Alta transmissão

Interior do Maranhão registra 6.238 novos casos de covid em cinco dias

Segundo especialistas, apesar da tendência de queda, aglomerações e o não cumprimento das medidas sanitárias causaram aumento da transmissão do vírus no estado

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(teste / covid-19 / coronavirus / pandemia)

São Luís – Redução do uso de máscaras, aglomerações em ambientes fechados e a mobilidade retornando aos níveis de antes da pandemia são os principais fatores destacados pelo epidemiologista Antônio Augusto Moura para a alta taxa de transmissão do vírus no Maranhão, que se mantém, mesmo com a queda de internações, principalmente no interior do Estado. De acordo com os dados disponibilizados através dos Boletins da Secretária de Estado da Saúde (SES), em apenas sete dias, entre 21 e 27 de junho, 6.238 novos casos foram confirmados no interior do Maranhão.

“Na segunda onda menos medidas restritivas foram impostas (apenas eventos foram proibidos e bares e restaurantes fechados no início desta onda). No repique da segunda onda nenhuma medida restritiva adicional foi imposta. Além disso, a mobilidade retornou a níveis anteriores à pandemia. O uso de máscaras tem diminuído, e as muitas pessoas continuam se aglomerando, especialmente em ambientes fechados. As pessoas cansaram de ficar em casa, as autoridades não adotam medidas restritivas e assim a sociedade vai convivendo com o vírus e com as mortes dele decorrentes. E a vacinação lenta é outro fator que contribui para a manutenção da transmissão em níveis altos”, destacou Antônio Augusto a O Estado.

Na região de Balsas, 588 km de São Luís, após finais de semana com grande aglomeração, a Prefeitura publicou decreto para que durante os próximos dois finais de semana (26, 27, 3 e 4) seja proibido a comercialização de bebidas alcoólicas a partir das 15h, e também o fechamento de bares e restaurantes durante os mesmos dias e horários. A Prefeitura também informou que durante os finais de semana vão ocorrer fiscalizações pela cidade, principalmente na área de Beira-Rio. O decreto prevê multam e até mesmo cancelamento de alvará, para quem descumprir a decisão.

De acordo com boletim divulgado pela Fundação Fiocruz (Fiocruz) na última semana (17), a transmissão comunitária da Covid-19 é extremamente alta em quase todos os estados brasileiros. No Maranhão, a região de Imperatriz é a que possui situação mais crítica, com transmissão comunitária extremamente alta (10 ou mais contaminados para cada 100 mil habitantes). A área da Grande Ilha está com a transmissão muito alta (de cinco a 10 contaminados), enquanto as demais regiões apresentam uma transmissão comunitária alta (um a cinco contaminados).

A transmissão comunitária é aquela em que não é possível rastrear a origem da infecção e indica que o vírus circula entre as pessoas naquele local, independentemente de terem viajado ou não para o exterior. Os indicadores são baseados no número de casos.

Baixa vacinação

Ao contrário da capital maranhense, em que 80% da população adulta já foi vacinada, municípios do interior tem tido baixa procura de vacinas, principalmente da segunda dose. Em Imperatriz, a imunização estava suspensa desde terça-feira (22), devido a falta de doses, e foi restabelecida nesta sexta-feira (25), para adultos a partir de 24 anos. Na Região Tocantina, cidades como Açailândia e João Lisboa também estão com aplicação da primeira dose suspensa.

Ao todo, 30% da população maranhense já foi vacinada com a primeira dose, porém, para alcançar a imunidade rebanho, é necessário que pelo menos 70% de toda população seja vacinada. “Quando falamos de imunidade de rebanho, falamos de toda a população, e não só da população adulta. Em relação a isso, ainda estamos longe da imunização”, explicou o epidemiologista, que também destacou que já é possível ver queda do número de óbitos nos grupos de pessoas com 70 anos e mais.

Em nota, a SES ressaltou que é possível observar uma queda em relação a internação de pessoas idosas nos leitos de assistência aos pacientes da Covid-19. Atualmente, este grupo representa menos de 30% das internações. Antes da vacinação, representava mais de 80%.

Contudo, o Estado ainda apresenta uma taxa baixa de aplicação de segunda dose, de até 11%. Na cidade de Codó, a população que deveria receber a segunda dose da vacina AstraZenica, continuam em espera devido a falta de imunizantes. Além disso, o município também informou que vacinas da Pfizer estão sobrando devido a baixa procura do público. As 7686 doses eram destinadas a gestantes e pessoas com comorbidades.

Leitos

Outro dado preocupante é a taxa de ocupação de leitos na região continental do Estado. De acordo com o boletim do último domingo (28), as demais regiões do Maranhão estavam com 70,26% dos leitos clínicos ocupados e 75,72% dos leitos de UTI. Segundo os dados do Grupo de Modelagem de Covid-19 do Maranhão, houve uma queda de 4% na ocupação dos leitos de UTI em relação ao dia 17 de junho, contudo, os dados ainda preocupam.

“Nas demais regiões do Estado os leitos clínicos continuam na faixa dos 70% e os leitos de UTI estão acima de 80%. Apesar de ter uma queda da semana passada para cá, os níveis continuam altos”, ressaltou o epidemiologista.

Números

6.238 foram registrados em cinco dias no interior do Maranhão

75,72% dos leitos de UTI estão ocupados

70,26% dos leitos clínicos estão ocupados

30% da população maranhense já foi vacinada com a primeira dose

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