Crime

Trotes de criminosos afastam polícia das atividades ostensivas

Faccionados, por meio de números privados, ligam para o celular de viaturas da corporação militar, afastando-as dos locais de ações ilegais

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Celulares de viaturas da  Polícia Militar têm sido alvo de trotes de criminosos para afastar guarnições de locais
Celulares de viaturas da Polícia Militar têm sido alvo de trotes de criminosos para afastar guarnições de locais (viatura PM)

São Luís - O trote é uma brincadeira mal-intencionada, mas é considerado um crime quando realizado a serviços de urgências, conforme o artigo nº 340 do Código Penal. Esse tipo de ação criminosa está sendo cometida por membros de facções, na Grande Ilha. De acordo com a polícia, faccionados estão passando trote para celulares de viaturas da corporação da Polícia Militar, com o objetivo de afastar as guarnições da rota, enquanto realizam empreitadas ilegais na Região Metropolitana de São Luís.

Desde o ano de 2013, o cidadão, além de contar com o número 190 do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), pode entrar em contato com a Polícia Militar, por meio do telefone celular da viatura do bairro onde reside. Mais de 100 viaturas fazem o policiamento ostensivo 24 horas em toda Grande Ilha e o contato do celular está estampado na traseira do veículo.

Apesar da maioria dos atendimentos realizados pelas viaturas serem provenientes do Ciops, há registros diárias de solicitação dos policiais por meio do telefone celular das viaturas. Este tipo de chamado tem uma média de três a quatro por dia, e a maior parte das ocorrências tem relação com violência doméstica.

Ação ilegal
Um dos atos ilegais que está ocorrendo com uma certa frequência é o caso de trote para o celular da viatura da corporação militar, principalmente durante o período da noite e nos fins de semana, com o intuito de afastarem as guarnições da sua rota de policiamento.

Segundo a polícia, na maioria das vezes, faccionados, por meio de um número privado de celular, entram em contato com a viatura, alegando uma ocorrência em determinada localidade. Quando os policiais chegam ao local informado, descobrem que foram vítimas de um trote, em seguida, ficam cientes que está ocorrendo um crime em uma outra parte da cidade, cometido por integrantes de facção criminosa, principalmente assaltos, tiroteios e homicídios.

Os policiais do interior do estado também estão sendo vítimas desse tipo de ato ilegal. A polícia já registrou caso em que integrantes de bando especializado de roubo a bancos passaram trote para os militares. Os criminosos ligaram para as guarnições, dizendo que a agência bancária de uma determinada cidade estava sendo assaltada, mas a ação criminosa ocorreu em um município vizinho.

O Estado entrou em contato com o Governo do Estado, para saber informações sobre as providências que estão sendo tomadas para evitar essa ação criminosa e a quantidade desse tipo de ocorrência, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

Conduzidos
Há dois anos, Kaline de Sousa Veloso, de 26 anos, foi apresentada na Delegacia do 1º Distrito Policial de Bacabal, de acordo com a polícia, suspeita de passar trotes para a polícia. Segundo a polícia, ela ligou para a polícia informando que havia três pessoas esfaqueadas em um bar, localizado no bairro Santos Dumont, naquela cidade.

Os militares foram até o local e ficaram sabendo, por meio de outras pessoas, que se tratava de um trote passado por Kaline, moradora da Rua 5, do bairro, e não seria a primeira vez que ela tinha cometido este ato ilegal. Na delegacia, ela negou a acusação, mas policiais constataram ligações que comprovaram o crime.

No último dia 30, um homem, de 34 anos, também foi preso acusado de passar trote para a polícia, na capital mineira. A polícia informou que o detido fez várias ligações de seu celular e de um telefone público, comunicando um homicídio. Várias viaturas foram enviadas para o local, mas quando os militares chegaram não havia nada.l

SAIBA MAIS

A Lei que impõe multa a quem fizer trote telefônico nos serviços públicos considerados essenciais ao Estado foi publicada no Diário Oficial da União em dezembro de 2012 e estabelece uma multa de R$ 500,00 por ligação identificada como trote. O assinante ou responsável pela linha telefônica ou celular é quem vai pagar a conta.

Em caso de reincidência, a multa será cobrada em dobro. A lei diz ainda que pagamento da multa não livra o infrator a responder à sanção por falsa comunicação de crime ou de contravenção, prevista no artigo 340 do Código Penal. Os órgãos de Segurança Pública do Estado estão se organizando para formar um banco de dados e chegar de forma mais rápida à identificação e ao endereço das pessoas que fazem esse tipo de ligação.

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