Setembro Verde

Mês de prevenção e conscientização sobre o câncer colorretal

Cerca de 90% dos casos de câncer colorretal ocorrem em indivíduos com mais de 50 anos de idade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

SÃO LUÍS - A cada mês do ano uma nova campanha é lançada e sempre associada a uma cor específica. No mês de setembro não seria diferente. Durante todo o mês é realizada a campanha Setembro Verde, que conscientiza e a alerta a população brasileira para a prevenção contra o câncer colorretal.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tumor é considerado o segundo mais comum tipo de câncer entre homens e mulheres no Brasil. Só em 2018 foram registrados 24.737 casos do câncer, sendo 48% em homens e 52% em mulheres. A estimativa do INCA ainda aponta que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no país 40.990 novos casos da doença.

Para explicar as causas, prevenção e tratamento do câncer colorretal, conversamos com a médica coloproctologista do Hapvida Saúde e presidente da Sociedade Maranhense de Coloproctologia, médica Maura Tarciany Cajazeiras.

“O câncer colorretal apresenta tumores malignos localizados no intestino grosso (cólon e reto). O risco de uma pessoa desenvolver esse tipo de câncer durante a vida é de cerca de 5% e aproximadamente 70% dos tumores aparecem no cólon e 30% no reto. É importante ressaltar que o câncer colorretal é um dos poucos tipos de câncer que podemos evitar o seu surgimento, já que a maioria (96% dos casos) são do tipo adenocarcinoma, estes são provenientes a partir de pólipo ou adenoma, um tipo de verruga, que são elevações anormais da superfície intestinal; inicialmente são diminutas e benignas, mas que ao longo do tempo, entre 5 e 7 anos, podem sofrer transformações malignas, crescendo e originando o câncer. Se a remoção do pólipo, através da colonoscopia, ocorrer antes destas transformações , é capaz de evitar a ocorrência do câncer colorretal”, explica.

Médica Maura Tarciany Cajazeiras fala sobre o tipo de cãncer
Médica Maura Tarciany Cajazeiras fala sobre o tipo de cãncer

Sintomas

Entre os sintomas, podem ser observados sangramentos nas fezes, mudanças no hábito intestinal, desconforto abdominal com gases ou cólica. "Os sintomas do câncer colorretal na maioria das vezes só surgem nos estágios mais avançados da doença, ou seja, a maioria das pessoas é totalmente assintomática nos estágios iniciais. Dentre os sintomas, o paciente pode apresentar: mudança repentina e persistente dos hábitos intestinais como mudança da consistência e forma das fezes, alterações da frequência evacuatória, presença de muco e sangue nas fezes”, pontua Maura Tarciany.

Quando o câncer está localizado no reto, os pacientes podem sentir outros desconfortos. “Sensação de pressão no reto; sensação de evacuação incompleta, apresentando uma intensa e constante vontade de evacuar, mesmo que não haja fezes no reto (indicativo de um câncer avançado). Os pacientes podem apresentar também dor abdominal, anemia, fraqueza e perda de peso”, complementa.

Fatores de risco e prevenção

O câncer colorretal é uma doença multifatorial influenciada por fatores genéticos, ambientais e relacionados ao estilo de vida. Entre os fatores de risco, então a idade, obesidade e sedentarismo.

“A idade é o fator de risco mais importante para o câncer colorretal não hereditário. É altamente prevalente em pessoas acima de 60 anos, porém nota-se uma avanço progressivo nos registros de câncer entre os adultos jovens. É mais comum nos afro-descendentes e judeus. Aumenta o risco em pacientes com dieta pobre em fibras e rica em gordura animal, carne vermelha, alimentos processados e industrializados. O sedentarismo, bebida alcoólica, tabagismo, diabetes tipo 2, doença inflamatória intestinal e história familiar de câncer colorretal são importantes fatores de risco para o câncer colorretal", destaca a coloproctologista.

Por estar relacionada diretamente a uma má alimentação, sedentarismo, obesidade, tabagismo e alcoolismo, manter uma dieta balanceada e rica em produtos naturais pode diminuir o risco de desenvolvimento dos tumores. “Uma dieta rica em fibras, composta por alimentos como frutas, verduras, legumes e cereais é muito importante. O equilíbrio na alimentação é fundamental para a prevenção de doenças, como o câncer. Seguindo uma vida regada a hábitos de vida saudáveis o indivíduo tem a possibilidade de viver mais e melhor”, destaca Marcos Macedo, professor do curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio São Luís.

Outra recomendação é realizar exames específicos para diagnosticar a doença. “Além do combate aos fatores de risco é essencial adotar um programa de triagem que envolve a realização de uma colonoscopia a cada cinco anos a partir dos 50 anos de idade ou idade mais precoce, dependendo dos fatores de risco". "Devido o aumento da incidência de câncer em pessoas jovens, a Sociedade Americana de Cirurgiões Colorretais já reduziu a idade para fazer o rastreamento do câncer colorretal de 50 para 45 anos em pessoas sem histórico familiar de tumor", completa a coloproctologista.

Tratamento
Caso seja diagnosticado precocemente, o câncer colorretal apresenta grandes chances de cura. “A detecção do tumor pode ser feita através de exames de rastreamento, bem como por meio de exame físico. No caso dos pacientes que já apresentam os sintomas da doença, o diagnóstico é feito por meio de investigação de exames clínicos, colonoscopia, radiológicos ou laboratoriais”, detalha.

No tratamento de pessoas com tumores em estágios iniciais o processo é menos agressivo e consiste na retirada do pólipo e das lesões, através de colonoscopia ou pequenas cirurgias com ressecções locais dos tumores. “Em casos específicos, é recomendada sessões de quimioterapia complementares. Mas depende da localização do tumor e o estágio da doença, quanto mais avançado, mais agressivo deve ser o tratamento, podendo ser necessárias radioterapia e quimioterapia, mesmo antes de procedimentos cirúrgicos”, esclarece a Dra. Maura Tarciany.

Saiba Mais

Tabu
Apesar de ser considerado o terceiro tipo de câncer mais comum entre homens e mulheres, depois do câncer de pele, no Brasil, muitas pessoas ainda sentem vergonha de ir ao coloproctologista, mesmo com frequentes desconfortos na hora de ir ao banheiro.

“No consultório sempre chegam pacientes falando que tinham vergonha de ir a consulta, mas que já estavam preocupados com a situação e resolveram vir. Esse tipo de situação é muito comum. Ainda existem muitos tabus sobre a profissão do coloproctologista”, reconhece a especialista.

Para identificar as lesões iniciais do câncer é necessário fazer a colonoscopia. O exame realizado através de uma câmera onde é possível checar as lesões nas paredes intestinais. “É um exame que utiliza um colonoscópio, uma espécie de tubo flexível que contém uma pequena câmera na ponta, semelhante ao utilizado na endoscopia. Esse aparelho é conectado a um monitor que permite a visualização do intestino grosso e uma parte final do intestino delgado, além de gravar vídeo e captar imagens”, explica a coloproctologista.

Com esse exame o especialista consegue avaliar o tecido que reveste o intestino internamente, tornando mais fácil a busca por lesões e biópsias quando forem necessárias. Por ser introduzido, muitos pacientes sentem medo, mas a especialista garante que não há dor. “Apesar de ser alvo de um grande tabu, a colonoscopia não dói, é feita com sedação e dura apenas alguns minutos”, garante.

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