Combate

Motoristas de aplicativo criam grupo em app de mensagens para tentar se proteger da violência

Categoria, por meio do grupo, consegue monitorar a corrida dos colegas de trabalho e evitar assaltos, mortes e veículos levados

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
No grupo dos motoristas de aplicativos, eles postam suas corridas em tempo real para monitoramento
No grupo dos motoristas de aplicativos, eles postam suas corridas em tempo real para monitoramento (uber)

São Luís - Motorista de aplicativo é rendido por bandidos, feito refém, colocado no porta-malas do carro, amarrado, e tem seu veículo utilizado em outra empreitada criminosa. Situações desse tipo estão ocorrendo de forma frequente na Grande Ilha e uma das estratégias para se protegerem da violência, os motoristas de aplicativo criaram um grupo de WhatsApp para monitorar os “colegas”, que fazem corridas em locais perigosos, principalmente durante a noite e madrugada.

Rafael Abreu, de 25 anos, é motorista de aplicativo há dois anos. Ele disse que, por meio do grupo, é possível fazer a comunicação com todos os “colegas” que estão circulando na Região Metropolitana de São Luís. Assim que começa a corrida, o motorista deve enviar imediatamente sua localização em tempo real para o grupo, para começar a ser monitorado. No grupo, é possível informar aos colegas sobre situação de perigo e expor o perfil dos criminosos que estão agindo na cidade.

Ele disse que na madrugada do último dia 8 foi assaltado. “Uma mulher solicitou a corrida e afirmou que estava sozinha, mas no ponto de partida da viagem, no bairro Outeiro da Cruz, entraram mais três pessoas. Logo após, fui amarrado, colocado no porta-malas e o carro utilizado para atos criminosos”, contou o motorista de aplicativo.

Rafael Abreu disse que enviou a sua localização para o grupo, mas deixou de ser monitorado em razão de ter o chip do seu celular retirado do celular, pelos bandidos. “Os criminosos, ao entrarem no carro, finalizaram a corrida no sistema e tomaram o meu celular. Em seguida, danificaram o chip e fui jogado no porta-malas. Após algumas horas, fui abandonado nas proximidades da rodoviária, no Santo Antônio”, relatou o motorista de aplicativo.

Outro motorista de aplicativo, que não quis se identificar, disse que esse grupo de app tem evitado que muitos colegas de trabalho tenham seu carro levado pelos criminosos, e até mesmo a ocorrência de morte. Recentemente, a categoria, por meio do grupo, conseguiu rastrear e localizar na Avenida dos Africanos, o veículo de um companheiro de trabalho, que tinha sido tomado de assalto.

Ele também contou que é de importante o colega de trabalho, ao começar e terminar uma corrida, avisar a todos no grupo, para não criar clima de pânico. “Ocorreu uma situação que o motorista saiu para uma viagem da Cidade Olímpica e quando finalizou o serviço não enviou a mensagem no grupo, então, toda a categoria foi mobilizada e a situação repassada para a polícia”, disse o motorista de aplicativo.

Prisões
A polícia prendeu um homem, de 18 anos, e apreendeu três adolescentes, idades de 17, 16 e 15 anos, dentro de um motel, no bairro do Anil, suspeitos de terem assaltado um motorista de aplicativo, no último dia 9. Em poder deles, foram encontrados relógios, cartão bancário, celulares e R$ 25,30.

De acordo com a polícia, a vítima aceitou uma corrida que tinha com destino o bairro Areinha, mas foi feita refém, colocada no porta-malas do veículo e levado dinheiro, joias e celulares. O motorista foi abandonado no Anil e retirado do porta-malas por um morador.

Na segunda quinzena do mês passado, a polícia prendeu dois suspeitos de assalto a motoristas de aplicativo, no bairro da Pindoba, em Paço do Lumiar. A vítima teve o carro levado pelos criminosos, mas foi encontrado e os suspeitos presos.

A equipe da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP) continua investigando a morte do motorista de aplicativo, Rafael Washington Correa Ribeiro, de 32 anos, ocorrido no dia 9 de junho do ano passado, no bairro da Ribeira.

A vítima foi encontrada sem vida dentro do seu veículo HB20, com marcas de tiros, inclusive na cabeça. A polícia trabalha com a suspeita de latrocínio (roubo seguido de morte), mas não descarta as outras hipóteses. Testemunhas já foram ouvidas na delegacia.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.