Proliferação

Bairros: maior circulação de pessoas favorece incidência da covid

Dados da SES mostram que o Turu segue com o maior número de casos do novo coronavírus, com 1.283 infectados; de acordo com os geógrafos, área dá acesso a vários pontos da cidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Fila longa e falta de distanciamento na Cidade Operária
Fila longa e falta de distanciamento na Cidade Operária (aglomeração)

São Luís - Bairros de São Luís com maior circulação de pessoas e considerados como polarizadores, podem ter maior probabilidade de circulação da Covid-19 (SARS-CoV-2), segundo o geógrafo e coordenador do Grupo de Estudos sobre Dinâmicas Territoriais, José Sampaio Júnior. Dados mais recentes da Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostram que os cinco bairros de São Luís com mais registros de pessoas infectadas pelo novo coronavírus já ultrapassam cinco mil casos confirmados. O primeiro deles é o Turu, que atingiu 1.283 registros da enfermidade.

O segundo bairro com maior número de infectados é o Centro, com 1.070 casos de Covid-19. Em seguida, Cidade Operária, 992 casos; Cohatrac I, II, III, IV e Primavera-Cohatrac, com 965 casos e Renascença, um total de 940 infectados. Enquanto Vila Dom Luís, Tahim, Residencial Nova Jansen, Planalto Anil V, Novo Cohabiano e Conjunto São Marcos são os bairros que apresentam a menor incidência da doença, apenas um caso em cada bairro.

Maior circulação
José Sampaio Júnior declarou que onde há maior circulação de pessoas dentro do transporte público em deslocamento diário, há uma maior probabilidade da circulação do vírus da Covid-19. “Esses pontos de maior circulação de pessoas estão no Renascença e na área do centro da cidade. Nestes locais estão localizadas a maioria das universidades, as empresas públicas ou privadas e o comércio”, frisou o geógrafo.

Ele também disse que existem bairros populosos com grande número de pessoas em domicílios e que circulam dentro dessas localidades e há os casos de bairros polarizadores, ou seja, que articulam o acesso a outros pontos da cidade. “Além de haver bairros populosos, temos aqueles bairros que polarizam um ao outro. Como exemplo, o Turu e Cidade Operária”, explicou José Sampaio Júnior.

Aglomeração
A palavra de ordem no período pandêmico é o isolamento social para evitar a proliferação da Covid-19, mas é possível observar em São Luís vários pontos de aglomeração, principalmente, nos bairros em que há o maior número de casos da doença.

Em uma das lotéricas da Cidade Operária, na manhã de ontem, várias pessoas se aglomeravam em uma longa fila. “Tenho ciência do perigo que estou correndo nesta fila, mas tenho que pagar as minhas contas”, comentou o morador José do Espírito Santo Ferreira, de 48 anos.

Na feira do bairro havia pessoas sem máscara, inclusive vendedores. Era possível observar vários clientes dentro dos boxes ou perto das bancas, escolhendo as mercadorias. Somente alguns deles utilizavam o álcool em gel antes de terem contato com as frutas e verduras.

Em uma parada de ônibus, localizada em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, também havia aglomeração. As pessoas dividiam o espaço com as bancas de mercadorias. “A parada sempre é lotada e vários ônibus param nesse ponto, além dos carrinhos de lotação”, disse Ana Cláudia Silva, de 45 anos.

Na portaria de uma agência bancária, no Turu, havia várias pessoas na fila, sem distanciamento entre elas. Em paradas de coletivos, no Renascença, era possível observar pessoas sem máscara e ônibus lotados.

Notificação
A infectologista Maria dos Remédios declarou que o fato de São Luís ter uma notificação dos casos concentrados em alguns bairros não quer dizer necessariamente que esses locais da cidade sejam considerados de maior número de infectados.

Ela afirmou que a notificação depende de uma série de fatores, sendo um deles o serviço de saúde. “Existem hospitais que são mais sensíveis a notificações do que os outros. Há muitos hospitais da rede privada que notificam muito, enquanto alguns da rede pública deixam passar alguns casos. Isto acaba prejudicando”, detalhou a médica.

Maria dos Remédios contou que outro fator é o acesso ao serviço de saúde. “Um morador da periferia deixa de procurar um hospital quando sente apenas sintomas leves da doença, enquanto o da classe média ou alta procura fazer exame em farmácia ou no hospital. Então, esses casos deixam de ser contabilizados”, frisou.

Ainda segundo a infectologista, os casos de internação e laboratorial devem ser levados em conta e no Maranhão há, pelo menos, três sistemas de notificações, o que acaba prejudicando a contagem dos casos da Covid-19. “Em uma pandemia, a notificação é de suma importância para poder conhecer a realidade e tomar as medidas necessárias, mas, quando as informações chegam com atraso acabam prejudicando”, salientou a médica.

SAIBA MAIS

Bairros da capital com maior número de casos confirmados do coronavírus

  • Turu: 1.283 casos
  • Centro: 1.070 casos
  • Cidade Operária: 992 casos
  • Área do Cohatrac: 965 casos
  • Renascença: 940 casos

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