COLUNA SOCIAL

Já que é pra tombar...

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
O jornalista Pedro Sobrinho, referência na cena cultural maranhense, faz uma reflexão equilibrada - que a coluna reproduz - da participação controversa da rapper Karol Conká no BBB21
O jornalista Pedro Sobrinho, referência na cena cultural maranhense, faz uma reflexão equilibrada - que a coluna reproduz - da participação controversa da rapper Karol Conká no BBB21

Em meio a tanto ruído, equívoco e ódio gratuito na internet, Pedro Sobrinho surge como voz dissonante dessa onda de extremismo e rancor, dividindo em
suas redes sociais reflexões, críticas ou mesmo pitacos que soam como alento para seus seguidores.

Jornalista de formação e DJ da melhor qualidade, ele integra o quadro de experts que atuam na Mirante FM. Já enveredou na blogosfera e fez parte da redação
do Imirante.com, época que coincidiu com a minha chegada no Grupo Mirante - e lá se vão 13 anos. E não me recordo de outro colega mais discreto na
atividade e gentil no trato.

Inclusive, devo uma reverência pública a ele aqui - já que costumo fazê-la ao vivo sempre que nos encontramos pelos movimentos culturais da Ilha. Até
porque, para mim, Pedrinho é uma verdadeira inspiração em jornalismo cultural no Maranhão.

Mas isso ficará para uma ocasião mais apropriada. Por ora, trago uma das tantas pílulas de sabedoria que ele nos brinda em seu perfil no Instagram:
@pedrosobrinho_

Ele fez uma análise lúcida e com muita propriedade do assunto da semana na cena pop nacional: a participação da rapper Karol Conká no BBB 21. Eu,
espectador entusiasmado do programa, vi nas palavras dele tudo o que penso a respeito do assunto. Portanto, faço minhas as dele.

De rainha da
De rainha da "geração tombamento" vilã número 1 do Brasil, Karol Conká

Já falei e volto a repetir o velho chavão: 'questão de gosto é como aquilo, cada um tem o seu'. Ninguém é obrigado a gostar da música de Karol Conká. É fato !
Agora, ela não está à toa na música.

O trabalho dela é pautado em questões de empoderamento feminino e diversidade. Ela construiu uma imagem de uma pessoa bem informada e consciente. As letras do seu álbum de estreia, o Batuk Free, de 2013, provocaram identificação com toda uma geração de meninas que reconheciam ali suas dores e seus desejos, se viam representadas na autenticidade e discurso dela.

E mais, ter programa em canal fechado da GNT e ser convidada para participar do Festival Rec-Beat não é pra qualquer 'um ou uma'. Até porque o evento traz
em seu 'cast' artistas potentes do cenário alternativo da música global.

É lamentável que a dona da 'geração tombamento', acabou tombando feio por não saber calçar a sandália da humildade em um 'reality show', desconstruindo a
sua história, a sua militância, pela arrogância, impulsiva e comentários desnecessários. Por conta disso, está pagando um preço: o da execração pública
na internet e cancelamentos de compromissos profissionais e prejuízos financeiros.

Não há justificativas para o comportamento perverso e tóxico da artista, mas quando falava mal de outros participantes relatou diversas vezes o 'bullying' e as
situações de racismo que sofria na escola quando a professora atirava o apagador nela ou a chamavam de macaca. Enfim, a vida dessa mulher é marcada por
violências.

Pessoas que foram muito oprimidas em suas vidas tendem a repetir os ciclos de opressões porque é tudo que conhecem. Como diz o mestre e meu guru Paulo
Freire: 'Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido também é ser opressor'.

Antes de cancelar Karol com "K", errar faz parte a nossa natureza. O que a gente faz com isso é a questão. Já diz Pitty: 'Quem não tem teto de vidro que
atire a primeira pedra'".

APESAR DA CIÊNCIA
A coluna, você sabe, costuma versar sobre acontecimentos sociais festivos e gente interessante, sobretudo do espectro cultural, do Maranhão. Mas, de vez em quando, diante de algum episódio extraordinário, este colunista se vê forçado a mudar de tônica.

Eu disse extraordinário? Desta vez está mais para ordinário - no amplo sentido da palavra.

Recebi do Conselho Federal de Farmácia, via e-mail, uma sugestão de pauta com o seguinte título: "Venda de Ivermectina aumenta em 247% no Maranhão".

Sim, nem tudo foi bancarrota na pandemia. Segue parte do conteúdo do release: "Levantamento feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostra que as vendas da hidroxicloroquina, por exemplo, mais que dobraram, passando de 963 mil em 2019 para 2 milhões de unidades em 2020. O aumento foi ainda maior no caso da Ivermectina, atingindo 557,26%". Os percentuais são nacionais, mas o Maranhão não fica atrás.

Por aqui, o aumento foi de 247% para a ivermectina (de 306.599 em 2019 para 1.064.165 em 2020) e de 74% para a hidroxicloroquina (de 13.369 em 2019 para 23.265 em 2020). Os dados são do IQVIA (FMB, base Dez/20, apenas canal varejo, métrica em unidades) e Conselho Federal de Farmácia
(CFF)

Dizer que tais medicamentos não possuem comprovação científica alguma para prevenção ou cura da Covid,pelo visto, é perda de tempo,
né?

Ainda assim, o CFF reforça a preocupação com o chamado "tratamento precoce"da Covid- 19 e reafirma "seu apoio à assistência à saúde baseada em
evidências científicas e à vacinação" - que, aliás, segue sem maiores percalços em São Luís (inclusive, para a comemoração de muitos que se
diziam contra por aí).

Discutir aqui as razões para esse comportamento, no mínimo, contraproducente - a vontade era de dar outro predicado, mas vou preservar a elegância - ou
mesmo atacar o negacionismo da ciência a essa altura do campeonato, suspeito que seja tão ineficaz quanto remédio pra verme é para impedir o
coronavírus dessa sanha que ainda está longe de acabar. Só muito floral, viu? Ainda bem que ele não precisa de receita médica.

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