Oton Lima

Conexão Maranhão-Bahia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Célia Sampaio, Kellen Lopes, Thaís Regina e Abnner Setúbal estrelam a campanha de Asopo, nova coleção da Moda do João
Célia Sampaio, Kellen Lopes, Thaís Regina e Abnner Setúbal estrelam a campanha de Asopo, nova coleção da Moda do João
Em Salvador em fevereiro último, a jornalista Luíza Brasil (Mequetrefismos) e João Belfort
Em Salvador em fevereiro último, a jornalista Luíza Brasil (Mequetrefismos) e João Belfort
João Belfor em seu ateliê na Hauss 337 (Centro Histórico)
João Belfor em seu ateliê na Hauss 337 (Centro Histórico)

João Belfort está de volta com novidade na sua "Moda do João".

Trata-se da coleção "Asopo", lançada no início da semana, que promete mais uma leva de "itens de colecionador" para o fã-clube da grife deliciosamente maranhense.

"Asopo" quer dizer conexão na língua iorubá, e expressa a mais recente imersão cultural do nosso "enfant terrible" da moda.

Desta vez, em terras soteropolitanas. Imaginando que a pandemia já teria dado um resfresco para a gente no carnaval, João programou uma ida à Bahia em fevereiro último.

Mesmo com a cidade praticamente em lockdown na época, o estilista proseguiu com a viagem, já que a ideia era - também - mergulhar na cultura e na moda regional baiana, em busca de novas referências para o seu trabalho.

O Pelourinho, é claro, foi o epicentro dessa experiencia. Ali, se resume o que há de mais emblemático e regional da chamada bianidade nagô. Além de ser ponto importante no cruzamento da ancestralidade da história de João (assim como a de muitos maranhenses) com a do povo baiano.

No meio daquela profusão de códigos e inspirações, o maranhense ainda aproveitou para estreitar o network com uma turma que faz barulho na moda.

Com direirto ainda a reencontros e trocas de figurinhas, como as que teve com a jornalista carioca Luíza Brasil, expoente fashion nacional, conhecida nas redes sociais pela alcunha "mequetrefismos", também de passagem pela Bahia. Vale frisar que Luíza foi a primeira profissional de alcance nacional a mencionar - e, portanto, dar visibilidade - ao trablaho de João.

Dessa interseção Maranhão-Bahia na cabeça de João saiu uma coleção enxuta, com estampa exclusiva de grafismos que vai além de qualquer regionalismo piegas, sem, contudo, perder o elã que une estes dois estados tão únicos e ao mesmo tempo semelhantes do Brasil.

As peças seguem as formas que João costuma apostar, preservando a identidade da marca. Com kimonos, calças largas e macacões que a gente tem vontade de vestir e sair desfilando pela Madre Deus (cá) ou o Rio Vermelho (acolá). Isso, é claro, quando puder.

Assim como as roupas, a identidade visual do material de divulgação traz expressa a marca de bom gosto e acabamento apurado que distinguem as campanhas da Moda do João.

Com fotos de Danrley Igor, a cantora Célia Sampaio, a bailarina Kellen Lopes Ramalho, a modelo Thaís Regina e o jogador de basquete (e dublê de modelo) Abnner Setúbal emprestaram suas belezas e personalidades. A direção de arte é de João Almeida (O Pé de Feijão) e Marcos Ferreira (Desalinho), dois prodígios artísiticos assim como João.

SINTO MUITO

Eu sei: o humor da coluna é pra cima, descontraído. Está no nosso DNA. Você deve vir aqui exatamente em busca desse estado de espírito mais leve, animado. Atrás de amenidades que costumam dar outro colorido ao acizentado do factual - para usar o termo do jornalismo que se refere aos fatos "nús e crus" do dia a dia.

Concordo também que a vida já esteja tão difícil que, de vez em quando, o melhor é tapar olhos e ouvidos para a realidade. Mas acontece que não estou conseguindo mais. Se muitas vezes preferi pincelar este espaço com notas mais lúdicas e amenas, hoje os sentimentos que tomam conta de mim me impelem a teclar palavras avinagradas.

Não consigo pensar em outra coisa senão na pandemia e em todo o estrago que ela vem fazendo ao Brasil. Pior dizendo: no nível que o governo Federal permitiu que a situação chegasse por aqui.

Ainda bem que estou agora diante do computador, exorcizando minha raiva sozinho, e não há o menor risco de interlocução em defesa do indefensável. Pois meu humor, diferente do da coluna, não está dos melhores para ouvir quem se nega a admitir que o (nada) ilustríssimo e seus asseclas são responsáveis, sim, pela crise instalada pela Covid-19.

Eu sei que isso é óbvio, mas como tem quem viva o negando por aí, é bom que se diga que não estou falando do estrago que o vírus está causando no mundo todo. Me refiro ao desprezo do presidente ao problema desde o começo, a não adoção das medidas defendidas pela medicina, ao negacionismo generalizado e, o mais cruel de tudo, a recusa em comprar as vacinas em tempo hábil.

Desde o momento que a primeira vacina foi disponibilizada, cada morte contabilizada me soa como assassinato. A desfaçatez de depoentes e alguns parlamentares na CPI da Covid é de embrulhar o estômago. Quer dizer: não bastasse nossa saúde (física e mental) estar esgarçada como está, ainda temos que aguentar o tripúdio de onde deveria vir a solução.

A real é que estou muito mexido com tudo isso. Além da revolta com o inominável (me recuso a pronunciar o nome dele), ainda preciso administrar a decepção com quem insiste em defendê-lo.

Falo de gente que eu respeito a trajetória profissional e o repertório cultural e intelectual que se subentende que possua, enfim, de gente que eu jamais imaginei ter esse tipo de posicionamento. Muitos dos quais vi, lá no início, reproduzindo discursos contra vacina, isolamento ou máscara, e que agora comemora por estar tomando a sua, braços a postos nas redes sociais.

Por fim, estou muito triste com a perda da Cíntia Itapary para esse mal, nesta sexta. Aos 50 anos, linda como sempre (desde os tempos de Miss Maranhão), cheia de projetos (como advogada e chef culinária de mão cheia) e sonhos pra realizar. Precisa dizer que a vacina a tempo poderia ter mudado esse fim?

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