Dados

Pesquisa indica que 76% as mulheres já passaram por episódios de violência e assédio no trabalho

Estudo "Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho", do Instituto Patrícia Galvão traz dados sobre a violência contra a mulher

Com informações de assessoria

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Mulheres reconhecem assédios no mercado de trabalho
Mulheres reconhecem assédios no mercado de trabalho

SÃO PAULO- Gritos e xingamentos; discriminação em razão da aparência, raça, idade ou orientação sexual; controle excessivo e críticas constantes; agressão física; elogios constrangedores; assédio e estupro. Estas são algumas das situações de violência, constrangimento e assédio vividas pelas brasileiras no trabalho. É o que mostra o estudo Percepções sobre a violência e o assédio contra mulheres no trabalho do Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva. Acesse a íntegra aqui.

36% das trabalhadoras dizem já haver sofrido preconceito ou abuso por serem mulheres; porém, quando apresentadas a diversas situações, 76% reconhecem já ter passado por um ou mais episódios de violência e assédio no trabalho.

Situações que as mulheres já sofreram em ambiente de trabalho
Situações que as mulheres já sofreram em ambiente de trabalho

E como se sentem e reagem as mulheres que já viveram essas situações?

Tristeza, ofensa, humilhação e raiva são os sentimentos mais comuns; apenas 16% disseram não ter se importado.

Em apenas 28% dos casos relatados, a vítima soube que o agressor sofreu alguma consequência. Em 39%, a vítima não soube o que houve com o agressor e em 36% nada aconteceu e ele não foi punido.

Já com relação à vítima, a maior parte tratou o caso no âmbito individual: confrontando pessoalmente o agressor ou evitando contato, contando apenas para amigos e familiares ou pedindo demissão; 11% não formalizaram a denúncia por terem sido assediadas pelo superior e 10% por terem visto o mesmo ocorrer outras vezes, sem solução; e 3 em cada 10 consideraram que o episódio não havia sido grave o suficiente para ser levado adiante.

Dos casos que foram denunciados, em apenas 34% a empresa ouviu o relato da vítima e puniu o agressor; em 12% a empresa sequer ouviu a vítima.

Um quarto das mulheres que foram assediadas passou a desconfiar das pessoas com quem trabalham e/ou não tiveram mais vontade de ir trabalhar; 21% saíram da empresa.

Naturalização

No ambiente de trabalho, algumas práticas relacionadas a características físicas das trabalhadoras são, muitas vezes, naturalizadas. Para 57%, aparência física deve ser observada na contratação e, para 49%, não há nada errado em homens elogiarem a aparência de mulheres no trabalho, percepção que é maior entre homens (51%) do que entre as mulheres (45%).

Algumas opiniões que invisibilizam as desigualdades entre homens e mulheres também são, muitas vezes, naturalizadas: embora a maioria reconheça a sobrecarga das mulheres com as tarefas domésticas, para 85% o que acontece em casa não pode impactar o rendimento delas no trabalho.

Menos oportunidades para as mulheres e mais discriminação

Há a percepção geral de que o trabalho doméstico (em especial o cuidado com os filhos) prejudica mais as mulheres do que os homens no mercado de trabalho. Para a maioria, ter filhos diminui as oportunidades das mulheres no mercado de trabalho, impactando mais a carreira delas do que a dos homens.

Além do reconhecimento de que as mulheres em geral têm menos oportunidades no mercado de trabalho, há também a percepção de que alguns grupos de mulheres – como as que têm mais de 50 anos, negras, lésbicas e trans – têm menos oportunidades, embora grande parte não reconheça a disparidade salarial entre mulheres negras e brancas.

Ao mesmo tempo em que é grande a percepção do impacto da maternidade no trabalho – 87% concordam que “uma mulher tem mais medo de contar que está grávida ao seu/sua superior do que um homem que será pai” –, a maioria discorda de que “em uma entrevista de emprego, é importante saber se uma candidata jovem pretende casar-se e ter filhos”. Mais mulheres (65%) do que homens (56%) manifestam essa discordância.

Mercado de trabalho é ainda muito desigual
Mercado de trabalho é ainda muito desigual

Impactos da pandemia sobre as trabalhadoras

A pandemia trouxe novos desafios para as mulheres – instabilidade financeira, preocupações e desentendimentos e a ampliação da sobrecarga do trabalho doméstico –, tornando ainda mais difícil conciliar o trabalho remunerado e o cuidado com os filhos e a casa.

Mais instabilidade financeira

34% perderam o emprego
44% tiveram redução de salário
56% tiveram redução de jornada de trabalho e salário
64% ficaram com medo de perder o emprego

Mulheres sentiram mais o aumento das tarefas domésticas com a pandemia

A dificuldade de conciliar trabalho remunerado e doméstico na pandemia é mais sentida entre as mulheres:

72% tiveram aumento da carga de trabalho doméstico em geral (x 45% dos homens)
78% tiveram aumento da carga de cuidado com os filhos/as (entre quem tem filhos/as)

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.