Obras inacabadas

Mariana: no dia em que deveriam receber casas, atingidos protestam

Prazo para entrega dos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo venceu no sábado, 27, com apenas cinco casas prontas das mais de 300 que deveriam ter sido concluídas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Atingidos protestam com nariz de palhaço em frente às obras inacabadas
Atingidos protestam com nariz de palhaço em frente às obras inacabadas (atingidos protestam com nariz de palhaço em frente às obras inacabadas )

MARIANA - Em vez de dia de entrega de casas, no sábado,27, se tornou uma data de protesto para moradores de comunidades destruídas pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015, em Mariana (MG). Usando nariz de palhaço, eles fizeram carreata percorrendo as obras inacabadas, que se arrastam há mais de cinco anos.

O prazo para entrega dos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo venceu neste sábado, com apenas cinco casas prontas das mais de 300 que deveriam ter sido concluídas.

Segundo o MPMG, o descumprimento da data de conclusão das obras prevê “multa de R$ 1 milhão por dia de atraso, conforme decisão judicial”.

Segundo o órgão, o prazo inicialmente informado pela Fundação Renova, entidade criada para gerir as ações de reparação do desastre, era março de 2019. Depois, a partir de decisão judicial, foi fixado o dia 27 de agosto de 2020. Por fim, uma nova determinação da Justiça definiu 27 de fevereiro como data para entrega das casas.

Durante a carreata, os atingidos fizeram buzinaço. Eles levavam cartazes com mensagens como “fora Renova”, “5 anos de enrolação” e “devolva o que é nosso”.

‘Frustração, mas sem surpresa’

“Eu vejo com uma certa frustração, mas não com surpresa. Porque, se tratando da Fundação Renova, desde o início das atividades, a gente vem alertando. Ela pode ser boa para as empresas, mas ela é insuficiente para um processo célere e eficiente de reparação”, diz o comerciante Mauro Marcos da Silva, que integra a comissão de atingidos de Bento Rodrigues.

Na comunidade, apenas cinco das quase 210 casas que serão erguidas no terreno foram concluídas. A dona de uma dessas cinco casas morreu dois meses antes de ela ficar pronta.

Mais de 60 meses após a tragédia, nem as obras de infraestrutura estão concluídas. De acordo com a Renova, 95% dessa parte do projeto foi finalizada. A expectativa da fundação é que, até o fim do ano, 64 casas estejam prontas.

No reassentamento de Paracatu de Baixo, a situação é ainda mais desanimadora para as famílias que esperam por um novo lar e vivem há cinco anos em casas alugadas. Até hoje, nenhum imóvel foi erguido por lá.

De acordo com a Renova, 97 famílias optaram por viver no reassentamento coletivo de Paracatu de Baixo. A fundação informou que sete casas tiveram obras iniciadas, com etapa de montagem de fundação concluída.

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