Maranhão/Pará

Histórias de vida que se cruzam nos trilhos da Estrada de Ferro Carajás

Nos encontros e reencontros diários, cada viagem é diferente, pois novas experiências acontecem, mesmo para quem viaja com frequência

Ribamar Cunha / Editor de Economia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

São Luís - Há 35 anos, histórias, culturas e uma diversidade de pessoas se cruzam nos trilhos da Estrada de Ferro Carajás, no vai e vem do Trem de Passageiros da Vale. São 15 pontos de parada ao longo de 27 municípios, sendo 24 no Maranhão e três no Pará, numa jornada diária de 16 horas.

Cada passageiro tem sua necessidade de utilizar o trem, como se deslocar para visitar parentes, buscar lazer, curtir as belas paisagens ao longo da viagem, estudar ou ainda para acessar serviços/especialidades médicas não encontradas em outras cidades.

Questões como preço, conforto e segurança também estão entre os motivos da escolha. Outro diferencial é o fato do trem chegar a localidades não atendidas por transporte rodoviário regular, sendo ainda a principal forma de acesso, o que faz o Trem de Passageiros da Vale desempenhar um papel social importante na vida das pessoas que buscam o serviço.

"O Trem de Passageiros da Estrada de Ferro Carajás desempenha um importante papel social para os estados do Maranhão e Pará desde que foi iniciado em 1985. Por isso, mesmo durante a pandemia, o serviço foi mantido, cumprindo novos protocolos sanitários e de saúde. Nosso time trabalha dia e noite para oferecer uma viagem segura e confortável e o retorno ao longo desses anos é muito positivo", afirmou Paulo Martins, gerente responsável pela operação do trem.

Nesses encontros e reencontros diários cada viagem é diferente, pois novas experiências acontecem, mesmo para quem precisa se deslocar com frequência nos trilhos da Estrada de Ferro Carajás. É o caso de Rosinaldo Pereira, que é transplantado e que encontrou no Trem de Passageiros da Vale todo o suporte necessário durante a viagem com destino a São Luís para seu tratamento como paciente renal crônico. “Me disponibilizaram uma técnica de enfermagem para ficar à minha disposição durante todo o trajeto, aferindo pressão e todo o acompanhamento que eu precisava”, ressaltou Rosinaldo Pereira, muito agradecido por esse tratamento humanizado que recebeu no Trem de Passageiros da Vale.

Empreendedorismo

A Estrada de Ferro Carajás também oferece oportunidade ao empreendedorismo. Ao longo de cada estação, dezenas de famílias que dependiam da vida informal de venda de produtos nas janelas do trem para os passageiros, hoje são beneficiadas com o projeto Rede de Mulheres do Maranhão, que abrange 15 negócios sociais, gerando emprego e renda, nas áreas de processamento de castanha de caju, produção de doces regionais e de azeite e óleo de coco babaçu, entre outras. O projeto Rede de Mulheres do Maranhão é uma iniciativa da Fundação Vale em parceria com o Instituto de Socioeconomia Solidária.

A hoje empreendedora Silvana Barbosa, moradora da cidade de Arari, no Maranhão, é um exemplo de inclusão sócio produtiva de mulheres ex-vendedoras ambulantes ao longo da ferrovia e de quebradeiras de coco babaçu. “Nós erámos vendedores ambulantes, vendíamos ao longo da Estrada de Ferro nas janelas do trem para os passageiros. Como mulheres, estar à frente de um negócio é muito gratificante, é a realização de um sonho, vendendo nossos produtos dentro do trem, hoje também encontrado em vários lugares, em várias prateleiras do Maranhão”, declarou Silvana Barbosa, feliz com essa nova fase de vida.

Saiba mais

Sem a influência da pandemia, o Trem de Passageiros da Vale transporta diariamente até 1.500 pessoas na alta temporada, o que equivale a 28 ônibus ou 325 veículos pequenos a menos circulando nas rodovias. A vantagem se amplia quando pensamos nas condições de algumas rodovias, que fazem viagens curtas de carro durarem quase o dobro do tempo.

No que se refere ao preço, a tarifa de trem também leva vantagem. Enquanto uma passagem de ônibus leito entre São Luís e Açailândia custa cerca de R$ 150; no trem, o valor cai para R$ 54, na classe econômica.

Outro detalhe que chama atenção refere-se ao fato de que enquanto no Trem de Passageiros as refeições podem ser feitas dentro do vagão, na viagem de ônibus elas acontecem nas paradas de almoço ou jantar, o que aumenta ainda mais o tempo embarcado. Durante a pandemia, as refeições estão sendo feitas nas poltronas para evitar aglomeração no vagão restaurante.

Números

27

Municípios entre os estados do Maranhão e Pará são cortados pela Estrada de Ferro Carajás

861

km de extensão tem a Estrada de Ferro Carajás, uma das únicas linhas regularas de passageiros

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