Viagens no estado

Turismo interno registra crescimento de 90% no Maranhão, afirma ABAV

Apesar da alta natural do turismo nos últimos meses, 2021 ainda será um ano de recuperação para setor; esperança dos empresários é a vacina da Covid-19

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

São Luís - Com o bloqueio de destinos em outros continentes, as viagens mais próximas, ou a rotas menos distantes, estiveram na preferência dos consumidores. Dados da Associação Brasileira de Agentes de Viagens no Maranhão (ABAV) apontam que as viagens internas, ou seja, dentro do território local – aumentaram cerca de 90%, durante a pandemia.

Um dos fatores para o índice, além do barateamento dos pacotes para estes destinos e o medo de parte da população em circular por outros territórios, devido à pandemia, está ainda a imposição de barreiras por países da Europa, para visitação de turistas, em especial, do território brasileiro.

Segundo a Secretaria Estadual de Turismo (Setur), dentre os destinos mais procurados no Maranhão estão as regiões de Riachão, Barreirinhas, Carolina, Santo Amaro e Tutóia. Nestes locais, de acordo com a pasta, foi registrada concentração de visitantes “em obediência às determinações sanitárias”.

Segundo o Governo, 100% dos hotéis foram ocupados nas festas do fim do ano passado, em polos como a Chapada das Mesas e os Lençóis Maranhenses. A visibilidade da região dos Lençóis, por exemplo, foi maior com visitas ilustres, como a do piloto de Fórmula 1, Max Verstappen, que foi flagrado nas redes ao lado da namorada, Kelly Piquet, em duna, no lugar paradisíaco.

Europa fechada
Em determinados países da Europa, autoridades públicas elevaram os níveis de rigorosidade das medidas de controle sanitário, o que também agravou o cenário no mercado de turismo, por prejudicar a saída de visitantes do Brasil para estes territórios.

No Reino Unido, por exemplo, onde era registrada uma média diária de pouco mais de 400 casos, de acordo com fontes internacionais, somente no dia 29 do mês anterior, foram mais de 80 mil casos, o que foi interpretado de forma correta, como uma espécie de “desajuste” nas políticas de contenção do vírus.

O que chama a atenção no caso do território britânico é que, até meados de agosto de 2020, a situação era considerada estável. No entanto, dois meses mais tarde – em outubro – o quadro já era de anormalidade. Regiões do país, cujo mapa de alerta tendia para uma flexibilização e autorização de determinadas práticas sociais, passaram a registrar medidas de maior rigor.

Com base nessa promessa, o governo decretou um lockdown, que afetou o comércio, mas não fechou a maior parte das escolas do país. O auxílio econômico, dado a empresas com folhas de pagamentos de salário, foi estendido até março deste ano.

As medidas reverteram a tendência de subida da Covid-19: de 170 mil casos novos por semana, em média, no começo de novembro, para 101 mil, no final do mês. E o país reabriu parcialmente no começo de dezembro, quando acabou o lockdown.

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Mas o governo se viu em apuros e precisou novamente adotar o chamado lock no país com a elevação novamente dos casos às vésperas do Natal. Foram mais de 200 mil novos casos da doença, o que alertou os responsáveis técnicos pelas ações sanitárias.

A procura por destinos mais próximos do território brasileiro pelos turistas se deu ainda pelas dificuldades enfrentadas para acesso até mesmo dentro do próprio continente.

Viagem adiada
Keyla Bacarias, professora de Educação Física e residente na capital maranhense, estava preparada para, a partir deste domingo (10), viver 20 dias de descanso com a irmã e outros familiares que residem na cidade chilena de Iquique – território no litoral do país sul-americano e situado a 1.780 quilômetros da capital, Santiago.

No entanto, às vésperas da viagem e com a elevação nos rigores das regras sanitárias adotadas recentemente pelo governo chileno – que obriga por exemplo a apresentação de exame próprio PCR para cada visitante do país, além de cumprimento de quarentena em Santiago supervisionada pela administração local – a educadora decidiu adiar os planos.

Como a sua volta estava programada para o dia 30 deste mês, caso aceitasse a ida para o Chile, ela perderia mais da metade do tempo de viagem cumprindo a quarentena na capital, ainda que o exame PCR estivesse negativado. “Com estas regras, ficou inviável a viagem”, disse.

Após decidir não viajar, foi a vez da negociação com a agência de viagem. “Foi tenso, pois eles insistiram que eu fosse mesmo sob essas condições. Tive de me impor e consegui postergar o crédito da viagem por seis meses. No entanto, se a situação do país ainda estiver com todas estas restrições, a ida terá que ser novamente adiada”, admitiu.

