”, conta Wilson de Carvalho Rosa Filho, comerciante que mantém barraca de vendas há mais de 20 anos, na Deodoro.

O Estado entrou em contato com a Prefeitura de São Luís para obter um posicionamento com relação aos comerciantes informais, contudo, não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Comércio ambulante ocupa fachada de lojas e calçadas na Rua Grande
Comércio ambulante ocupa fachada de lojas e calçadas na Rua Grande

Rua Grande
Na Rua Grande, a situação é um pouco mais complicada. Sem espaço entre as lojas e a via de passagem, os vendedores ambulantes ocupam calçadas e fachadas de estabelecimentos para comercializar seus produtos. “Colocamos cones na nossa fachada para evitar que ocupem esse espaço que deveria ser exclusivo para clientes”, conta um lojista que não quis ser identificado.

As mercadorias dos camelôs estão expostas nas paredes de lojas, no chão, sobre bancas montadas no meio da via e nas calçadas. Os produtos são dos mais diversificados, como eletrônicos, vestuário, brinquedos, frutas, verduras, perfumes e importados.

Em reportagem de O Estado, publicada em abril deste ano, sobre a permanência de vendedores ambulantes no centro de São Luís, sobretudo na Rua Oswaldo Cruz (Rua Grande), a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh), por meio da Blitz Urbana, informou que, diariamente, equipes realizam rondas no local para disciplinar os comerciantes quanto à ocupação irregular de ruas e calçadas, exclusivas para o passeio público. Como alternativa para o funcionamento do comércio informal, vias transversais do perímetro foram destinadas à atuação desta categoria.

As ações realizadas na área, pela Blitz Urbana, são contínuas e têm o objetivo de manter a organização do espaço, considerado o maior centro comercial da capital. No entanto, é indispensável a colaboração dos comerciantes informais em seguir as orientações repassadas e, também, da população e demais lojistas da região, denunciando, junto ao órgão, o descumprimento de regras.

A Semurh também ressaltou à época que mantinha constante diálogo com representantes do Comércio Informal de São Luís a fim de identificar a melhor forma de solucionar o problema da ocupação irregular de ruas e calçadas da capital, de modo a encontrar, também, uma solução para o correto desempenho das atividades realizadas pela categoria.

SAIBA MAIS

Shopping Popular
No mês de fevereiro do ano passado, a Câmara Municipal de São Luís aprovou o Projeto de Lei 306/19 que autorizou a concessão e o subsídio público para construção, operação e manutenção do Comércio Popular de São Luís. Na ocasião, a proposta foi encaminhada pela Prefeitura, e tem objetivo de regularizar o comércio informal
da capital.

A ideia é que o Shopping Popular – como é conhecido – seja implantado nas proximidades do Ginásio Costa Rodrigues, no Centro. A obra foi orçada em mais R$ 28 milhões e seria executada por meio de parceria público-privada (PPP). A Prefeitura entraria com a contrapartida de R$ 8 milhões e a obra deveria ser entregue em 12 meses.

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