União

Coletivo Linhas e artesãs de Alcântara em projeto de arte e resistência

Projeto une mulheres do Coletivo Linhas e artesãs de comunidade de Alcântara em ação de valorização, troca de saberes e vivências; resultado será exposto na Ladeira do Jacaré

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Projeto integra residência artística e mostra na cidade de Alcântara
Projeto integra residência artística e mostra na cidade de Alcântara (coletivo linhas)

São Luís - Composto por uma residência artística e intervenção, o projeto “Casa” une o Coletivo Linhas e as artesãs da comunidade de Santa Maria, em Alcântara. Em 12 dias de residência artística, as artistas do coletivo convivem com as mulheres de Santa Maria para uma troca de saberes, sentidos, vivências e formas de tecer. O resultado será registros audiovisuais, depoimentos transcritos e uma mostra composta por oito flâmulas feitas em fibra de buriti levantadas em fachadas de moradias na principal rua de acesso da cidade de Alcântara, a Ladeira do Jacaré. As obras serão expostas a partir de quarta-feira (9) até o dia 9 de janeiro de 2021.

Ao lado de cada flâmula serão expostos os fragmentos dos depoimentos apresentados em cavaletes. São o registro de memórias e de resistências de mulheres que aprenderam a dar o nó da intimidade e a construir a política da coexistência e interdependência ambiental e afetiva. Tramas alinhavadas no reconhecimento, valoração, empoderamento. Assinaturas biográficas do existir feminino na fibra e na cidade.

Na comunidade, são mais de 20 artesãs na produção de tecelagem, organizadas em sistema de associação comunitária. Até o instante dos primeiros encontros com a comunidade, o Coletivo Linhas sempre havia usado a técnica do croché para realizar intervenções artísticas urbanas. A novidade nesta ação é a substituição da linha pela fibra natural do buriti como possibilidade ao grupo. Uma possibilidade não só de recurso, um convite ao tear de tradições, criatividade, sustentabilidade e ritualísticas.

O Linhas é tecido por sete artistas, sendo que quatro delas integram a ação do projeto “Casas”. “A possibilidade de uso da fibra do buriti como recurso não somente estético mas de intervenção urbana, ecológica e sustentável, que prima pela preservação do patrimônio ambiental, se tornou uma possibilidade interessante e inédita até então para o Coletivo Linhas. A residência do Coletivo se propõe a isso: entrar na comunidade e sentir os relatos das mulheres, especialmente pela postura frente a um modo de vida que tem no coletivo, na convivência em comum, a defesa pelo território e a beleza em habitar uma realidade sempre partilhada com respeito à natureza”, pontua Camila Grimaldi, idealizadora do projeto e integrante do Linhas.

Tradição

A cidade de Alcântara não se limita à região do centro histórico da cidade. O território municipal é habitado por centenas de comunidades quilombolas. Em Santa Maria são mais de 90 famílias de gerações que atravessaram o tempo com tradições culturais e vínculo de proteção da biodiversidade desta região. Permanência ameaçada pela desapropriação de direitos, com a ampliação do Centro de Lançamento Espacial.

A técnica do tear com fibra de buriti chegou às mulheres da comunidade por meio de migrantes da região de Tutóia, no Maranhão. Elas assimilaram o modo de fazer e tornaram a produção manufatureira uma possibilidade econômica. Os produtos fabricados pelas artesãs chegam a diferentes partes do estado e do país. “É um aprendizado contínuo. A maioria aprendeu a tear com as mães, com as avós. Uma técnica que tem o movimento da repetição. Elas receberam a ideia do croché com empolgação, pela ideia de tecer livremente, sem um desenho padrão, pelo exercício da criatividade”, lembra Márcia de Aquino, integrante do Linhas.

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