Entrevista/ Christiana Saldanha

"Temos como ponto de partida o poder transformador da cultura"

Christiana Saldanha, gerente do Instituto Cultural Vale, fala sobre a importância do apoio aos museus pelo Brasil. Ao todo, são 35. No Maranhão, além do Centro Cultural Vale Maranhão, há também o museu ferroviário

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Christiana Saldanha, gerente do Instituto Cultural Vale
Christiana Saldanha, gerente do Instituto Cultural Vale (christiana saldanha)

São Luís - Os museus são ferramentas de resgate histórico, de atestado de vivências de outros povos e sociedades. Mas, muito além de meros abrigos de história sociocultural, eles são agentes de mudança e desenvolvimento: convidam à reflexão sobre o passado, presente e futuro e atuam como instrumentos para que as pessoas cresçam e evoluam através da cultura. No mês em que se comemora o Dia Internacional dos Museus, O Estado conversou com a gerente do Instituto Cultural Vale, Christiana Saldanha, sobre a importância de apoio aos museus pelo Brasil. O Instituto Cultural Vale é hoje um dos principais apoiadores de museus do país. Atualmente está em 35 espaços, em oito estados brasileiros, por meio de patrocínios a espaços culturais, exposições, intercâmbios, salvaguarda de acervos, programas educativos e mais.

O que motiva o Instituto Cultural Vale a assumir essa frente de apoio expressiva a museus pelo Brasil, enquanto muitos espaços como estes estão fechando as portas ao longo dos anos?
O Instituto Cultural Vale investe e fomenta as múltiplas manifestações culturais brasileiras, em toda a sua diversidade e espaços. Por entender a importância destes espaços como lugares de reflexão e de encontro entre as culturas e suas diversas manifestações, está presente em 35 museus e centros culturais pelo país.

Os patrocínios são realizados via Lei de Incentivo à Cultura e com recursos próprios. Dentre eles, quatro museus e centros culturais próprios: Museu Vale (ES), Memorial Minas Gerais Vale (MG), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA).

Fechados temporariamente desde março de 2020 em função da pandemia da Covid-19, os espaços próprios do Instituto Cultural Vale mantêm programação online gratuita em seus canais para conservar vivo o diálogo com seus públicos. Toda a programação está disponível no site do Instituto Cultural Vale – institutoculturalvale.org e nas páginas dos próprios espaços.

A partir de qual leitura de cenário surgiu a proposta de criar o Centro Cultural Vale Maranhão e, hoje, qual a avaliação que é feita dos resultados positivos para a sociedade com a abertura deste espaço?
O Centro Cultural Vale Maranhão surgiu da necessidade de reservar um local para a valorização da riqueza de cultura que o estado tem. Ele está localizado em um casarão do centro histórico de São Luís, patrimônio mundial da UNESCO.

Atuando como um farol para a cultura, artistas e fazedores da cultura regional, o Centro Cultural Vale Maranhão prioriza a produção local, sem deixar de mostrar conteúdos que venham de outros lugares. Tem o objetivo de interagir com o espaço especial em que está inserido, somando forças com instituições vizinhas para pensar, de maneira conjunta, em maneiras de fortalecer o centro histórico da capital do estado como pólo cultural de reconhecimento nacional e internacional.

Em 2019, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2021 como o Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável. O Instituto Cultural Vale atua nesta linha nos museus e casas de cultura que apoia?

Sim. Em linha com as diretrizes da ONU e com os indicadores de cultura da Agenda 2030 da Unesco, o Instituto Cultural Vale está inserido em projetos que valorizam a cultura enquanto meio de desenvolvimento social, através do seu poder educativo e do acesso às manifestações culturais para todos e todas. Nós acreditamos na atuação cultural em rede e na cultura para coesão social de diversos grupos. Nossos espaços culturais próprios incentivam a participação cultural em seus projetos educativos, através de oficinas, aproximação com escolas, programas formativos e mais. Além disso, contribuem com a importante dinâmica da economia criativa, dentre outras ações, através de editais públicos de apoio a profissionais de cultura e premiações para reconhecimento dos trabalhos realizados por eles.

Além de espaços próprios e apoio a projetos, também há uma atuação em rede com outras instituições para fomentar museus pelo Brasil?

Exatamente. Uma das linhas de atuação do Instituto Cultural Vale é promover a troca de saberes e experiências entre os museus e centros culturais próprios ou por ele patrocinados. Um exemplo é o Projeto Museu Nacional Vive, resultado de uma cooperação técnica entre o Instituto, a UFRJ e a UNESCO. O projeto acaba de lançar um site para conectar ainda mais os diversos públicos do Museu à sua reconstrução. O novo ambiente oferece conteúdo multimídia sobre o andamento das obras, dos projetos e outras atividades, como a recém-lançada exposição virtual “Os Primeiros Brasileiros”. Notícias, linha do tempo, cronograma, galerias de imagens e vídeos são algumas das seções já disponíveis em www.museunacionalvive.org.br.
Outro exemplo é o encontro promovido pelo Instituto Cultural Vale entre o Museu de Arte do Rio e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e que resultou na mostra “Imagens que não se conformam”, que será lançada no sábado, 29 de maio. A mostra coletiva busca renovar os significados das peças da Coleção IHGB para interrogar, do ponto de vista artístico, as visões sobre a história do Brasil, propondo um diálogo com criações contemporâneas . l

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