Mortes violentas

Seis pessoas executadas em menos de quatro anos na Avenida Litorânea

Um dos últimos casos ocorreu no domingo (27), em plena luz do dia e, segundo a polícia, ocasionado por briga de faccionados

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Júnior Parceiro foi executado na Avenida Litorânea no domingo (27)
Júnior Parceiro foi executado na Avenida Litorânea no domingo (27) (crime Litorânea)

São Luís - Uma das importantes áreas de lazer e cartão-postal de São Luís, a Avenida Litorânea, é espaço de assassinatos. Seis pessoas já foram executadas nesse ponto da cidade, em menos de quatro anos. Um dos últimos casos ocorreu no domingo (25) durante o dia e, segundo a polícia, a vítima era líder de uma facção criminosa, identificada como João Francisco de Araújo Moraes, o Júnior Parceiro, de 27 anos. Ele levou mais de dez tiros. Nove faccionados foram levados para a sede da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP), na Beira-Mar. A polícia também apreendeu armas de fogo e um veículo Ônix prata, com placas clonadas.

O delegado-geral da Polícia Civil, Armando Pacheco, declarou ontem, em entrevista à Rádio Mirante AM que João Francisco tinha assumido recentemente o comandado de um grupo criminoso na região da Vila Vicente Fialho, o que gerou descontentamento aos grupos rivais. No domingo, ele teria sido reconhecido na Avenida Litorânea e foi executado.

Os militares, que estavam realizando incursões nessa localidade, prenderam em flagrante quatro suspeitos do crime, que estavam em um veículo Ônix prata, de placas clonadas. Em poder deles, apreenderam armas de fogo, inclusive, a usada no assassinato. Também, durante esse cerco policial, foram presos cinco integrantes do bando, que era comandado pela vítima, e conduzidos para a SHPP.

Armando Pacheco disse que ainda no domingo o governador Flávio Dino se reuniu com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP), no Palácio dos Leões, e ficou determinado que as operações na Grande Ilha continuassem e ampliadas, sem prazo para terminar, a fim de combater a onda de criminalidade proveniente da guerra de facções.

Filho de policial
A Litorânea também foi o local da execução de Erick Cuba de Oliveira, de 19 anos, filho de um policial civil. De acordo com a polícia, o principal suspeito foi Luís Eduardo Correa Durans, de 23 anos. A vítima foi morta quando jogava bola na companhia de amigos.

O acusado fugiu em uma motocicleta vermelha e o corpo da vítima ficou caído no calçadão da Avenida Litorânea. Muitas pessoas, que estavam fazendo caminhada ficaram assustadas e houve correria. A polícia informou que em janeiro de 2018 houve uma briga entre a vítima e o acusado, em uma pizzaria localizada no bairro Anjo da Guarda.

Canto da Sereia
No mês de abril de 2018, um grupo criminoso, composto por Andréa da Silva Ferreira, de 23 anos; Glaubert Ferreira Silva, o Kal, de 18 anos; Jorge Anderson Veloso, de 22 anos, e Ramon Façanha Gomes, de 22 anos, foi levado para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Segundo a polícia, esses criminosos foram presos suspeitos de terem roubado e matado a pauladas e facadas o economista Fernando Tadeu Costa da Silva, de 53 anos, na Avenida Litorânea, na noite do dia 23 de abril de 2018.

O delegado da Polícia Civil, Villamar Alves, informou que o economista foi vítima do “Canto da Sereia”. Andréa da Silva é mulher de Jorge Anderson e conheceu a vítima, na Litorânea. Ela e a vítima trocaram número de celular e marcaram encontro na praia, no Calhau, para o dia seguinte.

No dia do assassinato, Fernando Tadeu se encontrou com a mulher e foi atacado pelos criminosos quando estava na beira da praia. Primeiramente, ele levou uma paulada na cabeça e logo depois, quatro golpes de faca, um deles no abdômen. A vítima ainda foi socorrida e levada para o Socorrão I, mas não resistiu. Após o crime, Andréa da Silva e Jorge Anderson foram presos, ainda na Litorânea, enquanto os outros suspeitos, no veículo da vítima, próximo à Lagoa da Jansen.

Mais ocorrências
A polícia ainda registrou mais três homicídios na Litorânea em 2017. Uma das vítimas foi o funcionário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Ademar Moreira Gonçalves, de 36 anos. Ele foi assassinado a tiros no começo da noite do dia 14 de outubro e o autor do crime, segundo a polícia, foi um policial civil.

A vítima foi baleada nas costas e perdeu o controle do veículo Honda Civic, de placas MWU-3445, colidindo com três veículos, e atropelando um pedestre, identificado como Alziro Abreu Costa. As outras duas pessoas mortas nessa localidade foram o agente penitenciário, Jorge Luís Lobo da Cunha, de 38 anos, no dia 9 julho, e o flanelinha conhecido como Caio, no dia 7 de junho daquele ano. Os casos ainda são investigados pela Polícia Civil.

Fique sabendo

Fernando Tadeu foi assassinado seis anos depois da morte do jornalista, blogueiro e repórter do O Estado, Décio Sá, que ocorreu no dia 23 de abril de 2012. A polícia, ao investigar a morte do jornalista, acabou constatando o crime de agiotagem e o envolvimento de 42 prefeituras do Maranhão nesse esquema criminoso.

Cronologia das mortes violentas na Avenida Litorânea

Dia 7 de junho de 2017: ocorreu o assassinato do flanelinha Caio;
Dia 9 de julho de 2017: foi morto a tiros Jorge Luís Lobo Cunha;
Dia 14 de outubro de 2017: assassinado o funcionário do Ibama Ademar Moreira Gonçalves;
Dia 23 de abril de 2018: foi morto a pauladas e a golpes de faca o economista Fernando Tadeu Costa da Silva;
Dia 11 de fevereiro de 2019: Erick Cuba de Oliveira assassinado a tiros;
Dia 27 de setembro de 2020: João Francisco de Araújo Moraes, Júnior Parceiro, morto a tiros.

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