Retomada

Taxistas começam a ter melhora no trabalho depois do período crítico da pandemia

Meses de abril e maio foram os piores para a classe no estado; com reabertura do comércio e aquecimento da economia, situação começou a melhorar

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

[e-s001]São Luís – O Sindicato dos Taxistas e Caminhoneiros de São Luís (Sinditaxi), apontou um aumento crescente na sua receita durante os meses junho e julho, em comparação aos meses de início da paralisação das atividades – março, abril e maio, com a pandemia de coronavírus. A situação da classe voltou a se normalizar agora, no entanto, em alguns dos meses de isolamento social, o faturamento chegou a zero e muitos motoristas tiveram de deixar o trabalho, além daqueles que fazem parte do grupo de risco, cerca de 30% dos 10.111 taxistas sindicalizados. O sindicato perdeu 18 motoristas para a Covid-19.

O presidente do Sinditaxi, Renato Medeiros, descreveu a O Estado como foram esses quatro meses de pandemia. “Primeiro o mês de março, que foi um período difícil para nós, porque 30% da classe é de idosos e esses já ficaram em casa desde o início. O restante da classe – que trabalha em shoppings e supermercados – ficou trabalhando e está sobrevivendo desses serviços que são essenciais”, relatou.

Abril e maio foram os piores meses para quem trabalha como taxista, principalmente o mês de maio – quando houve o período de lockdown. Nesse intervalo de tempo, a receita da classe chegou a zero. “Todo mundo pagando prestação de carros, e sem conseguir um faturamento, muitos colegas perderam seus veículos, e outros conseguiram fazer renegociações”, ressaltou o presidente, Renato Medeiros.

Em junho e julho o sindicato afirmou que a situação melhorou. “A gente está vendo o funcionamento do comércio e da maioria dos órgãos já aberto, então, já estamos tendo uma renda melhor. Outra questão é a concorrência grande com os motoristas de aplicativo, que nunca se regulamentaram, e estão aí trabalhando no mercado conosco” afirmou.

Cooperativas
Italo Moraes, trabalha há 10 anos no ramo e também faz parte da diretoria de uma cooperativa de táxi em São Luís. Ele contou que a situação no começo da pandemia chegou a ser crítica, uma redução de 95% nas chamadas de clientes. “Na ocasião do lockdown, nós não estávamos conseguindo fazer nada, e agora com a volta parcial do comércio, conseguimos ter uma melhora de 50%. Gradativamente estamos voltando a ser como éramos antes, mas ainda temos muita dificuldade”, frisou.

Ele relatou que antes da pandemia a cooperativa havia conseguido se estabilizar e conviver com motoristas de aplicativo. “Quem é do táxi é do táxi, e quem é do aplicativo é do aplicativo. Mas, creio que com a questão da pandemia, muita gente vai correr para o lado deles, até mesmo por causa dos preços”, disse.

De 80 a 100 taxistas da cooperativa que Italo Moraes faz parte, apenas 10 continuaram circulando durante o lockdown e somente agora, com a reabertura das atividades, os taxistas estão retornando ao trabalho. Esse foi o caso de Nilton Rocha, há 13 anos na profissão, ele ficou três meses em casa, sobrevivendo com ajuda do auxílio emergencial do governo. “Fiquei preocupado com a contaminação da Covid-19, logo que perdemos um amigo taxista próximo”, contou. “Foi um período difícil. Gastei uma reserva – que era para troca do carro – e dei entrada no auxílio emergencial, mas infelizmente, até agora, só recebemos uma parcela”.

Mototaxistas
De acordo com o mototaxista Benedito Serra, que trabalha há 25 anos na área, a presença de motoristas de aplicativo não prejudicou muito o negócio. Ele disse que a concorrência maior é com os motoristas. “A gente trabalha mais com encomenda, ou quando alguém esquece alguma coisa e a gente vai buscar”. Porém, a pandemia afetou o faturamento, também chegando a zero em alguns meses e deixando alguns mototaxistas que fazem parte do grupo de risco em casa.

Benedito Serra, explicou que algumas pessoas estão deixando de usar o meio de transporte para evitar usar o capacete de segurança. “Se a pessoa estiver usando sua máscara não tem risco nenhum, e os capacetes são sempre higienizados a cada viagem”.

O presidente do Sindicato dos Mototaxistas de São Luís (Sindimoto-SL), Luís Gonçalo, frisou que a pandemia afetou todas as áreas, mas que agora voltou a melhorar. Segundo ele, o que tem começado a atrapalhar um pouco os mototaxistas, são os entregadores de aplicativo.

SAIBA MAIS

Ajuda

Segundo Renato Medeiros, presidente do Sinditaxi, no mês de abril e maio, o sindicato recebeu uma ajuda do governo do estado. Foram 4 mil cestas básicas distribuídas para a classe, e não só para a capital, mas também no interior do estado, além do recebimento de álcool 70% para higienização dos veículos.

Taxas

Os taxistas também ficaram isentados de pagar algumas taxas, como a de renovação do táxi. “Agradecer também ao governo do estado, já que ficamos isentos da taxa de licenciamento no Detran-MA, só pagamos o seguro obrigatório e outras taxas de transferência de veículo”, afirma Renato Medeiros.

Personagem da Notícia

[e-s001]Paulo Roberto, taxista há 17 anos

“Eu trabalho de táxi desde 2002, para mim é uma coisa de família. Meu avô e meu pai eram taxistas, os dois já faleceram, mas a gente precisa sobreviver, porque está no sangue e táxi é uma coisa que gosto muito, amo minha profissão. E desde que chegaram os aplicativos aqui na nossa cidade, os taxistas foram deixados de lado, até mesmo em decorrência do péssimo atendimento de alguns taxistas, além do fato de alguns imporem valor de corrida, isso prejudicou muito a nossa profissão. Antes da pandemia nós já perdemos cerca de 70% do nosso público e durante foi crítico. Na nossa cooperativa a gente oferece 30% de desconto, mas o povo ainda tem estado bem distante de querer um táxi”, lamenta.

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