Em 2019, ano de sua última visita ao país, a cidade de Iquique – conforme acervo pessoal de fotos da educadora física - mostrava a sua beleza às margens do litoral. Iquique é a capital da região de Tarapaca e uma das cidades mais visitadas no norte do Chile.

Popular por suas muitas praias, ideal para surfistas, nadadores e atletas em geral, a cidade apresenta uma zona de livre comércio (chamada de Zofri), o que para a sua grande atividade comercial contribuiu para o desenvolvimento urbano da cidade, particularmente no seu centro histórico.


Abrindo o jogo - Jansen Santos - presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagens no Maranhão (ABAV)

“O setor do turismo somente voltará ao normal após a vacinação”

A O Estado, o presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagens do Estado do Maranhão (ABAV), Jansen Santos, disse que – devido às restrições causadas pela pandemia do coronavírus e às limitações de acesso a determinados países – foi registrado um crescimento de 90% na movimentação interna de visitantes no país. Os destinos maranhenses foram visados neste período, com a flexibilização, nos últimos meses, do Governo do Estado quanto à circulação de pessoas.

É possível mensurar o impacto da queda de faturamento do setor de turismo com a pandemia?

O setor de turismo na pandemia foi improdutivo para toda a cadeia produtiva mundial e o Maranhão não ficou de fora desta realidade. Tivemos todas as atividades paradas, como voos, hospedagens, passeios e outros. O faturamento de abril até maio de 2020, foi praticamente zero em algumas aéreas. As pessoas que compraram pacotes e passagens para aquele período tiveram que reprogramar a agenda e os voos foram cancelados. O Ministério do Turismo e as entidades envolvidas no processo de socorro foram acionados para amparar as empresas. Somado a isso, o Governo Federal editou a Medida Provisória 14.046/20 que veio frear as ações judiciais. Foi até mesmo criada uma campanha intitulada “Adie, mas não cancele”. Essa ação fez que os clientes não pedissem reembolso, e sim deixasse sua viagem para outro momento.

O mercado local de turismo está recuperado?

Recuperado sim, mas parcialmente. Não existem os protocolos sanitários com regras regidas para os viajantes, no entanto, as regras ainda existentes impedem os hotéis e empresas de transporte de passageiros de usarem sua capacidade máxima e isso causa uma retração à recuperação rápida. A Associação Brasileira de Agentes de Viagens do Estado do Maranhão, assim como a entidade nacional tem acompanhado a abertura das atividades, orientando os agentes de viagens que são constantemente treinados para este novo momento.

Atualmente, qual a preferência? Destinos internos ou externos?

Neste momento, com a campanha do Ministério de Turismo potencializando o turismo interno, houve uma explosão de pedidos de viagens internas. Aqui no Maranhão, aumentou a procura pela exploração das paisagens e potencialidades locais, em especial, Barreirinhas e os destinos do Sul do estado.

Os destinos externos perderam a preferência não somente pelos preços, que se tornam ainda mais elevados como principalmente por receio das pessoas e, principalmente, por restrições aos visitantes nestes países. A procura maior foi o destino interno, estamos com países com restrições para entrada de estrangeiros e isso fez com que aumentassem as viagens no Maranhão em 90%.

Além da pandemia, até que ponto a variação cambial interfere na aquisição de pacotes internacionais?

As agências de viagens, assim como as operadoras, principalmente nas operações internacionais, estão atravessando um momento muito difícil. O dólar segue muito alto sem uma intervenção das empresas aéreas competentes, isso nos impede de fazer grandes operações internacionais. Tem ainda a alta carga de impostos que, neste caso, nos atrapalha nessas vendas de pacotes.

Qual a previsão do setor para 2021?

Em dezembro de 2020, o setor investiu pensando que fossemos ter uma vacinação, mesmo que emergencial, que houvesse um plano de vacinação em massa como em outros países, no entanto, estamos vendo um impasse político e a população perdendo seus negócios. A esperança é que tudo volte ao normal e depois da vacinação as empresas de turismo possam voltar com força total.

SAIBA MAIS

Presidentes e executivos de entidades ligadas ao Turismo participaram, no dia 6 deste mês, na sede da Federação do Comércio do Maranhão (Fecomércio) no Calhau da entrega do material de divulgação do Clube de Vantagens do Turismo Maranhense, idealizado pelo Sebrae Maranhão.

Na breve solenidade, foram repassados, o cartão de desconto e folder do Clube de Vantagens aos representantes do trade presentes.

O Clube de Vantagens é um programa de incentivo, idealizado pelo Sebrae, por meio do Projeto Turismo Criativo no Polo São Luís, em parceria com entidades de classe do setor do turismo.

O objetivo é fortalecer e promover o turismo interno e externo e sua cadeia produtiva, com foco nos visitantes e nos maranhenses, de forma que os produtos e atrativos locais sejam conhecidos e mais valorizados.

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